Bras�lia – Investigada pela Pol�cia Federal como suspeita de ser uma das financiadoras do esquema de lavagem de dinheiro montado pelo doleiro Alberto Youssef, preso na opera��o Lava a Jato, a empresa Jaragu� Equipamentos Industriais Ltda., com matriz em Sorocaba (SP) e quatro filiais pelo pa�s, recebeu R$ 41,3 milh�es do governo federal nos �ltimos seis anos. Aproximadamente R$ 23,2 milh�es foram repassados diretamente pela Uni�o apenas em 2010, ano de elei��o presidencial.
Durante a campanha daquele ano, a empresa doou R$ 3 milh�es ao diret�rio nacional do Partido dos Trabalhadores (PT). Em 2011, repassou R$ 1 milh�o ao partido e, no ano seguinte, mais R$ 1 milh�o. O contrato firmado com o governo federal � referente � reconstru��o da plataforma de lan�amento do Ve�culo Lan�ador de Sat�lites (VLS), em Alc�ntara, no Maranh�o. Em 2009, a empresa em quest�o, l�der do cons�rcio vencedor da licita��o, recebeu R$ 5,2 milh�es dos cofres p�blicos; em 2011, R$ 5,9 milh�es; em 2012, R$ 1,1 milh�o; em 2013, R$ 1,2 milh�o e, neste ano, j� ganhou R$ 4,4 milh�es. Os R$ 41,3 milh�es n�o incluem repasses feitos por estatais, estados ou munic�pios.
Os pagamentos foram emitidos pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa p�blica ligada ao Minist�rio da Ci�ncia e Tecnologia. Por meio da assessoria de imprensa, a Finep confirmou os valores pagos � empresa e afirmou que o contrato seguiu os tr�mites legais de uma licita��o p�blica. Ressaltou que n�o h� liga��o alguma com as den�ncias de corrup��o na Petrobras.
A Jaragu� foi contratada pela Petrobras para a obra da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O jornal Folha de S.Paulo revelou que a empresa � uma das nove fornecedoras da estatal e depositou R$ 34,7 milh�es na conta da MO Consultoria.
A mesma empresa fez doa��es, em 2010, para os candidatos a deputado federal M�rio S�lvio Mendes Negromonte (PP-BA), Lindolfo Luiz dos Santos (PDT-SP), Pedro Henry Neto (PP-MT), Aline Lemos (PP-SP), Ant�nio Carlos Pannunzio (PSDB-SP), Jo�o Alberto Pizzolati J�nior (PP-SC), Luiz Fernando Ramos Faria (PP-MG), Roberto Pereira de Brito (PP-BA) e Roberto S�rgio Ribeiro (PP-PE).
Financiamento de campanha
A oposi��o acredita que as investiga��es da Opera��o Lava a Jato e de irregularidades na Petrobras podem revelar um novo esquema de financiamento de campanhas, mais sofisticado que o mensal�o, que se basearia no pagamento de comiss�es por empresas que fecham contratos com a Petrobras. Os pagamentos n�o seriam feitos por meio de transfer�ncias ilegais ou de caixa dois, mas sob a forma de doa��es oficiais a campanhas de candidatos e comit�s eleitorais de partidos, devidamente declaradas ao TSE. As doa��es podem advir de contratos superfaturados ou aditivos � realiza��o de obras, como as apontadas na CPI do Cachoeira envolvendo a Delta Engenharia. A Pol�cia Federal encontrou e-mails em que o dirigente de uma empreiteira cobra do doleiro Alberto Youssef recibos de doa��es.
A oposi��o investiga o caso, citando o aumento das obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco – o custo inicial de US$ 2 bilh�es saltou para R$ 18 bilh�es – e a nebulosa transa��o envolvendo a refinaria de Pasadena, no Texas, comprada, em 2005, pela empresa belga Astra Oil por US$ 42,5 milh�es e adquirida pela Petrobras por US$ 1,19 bilh�o.
Para o l�der do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), “h� uma conex�o estreita entre uma empresa p�blica loteada para diretores indicados politicamente, empresas fornecedoras de servi�os e doa��es de campanha. Tudo amarrado por um operador financeiro (o doleiro Alberto Youssef)”, enumerou Aloysio.
Integrantes da base do governo afirmam que o doleiro teria financiado campanhas tamb�m de opositores do Planalto.