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Estado de Minas

Gabrielli: Dilma n�o pode fugir � responsabilidade


postado em 20/04/2014 07:31 / atualizado em 20/04/2014 14:39

Salvador, 20 - Presidente da Petrobr�s � �poca da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, em 2006, Jos� Sergio Gabrielli admitiu em entrevista sua parcela de responsabilidade no pol�mico neg�cio, mas dividiu o �nus com a presidente Dilma Rousseff.

Segundo ele, o relat�rio entregue ao Conselho de Administra��o da estatal foi “omisso” ao esconder duas cl�usulas que constavam do contrato, mas Dilma, que era ministra da Casa Civil e presidia o conselho, “n�o pode fugir da responsabilidade dela”.

Gabrielli defende a compra da refinaria conforme as circunst�ncias da �poca e alfineta sua sucessora, Gra�a Foster, ao afirmar que a Petrobr�s n�o foi constru�da nos dois anos de gest�o da atual presidente da estatal. De acordo com ele, a queda do pre�o das a��es da estatal n�o se deve a Pasadena, mas � conjuntura externa, afetada pela crise financeira global de 2008, e � pol�tica do governo de manuten��o artificial dos pre�os da gasolina no Brasil abaixo do mercado internacional. Pol�tica que, segundo Gabrielli, est� contaminada pela disputa eleitoral.

O senhor se considera respons�vel pelo relat�rio entregue ao conselho administrativo da Petrobr�s antes da compra da refinaria de Pasadena?

Eu sou respons�vel. Eu era o presidente da empresa. N�o posso fugir da minha responsabilidade, do mesmo jeito que a presidente Dilma n�o pode fugir da responsabilidade dela, que era presidente do conselho. N�s somos respons�veis pelas nossas decis�es. Mas � leg�timo que ela tenha d�vidas.

O relat�rio � falho e omisso como disse a presidente Dilma?

Acho que n�o (foi falho). Ele foi omisso. Sem d�vida nenhuma foi omisso porque as duas cl�usulas mencionadas (Put Option, que obrigou a Petrobr�s a comprar a outra metade da refinaria, e Marlim, que compensaria a ent�o s�cia Astra por poss�veis preju�zos) n�o constavam da apresenta��o feita aos conselheiros.

O conselho teve acesso � totalidade dos documentos antes de aprovar a compra da refinaria?

N�o teve acesso a essas cl�usulas. Mas isso n�o � relevante, a meu ver, para a decis�o do conselho. O que � relevante � se o projeto � aderente tecnologicamente e estrategicamente ao que voc� faz e ter dado rentabilidade com os pressupostos daquele momento. Essas tr�s condi��es fariam a decis�o do neg�cio.

Se o Conselho de Administra��o da estatal soubesse dessas cl�usulas no primeiro momento teria aprovado a compra da refinaria?

Eu acho que teria aprovado porque o objetivo naquele primeiro momento era a possibilidade de ter um neg�cio nos Estados Unidos em uma refinaria que tinha pre�os adequados ao mercado. E poderia ser uma entrada forte nossa nos Estados Unidos, o mercado que mais crescia no mundo na �poca. Continuo achando que foi um bom neg�cio para a conjuntura de 2006, um mau neg�cio para a conjuntura de 2008 a 2011 e voltou a ser bom em 2013 e 2014.

O que mudou na Petrobr�s de Lula para Dilma?

N�o acho que houve mudan�a. � bom lembrar que sa� em fevereiro de 2012 e o acordo de Pasadena � de junho de 2012. Enquanto estive l�, a partir de 2008, s� fiz disputar judicialmente com a Astra. N�o fiz nenhum acordo com a Astra.

Ent�o a mudan�a foi de Gabrielli para Gra�a Foster?

Eu n�o disse isso. A gest�o da presidente Gra�a deu continuidade aos planos estrat�gicos desenvolvidos pela diretoria anterior. N�o vejo ruptura entre mim e Gra�a. � uma presid�ncia de continuidade.

Pelo menos em um ponto importante voc�s divergem. Gra�a diz que a compra de Pasadena foi um neg�cio ruim e o senhor diz que foi bom.

N�s n�o divergimos. Gra�a disse de forma expl�cita que hoje ela n�o faria o neg�cio mas que na �poca foi um bom neg�cio. Portanto n�s n�o temos diverg�ncia. Na �poca eu faria a mesma coisa. O neg�cio depois ficou ruim e hoje est� melhor outra vez.

Existe uma tentativa de responsabilizar a sua gest�o por um neg�cio que n�o deu o resultado esperado?

Cheguei na Petrobr�s e a empresa valia US$ 15 bilh�es. Comigo a Petrobr�s foi a US$ 350 bilh�es e quando eu sa� ela estava valendo US$ 180 bilh�es. Essa � a realidade no mercado. A empresa vinha num processo de esvaziamento, de quebra da unidade operacional, sendo fatiada. Havia v�rias iniciativas para vender as refinarias em peda�os. Sa�mos da situa��o de uma empresa acuada na �rea de g�s e energia para nos transformarmos no principal ator produzindo hoje um volume superior talvez � energia de Itaipu. Isso n�o se fez nos �ltimos dois anos.

As d�vidas sobre neg�cio de Pasadena s�o uma m�cula � sua gest�o?

N�o posso aceitar isso. Posso falar da minha gest�o em termos de resultados. Posso falar de uma empresa que saiu de ter duas sondas de perfura��o para ter 69, que saiu de 33 mil pessoas trabalhando para 85 mil, que foi nesse per�odo que se descobriu o pr�-sal e se atingiu a autossufici�ncia. Na minha gest�o a companhia teve os maiores lucros da hist�ria e realizou a maior capitaliza��o da hist�ria do mundo em termos de venda de a��es no mercado. N�o posso dizer que foi uma gest�o equivocada. Desafio quem quiser discutir sem xingamento a dizer que foi uma m� gest�o.

Qual sua opini�o sobre a declara��o da presidente Dilma de que estariam tentando atingir a Petrobr�s?

A oposi��o faz uma campanha irrespons�vel contra a Petrobr�s. A Petrobr�s � um patrim�nio nacional extremamente bem gerido, com uma compet�ncia instalada extraordin�ria. O ataque s� pode ser entendido por interesses eleitoreiros combinados com alguns interesses muito mais complicados.

Quais?

Interesses na �rea financeira de redu��o dos valores da Petrobr�s para poder viabilizar opera��es no mercado de a��es e amea�ar o papel hist�rico da empresa de desenvolver o pr�-sal brasileiro. Quando n�s mudamos o marco regulat�rio do pr�-sal em 2010 com a introdu��o da partilha de produ��o que altera as formas de apropriar o futuro e com isso vai viabilizar mais recursos para a educa��o brasileira, isso teve uma oposi��o muito grande. � quem hoje est� atacando a Petrobr�s. Quem hoje ataca a Petrobr�s tamb�m ataca o modelo da partilha e o conceito de que a companhia deve ser a operadora do pr�-sal.

Como o senhor explica a grande desvaloriza��o da empresa apesar da descoberta do pr�-sal?

Em dezembro de 2002 uma a��o da Petrobr�s em Nova York custava US$ 3,67. No dia 1.º de agosto de 2008 chegou a US$ 55,31 e hoje est� a US$ 13,50. Esse per�odo p�s 2008 deve ser explicado por dois fen�menos. Primeiro, pela crise financeira mundial que reduziu a demanda de petr�leo dos EUA. Segundo, pela queda do pre�o de petr�leo e do mercado de a��es. No Brasil tem um componente importante que est� penalizando as a��es da Petrobr�s que � o ajuste dos pre�os da gasolina e diesel no mercado nacional abaixo dos pre�os praticados no exterior.

O pre�o da gasolina no Brasil deve aumentar?

Deve aumentar. N�o precisa ser instantaneamente mas tem que haver um aumento gradual para permitir uma m�nima aproxima��o do pre�o dom�stico com o pre�o internacional. N�o h� como a Petrobr�s manter permanentemente uma diferen�a entre o pre�o dom�stico e o internacional. Tem que ter um processo de converg�ncia e no dia que acontecer isso as a��es da Petrobr�s voltam a crescer.

A pol�tica sobre os pre�os da gasolina tamb�m est� contaminada pelo debate eleitoral?

Claro. Acaba sendo afetada, influenciada.

Houve US$ 530 milh�es de baixas cont�beis da Petrobr�s por causa de Pasadena. Existe possibilidade de a companhia recuperar esses valores?

N�o sei os n�meros de hoje, mas a presidente Gra�a diz que o lucro � de US$ 58 milh�es em janeiro e fevereiro de 2014. Se multiplicar US$ 58 milh�es em 10 meses ela recupera os US$ 530 milh�es. � uma conta linear.

Existe algum conflito �tico na indica��o do seu primo Jos� Orlando para o cargo de presidente da Petrobr�s Am�rica?

O Z� Orlando entrou na Petrobr�s em 1978. Quando cheguei, em 2003, era conhecido como primo de Z� Orlando. N�o ele (conhecido como) meu primo. Quando a indica��o para presid�ncia da Petrobr�s Am�rica chegou, eu tinha as seguintes op��es: veto porque � meu primo ou aceito porque � a pessoa mais correta. A� resolvi comunicar � CVM (Comiss�o de Valores Mobili�rios) porque n�o � justo vet�-lo por ser meu primo. Enquanto ele esteve l� n�s s� fizemos disputa judicial. N�o teve nenhum pagamento � Astra. 


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