Bras�lia – Em depoimento ontem � Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) da Petrobras no Senado, boicotada pela oposi��o, o ex-presidente da estatal Jos� S�rgio Gabrielli mudou o tom do discurso e isentou a presidente Dilma Rousseff da responsabilidade pelos preju�zos causados � empresa pela compra da Refinaria de Pasadena, no Texas. Diante exclusivamente de senadores da base, ele afirmou que os neg�cios na Petrobras s�o decididos coletivamente.
Em abril, Gabrielli havia dito, ao jornal O Estado de S.Paulo, que Dilma n�o poderia “fugir da responsabilidade dela” na compra de Pasadena. A afirma��o foi uma resposta � declara��o da presidente de que se baseou em um documento “falho” ao votar pela aprova��o do neg�cio, quando era presidente do Conselho de Administra��o, em 2006.
Em clima descontra�do, com espa�o at� para piadinhas, o depoimento de Gabrielli acabou servindo de ensaio do discurso articulado pelo governo para a CPI Mista da Petrobras, que deve ser instalada hoje, com senadores e deputados. A oposi��o pretende convoc�-lo novamente para falar sobre o caso. O mesmo deve ocorrer com Nestor Cerver�, autor do documento que baseou a compra da refinaria em 2006, que fala amanh� na CPI do Senado.
Ainda no depoimento, Gabrielli defendeu a compra da unidade de Pasadena. “Era bom quando foi adquirido. (...) Em 2008, se torna mau neg�cio, porque reflete a crise financeira no mundo. (...) A partir de 2013, volta a ser bom neg�cio. Em 2014, ela � lucrativa”, assegurou, ao falar da aquisi��o que custou aos cofres da Petrobras um preju�zo de US$ 530 milh�es. E atacou a oposi��o, ausente da Comiss�o: “Essa empresa, com esse potencial, n�o pode ser considerada em crise. N�o pode ser considerada empresa que est� mal gerida. Nem que est� � beira da fal�ncia. Isso � campanha de oposi��o. Isso � luta pol�tica”, criticou ele.
Em menos de uma hora, incluindo a exposi��o inicial de 20 minutos, Gabrielli respondeu as primeiras 76 perguntas feitas pelo relator Jos� Pimentel (PT-CE). No total, foram cerca de 200 quest�es em aproximadamente 3h15 de oitiva. O �nico integrante da oposi��o – indicado pelo presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL) – disse que se negou a participar da “farsa governista” na CPI porque o plano de trabalho e as perguntas foram previamente acertadas com Gabrielli. “Foi um acerto entre amigos. Eles que fa�am o que quiserem nesta CPI. Preferimos participar da CPI mista porque l� somos sete vozes, al�m dos dissidentes da base, e teremos realmente condi��es de investigar as den�ncias contra a Petrobras”, disse o senador Cyro Miranda (PSDB-GO).
Integrantes da CPI e o pr�prio Gabrielli n�o concordaram com a avalia��o de que a sess�o tenha sido t�o camarada assim com o depoente. O presidente da comiss�o, senador Vital do R�go (PMDB-PB), por exemplo, destacou o n�mero de perguntas feitas a Gabrielli. Ap�s a sess�o, interpelado por jornalistas se a CPI tinha sido chapa branca, Gabrielli foi na mesma dire��o: “N�o. S�o 200 perguntas”. Questionado se os colegas tinham sido amig�veis com o executivo, o relator Jos� Pimentel disse: “A agressividade � t�pica de uma ditadura. No Estado Democr�tico de Direito, voc� formula pergunta e ao mesmo tempo subsidia com um conjunto de documentos que n�s j� requeremos”.
Num ambiente favor�vel – ele se negou a depor na Comiss�o de Fiscaliza��o e Controle da C�mara na semana passada –, Gabrielli estava descontra�do e sorridente. Coube ao senador An�bal Diniz (PT-AC) levantar a bola para que ele acusasse a oposi��o de estar atacando a Petrobras para atender a especuladores. Esse tem sido um discurso recorrente entre os petistas. “A quem interessa reduzir o valor da Petrobras?”, perguntou Diniz. “Eu diria, primeiro, que os especuladores adoram a oscila��o das a��es da Petrobras. � um volume enorme, com uma varia��o extraordin�ria”, respondeu Gabrielli. (Com ag�ncias)