Um m�s antes do estouro da Opera��o Lava Jato, o laborat�rio Labogen - carro-chefe do esquema de lavagem de R$ 10 bilh�es, segundo a Pol�cia Federal -, divulgou an�ncio em jornais da regi�o de Indaiatuba, onde fica sua sede, informando o sumi�o de dez livros cont�beis da empresa.
A Lava Jato foi deflagrada na madrugada de 17 de mar�o. Os investigadores estranham o desaparecimento da papelada, que coincidiu com o avan�o da opera��o. Suspeitam que a ocorr�ncia pode ter sido forjada para tentar despistar que o verdadeiro controlador do laborat�rio � o doleiro Alberto Youssef.
A PF descobriu que Youssef tentou emplacar contrato milion�rio no Minist�rio da Sa�de, na gest�o do ent�o ministro Alexandre Padilha, no �mbito de Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDPs).
Em setembro de 2013, os investigadores interceptaram comunica��es que mostram como estava adiantada a negocia��o entre a organiza��o liderada por Youssef e a pasta.
No dia 9 daquele m�s, Raquel Damasceno Pinheiro, em nome do minist�rio, enviou e-mail para o administrador do Labogen, Leonardo Meirelles. "A pedido do dr. Eduardo Jorge Valadares Oliveira, diretor do Departamento do Complexo Industrial e Inova��o em Sa�de, encaminho para seu conhecimento c�pia do of�cio 237/13, emitido em 6 de setembro/2013.
O of�cio mencionado no e-mail era subscrito pela diretora substituta do Departamento do Complexo Industrial - �rg�o do Minist�rio da Sa�de -, Nadja Naira Valente Bisinoti, que solicitava um "agendamento de visita t�cnica na unidade fabril desta empresa em 20 de setembro de 2013, das 14h30 �s 17h30". O objetivo da inspe��o era "verificar a viabilidade do laborat�rio (Labogen) em atuar em PDPs".
A PF captou troca de e-mail entre Meirelles e um advogado da organiza��o logo ap�s a not�cia do agendamento da visita do Minist�rio da Sa�de. Para os investigadores, o conte�do dessas correspond�ncias confirma que o Labogem era fachada.
"Vamos todos pra l� a partir de quarta", afirmou Meirelles. O advogado respondeu. "Se precisar eu boto o capacete e o macac�o e caio pra dentro da obra tb. Retroceder nunca, render-se jamais."
O neg�cio, que acabou n�o sendo fechado, n�o seria executado pelo Labogen, mas por uma ind�stria farmac�utica de grande porte que fecharia parceria com o laborat�rio.
A PF n�o tem d�vidas de que o doleiro exercia o dom�nio do laborat�rio. Um investigador suspeita que o extravio dos livros cont�beis pode ser uma tentativa da organiza��o de Youssef em afastar a alega��o de que o Labogen � de fachada. "Eles querem arrumar um argumento para justificar que n�o s�o de fachada", avalia.