S�o Paulo - Em encontro sobre liberdade de informa��o, em Bras�lia, as investidas de l�deres do PT contra a imprensa foram repudiadas. Profissionais do setor, estudantes e juristas discutiram nessa ter�a-feira, durante o 6.º F�rum Liberdade de Imprensa e Democracia, os desafios e as press�es pol�ticas na cobertura das elei��es deste ano.
Nas �ltimas semanas, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, o presidente do PT, Rui Falc�o, e o ex-ministro Franklin Martins (Comunica��o Social) focaram seus discursos contra ve�culos de comunica��o. Documento elaborado por Falc�o sobre a campanha eleitoral classificou a imprensa como "m�dia monopolizada, que funciona como verdadeiro partido de oposi��o".
Ricardo Gandour avaliou que a estrat�gia dos "l�deres influentes" desconsidera uma atividade profissional que tem por caracter�stica mostrar o que est� oculto e incomodar quem est� no poder. "N�o existe jornalismo que n�o incomoda", ressaltou. "Agora, jogar o inc�modo natural que o jornalismo provoca, transladado para o conceito de oposi��o, acoplado � palavra ‘partido’, � uma injusti�a contra a imprensa", completou. "Todos n�s precisamos de uma imprensa livre."
No evento organizado pela Revista Imprensa, no audit�rio do Museu da Imprensa Oficial, Eliane Cantanh�de, colunista da Folha de S.Paulo, disse que a investida de Lula contra a imprensa se agrava pela for�a da "figura" pol�tica do ex-presidente. Ela observou que a rela��o entre jornalistas e o PT era muito pr�xima quando o partido estava na oposi��o no �mbito federal. "� muito grave quando um l�der com a influ�ncia e a visibilidade do ex-presidente Lula mantenha o mantra de que a imprensa persegue o bem", afirmou. "A imprensa � um fator importante para a democracia de qualquer parte do mundo", completou. "O PT e o Lula incitam manifesta��es contra n�s. O ex-presidente est� fazendo um grande mal � democracia."
Em tom de desabafo, Denise Rothenburg, colunista do jornal Correio Braziliense que acompanha o cotidiano pol�tico de Bras�lia, reclamou do clima gerado contra a imprensa. "Ningu�m aguenta mais a acusa��o de que fazer uma mat�ria cr�tica � um golpe", disse. "O que falta � equil�brio." A jornalista Cristina Serra, da TV Globo, disse que a sociedade brasileira vive um clima de litig�ncia e os jornalistas enfrentam press�es da pol�tica e do Judici�rio. Cristina disse ainda acreditar "no papel de media��o do jornalista".
Ricardo Gandour observou que o jornalismo brasileiro fiscaliza os poderes municipal, estadual e federal. Ele afirmou que � natural que o governo central seja mais exposto � fiscaliza��o. "A hist�ria est� a� mostrando que todos os atores pol�ticos s�o sujeitos e pacientes da imprensa, que amadure e melhora com a liberdade de informa��o", disse.
O jornalista destacou que a "cuidadosa" estrat�gia dos pol�ticos de atacar a imprensa aproveita o desconhecimento das novas gera��es e dos novos p�blicos das redes sociais em rela��o aos g�neros jornal�sticos. Ele observou que antes se diferenciava mais um texto editorial, opinativo e informativo. "Eles distorcem conceitos essenciais da imprensa num momento em que a gente pode estar correndo o risco de deseduca��o midi�tica na altern�ncia de gera��es", afirmou. "H� um reducionismo e uma simplifica��o que ajuda a jogar a opini�o p�blica e a sociedade contra a imprensa."
Avaliou ainda que os ve�culos de comunica��o j� passaram, nos �ltimos tempos, por riscos provocados pela mudan�a de plataforma, como a fragmenta��o da publicidade e a transi��o do impresso para novas m�dias. Resta, na an�lise de Gandour, o "perigo" das investidas dos pol�ticos contra o trabalho dos rep�rteres e empresas de comunica��o.