Bras�lia, 04 - O deputado licenciado Andr� Vargas (PR) atribui a "uma interpreta��o apressada" a suspeita de que o ex-ministro da Sa�de e pr�-candidato a governador de S�o Paulo, Alexandre Padilha, teria indicado um ex-assessor da pasta para trabalhar no Labogen, laborat�rio que, de acordo com a Pol�cia Federal (PF), centralizava o esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Youssef e desbaratado pela Opera��o Lava Jato em 17 de mar�o.
Durante as investiga��es, os policiais federais interceptaram uma mensagem de texto enviada por celular de Vargas para Youssef na qual o deputado afirma: "Foi Padilha que indicou", referindo-se a Marcus Cezar Ferreira de Moura, que j� havia trabalhado no Minist�rio da Sa�de, como assessor de eventos, por alguns meses no in�cio de 2011. Moura passou a trabalhar no laborat�rio meses depois.
O Labogen havia fechado uma parceria com o Minist�rio da Sa�de para fornecimento de rem�dios. Ap�s a opera��o da PF, o neg�cio foi desfeito. A pasta afirma que n�o realizou nenhum pagamento para o laborat�rio suspeito. Ap�s a revela��o do envolvimento de Vargas com o doleiro - viajou num jatinho de Youssef -, o deputado licenciado deixou o cargo de vice-presidente da C�mara. Quando o nome de Padilha apareceu, Vargas passou a ser pressionado pelo PT para renunciar ao mandato. Desfiliou-se do partido.
No fim de semana, Vargas negou que Padilha tenha feito a indica��o e citou a "interpreta��o apressada". Numa mensagem de texto, afirmou � reportagem: "N�o est� dito que o Padilha indicou para o Labogen. Interpreta��o apressada e fruto de vazamentos seletivos e parciais levou voc�s a 'manchetarem' contra o PT". O deputado federal j� havia negado envolvimento de Padilha na indica��o, ao Jornal Nacional, da Rede Globo de Televis�o, e ao jornal Folha de S.Paulo.
Apesar de dizer que a mensagem de texto enviada a Youssef foi mal interpretada, Vargas n�o quis dizer exatamente em qual contexto ele estava citando o ex-ministro da Sa�de. Padilha tamb�m nega que tenha indicado Moura para o Labogen. O ex-ministro interpelou Vargas judicialmente para que ele confirme ou negue o conte�do das mensagens trocadas com o doleiro, que est� preso desde mar�o sob acusa��o de comandar o esquema de lavagem de dinheiro que envolve o laborat�rio. � a partir dessa interpela��o que Padilha espera obter muni��o pol�tica para tentar afastar o pr�prio nome do esquema comandado por Youssef.
O ex-ministro foi citado numa outra conversa, esta do pr�prio doleiro. Nela, Youssef insinua ter influ�ncia sobre o pr�-candidato do PT ao governo paulista. Por causa desse di�logo, Padilha afirmou que tamb�m vai interpelar Youssef. Vargas agora responde a um processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de �tica da C�mara. Pode, com isso, perder o mandato. A admissibilidade do processo foi aceita na semana passada, quando foi aberto um prazo de dez dias para que ele apresente a defesa. O relator do caso � o deputado J�lio Delgado (PSB-MG). Isolado, Vargas n�o quis responder se pretende reassumir o cargo na C�mara a fim de fazer pessoalmente a defesa.