Bras�lia - A CPI mista da Petrobras, cuja primeira reuni�o deve ser realizada nesta quarta-feira no Congresso, tem potencial para se transformar num problema para o governo e para o projeto reeleitoral da presidente Dilma Rousseff. Dos 32 integrantes da comiss�o que reunir� deputados e senadores, 13 s�o da oposi��o ou integram a ala de aliados rebeldes, que n�o se alinham automaticamente ao Planalto.
Entre os rebelados que v�o integrar a CPI mista est�o deputados que ainda negociam palanques em seus Estados - ou seja, t�m interesse em pressionar o governo. Tamb�m h� deputados que j� embarcaram em alian�as locais com siglas de oposi��o e v�o dar palanque e apoio ao pr�-candidato do PSDB � Presid�ncia, senador A�cio Neves.
� o caso do l�der do PMDB na C�mara, Eduardo Cunha (RJ), e do correligion�rio L�cio Vieira Lima (BA), bem como dos deputados Bernardo Santana (PR-MG), Arnaldo Faria de S� (PTB-SP) e Enio Bacci (PDT-RS).
A soma desses parlamentares com os oito integrantes da oposi��o deixa o governo em situa��o de risco e coloca em xeque o controle da CPI mista pelo governo, que conta com 19 integrantes fi�is. Apesar de os opositores e os rebelados n�o serem maioria, qualquer cochilo da tropa de choque do Planalto poder� se transformar num transtorno para Dilma.
Convoca��es e quebras de sigilos indesejadas poder�o ser aprovadas na comiss�o.
Esse � um dos principais motivos pelo qual ontem o ministro Ricardo Berzoini (Rela��es Institucionais) se reuniu com deputados no Planalto para pedir que a CPI mista dos metr�s, articulada pelo governo para atacar a oposi��o e servir de contrapeso aos eventuais ataques sofridos na seara da Petrobras, seja instalada o mais r�pido poss�vel.
A previs�o � de que todos os nomes estejam j� indicados na semana que vem.
O l�der do PT no Senado, Humberto Costa (PE), admite o temor de que instabilidades regionais influenciem aliados a virarem as costas aos interesses do governo. "� �bvio que estamos preocupados com isso tamb�m. Pode haver algum tipo de repercuss�o", disse o petista, segundo quem as estrat�gias para driblar as altera��es de �nimo ainda est�o sendo estudadas.
O pedetista Enio Bacci, cujo partido vai lan�ar Vieira da Cunha ao governo do Rio Grande do Sul contra o petista Tarso Genro, diz ter certeza da influ�ncia dos palanques regionais na CPI. "Tanto o parlamentar que tem interesses nos Estados pode tentar pressionar o governo quanto o pr�prio governo pode condicionar apoio no Estado a uma postura mais pac�fica. Quem conhece pol�tica sabe que � uma pr�tica n�o aceit�vel, mas comum."
Cear�
A avalia��o � seguida pelo l�der do PMDB no Senado, Eun�cio Oliveira (CE). "Tudo na vida influencia. Se nem a situa��o de quem escolhe est� definida, imagina de quem � indicado", afirmou o senador. Eun�cio � pr�-candidato ao governo do Cear�. Ele recebeu sinaliza��o do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva sobre o apoio do PT, mas precisa lidar com a resist�ncia dos irm�os Cid e Ciro Gomes (PROS) em embarcar na sua chapa - em gratid�o ao desembarque da dupla do PSB do presidenci�vel Eduardo Campos, Dilma insiste em manter o acordo firmado com os Gomes e apoiar o candidato deles.
Nos bastidores, aliados do governo citam como o mais claro exemplo de preocupa��o as recentes movimenta��es de Lula, que esteve com Eun�cio recentemente a afim de acalm�-lo.
A primeira reuni�o hoje deve confirmar o senador Vital do R�go (PMDB-PB), que j� comanda a esvaziada CPI do Senado, na presid�ncia da CPI mista. O deputado petista Marco Maia (RS) deve ser o relator da nova comiss�o de inqu�rito.