
Descartada a possibilidade de disputar um cargo p�blico em outubro, qual ser� o papel do ministro Joaquim Barbosa nestas elei��es? Esse ainda � um mist�rio nos corredores de Bras�lia, e as especula��es v�o desde o apoio oficial a um dos candidatos a presidente da Rep�blica – A�cio Neves (PSDB), Dilma Rousseff (PT) ou Eduardo Campos (PSB) – ao simples desaparecimento da vida p�blica. Certo � que cientistas pol�ticos ouvidos pelo Estado de Minas s�o un�nimes em rela��o ao capital pol�tico trazido por um homem que se tornou o s�mbolo do combate � corrup��o – em raz�o da sua atua��o no julgamento do mensal�o –, mas divergem sobre qual deve ser o caminho do magistrado assim que aposentar a toga.
Para o cientista pol�tico e diretor-geral do Centro de Pesquisas e An�lises de Comunica��o (Cepac), Rubens Figueiredo, o apoio de Barbosa seria como “ouro em p�” para qualquer candidato a cargo p�blico. “Ele representa a lei sendo cumprida, seja para o rico ou para o pobre. Voc� n�o tem no Brasil algu�m que simbolize a honestidade como ele”, completa. A d�vida, no entanto, � sobre quais seriam os reflexos de uma atua��o pol�tica mais efetiva para a pr�pria imagem de Barbosa, ressalta o professor de ci�ncia pol�tica da Funda��o Getulio Vargas, em S�o Paulo, Cl�udio Couto.
Na avalia��o do professor, dependendo da escolha de Barbosa, ela poder� trazer interpreta��es negativas para ele. Em uma hip�tese de apoio a Dilma Rousseff, o eleitor poderia entrar em “curto-circuito”, j� que, como relator do processo do mensal�o, foi veemente na condena��o dos envolvidos e na tese de que petistas e seus aliados protagonizaram o maior esc�ndalo de corrup��o da hist�ria do pa�s. Se migrar para o PSDB de A�cio Neves, poder� ser interpretado como algu�m que julgou o processo politicamente, j� que teria inclina��o para a oposi��o. Ao lado de Eduardo Campos, que n�o simboliza situa��o, nem � t�o oposi��o quanto os tucanos, talvez o estrago seria menor.
“A posi��o mais consistente seria admitir a independ�ncia e n�o participar efetivamente da campanha, at� para n�o perder seu prest�gio”, acredita Cl�udio Couto. Opini�o semelhante tem o cientista pol�tico Rud� Ricci, para quem Joaquim Barbosa dificilmente estar� na linha de frente nestas elei��es. “A impress�o que ele passa � de algu�m que tem um ponto em comum com manifestantes em rela��o ao esgotamento e ressentimento com o desempenho dos pol�ticos. Se ele se posicionar para algum candidato, ser� um risco muito alto em rela��o a um futuro pol�tico dele”, ressaltou.
Joaquim Barbosa tem 59 anos e poderia ser um forte candidato em futuras elei��es, a julgar as pesquisas de inten��o de votos feitas em junho do ano passado, no auge das manifesta��es contra a Copa das Confedera��es – sediada em algumas das capitais onde ser�o realizados os jogos da Copa do Mundo. Entre aqueles que sa�ram �s ruas em Belo Horizonte, por exemplo, pesquisas apontaram que o ministro do STF receberia 26,4% dos votos, seguido de longe pela ex-senadora Marina Silva (18,6%), pela presidente Dilma (14,2%) e pelo senador A�cio Neves (6,6%). Poucos meses depois, levantamento nacional apontou Dilma na dianteira, mas Barbosa manteve boa vota��o, entre 14% e 16% das inten��es de votos. Em S�o Paulo, a disputa com a presidente mostrou-se empatada: 41% a 40% para a petista.
Biografia
A aposentadoria de Barbosa foi assunto ontem entre os pr�-candidatos. O senador tucano A�cio Neves (MG) lamentou a decis�o do ministro. “� um homem que o Brasil aprendeu a respeitar. �ntegro, honrado e que fez muito bem para a Justi�a brasileira”, afirmou, durante visita ao arcebispo de Aparecida (SP), dom Raimundo Damasceno, que � presidente da Confer�ncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O tucano se reuniu com dom Damasceno por cerca de meia hora e depois visitou, ao lado do arcebispo, a Bas�lica de Aparecida. No local, ficou de joelhos por alguns minutos diante da imagem da padroeira do Brasil e disse ter se emocionado com a visita. “Estive aqui com o meu av� (Tancredo Neves), em 1984”, justificou.
O ex-governador de Pernambuco e candidato do PSB � Presid�ncia da Rep�blica, Eduardo Campos, disse que todo partido pol�tico gostaria de ter o ministro nos seus quadros – deixando em aberto um convite para que possa integrar a legenda – e desejou boa sorte a ele na nova etapa “como cidad�o”. “Se o ministro pensar em se filiar a algum partido, amigos poder�o fazer uma aproxima��o dele com o PSB”, afirmou Campos, que participou de uma agenda pol�tica em Franca (SP). “Tenho certeza que todos os partidos pol�ticos do Brasil que prezam a Justi�a, que prezam a democracia, gostariam de ter em suas fileiras um brasileiro com a honestidade, a vida e a biografia dele”, disse o pr�-candidato.