Parentes de v�timas de viol�ncia policial querem comiss�o da verdade para desaparecidos

Parentes de pessoas que est�o desaparecidas em consequ�ncia de viol�ncia policial v�o encaminhar na semana que vem � presidenta Dilma Rousseff um pedido para a cria��o da Comiss�o da Verdade de Desaparecidos da Democracia. Uma das fam�lias � da engenheira Patr�cia Amieiro, vista pela �ltima vez h� seis anos ap�s a abordagem de policiais militares, na sa�da do T�nel do Jo�, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.

“J� que existe a Comiss�o da Verdade da ditadura, acho que nada mais justo do que a gente ter a Comiss�o da Verdade sobre os desaparecimentos da Democracia, s�o milhares pelo Brasil a fora”, analisou em entrevista � Ag�ncia Brasil, Adryano Amieiro, irm�o de Patr�cia. Al�m de investigar crimes cometidos durante o regime militar, a Comiss�o Nacional da Verdade ainda estende as apura��es aos abusos contra direitos humanos ocorridos desde 1946.

Ele disse que o pedido ter� o apoio de Jovita Belford, que teve a filha Priscila desaparecida em 2004 ap�s um sequestro, e de T�nia Lopes, irm� do jornalista Tim Lopes, morto em 2002 por traficantes do Complexo do Alem�o. Al�m disso, o pedido ser� divulgado no site www.meurio.com.br, para receber assinaturas de quem deseja apoiar a cria��o da Comiss�o da Verdade de Desaparecidos da Democracia.

“Os desaparecimentos, na maioria, s�o de pessoas mortas que policiais ocultam o corpo. Eles usam o artif�cio porque acham que, se n�o tem corpo, n�o tem crime. � uma verdade que n�o � mais utilizada hoje em dia, mas eles costumam fazer isso diariamente. Dos 38. 614 desaparecimentos que ocorreram de 2007 at� 2014, quantos n�o foram desaparecimentos for�ados? O governo n�o quer investigar a fundo, porque, se n�o, os n�meros das estat�sticas de viol�ncia de morte v�o aumentar o triplo. Ent�o, para ele � muito c�modo n�o fazer esta investiga��o”, completou.

Adryano participou hoje, com outros parentes de Patr�cia, de um ato ecum�nico no jardim criado com o nome dela e mantido pela fam�lia no local onde a engenheira foi vista pela �ltima vez. O objetivo foi pedir mais agilidade da Justi�a no julgamento e condena��o, em j�ri popular, dos quatro policiais acusados do crime de desaparecimento. Eles querem que o prefeito do Rio, Eduardo Paes oficialize o jardim, que no m�s passado foi destru�do por pessoas n�o identificadas.

“A gente ainda tem esperan�a de que os policiais falem onde colocaram a minha irm� e entreguem a ossada para, pelo menos, a gente fazer um enterro digno e fechar um ciclo. Caso contr�rio, a gente faz um enterro simb�lico, ainda sem data marcada”, disse.

Os policiais Marcos Paulo Nogueira Maranh�o e Willian Luiz do Nascimento, do 31º Batalh�o de Pol�cia Militar, localizado no Recreio, zona oeste da cidade, respondem por tentativa de homic�dio e por altera��o do local do crime. Os soldados F�bio Silveira Santana e M�rcio Oliveira Santos, por ocultarem as provas e o corpo de Patr�cia.