Porto Alegre, 05 - O ex-presidente da Rep�blica Luiz In�cio Lula da Silva disse nesta quinta-feira, 5, que, ao se aproximar o fim do mandato da presidente Dilma Rousseff, � poss�vel afirmar que os dois conseguiram manter uma coes�o nos �ltimos quatro anos. "Eu e Dilma ficamos juntos sem que houvesse diverg�ncias, por mais que tenham tentado (que houvesse)", afirmou durante palestra na capital ga�cha.
Segundo Lula, um ex-presidente tem que se comportar melhor do que um vaso chin�s, e n�o pode ser t�o grande a ponto de incomodar aquele que o sucede. "Eu tomei uma decis�o de que um ex-presidente, se n�o puder contribuir, tamb�m n�o deve atrapalhar quem n�o est� governando", explicou, acrescentando que, na condi��o de ex-presidente, s� se deve dar conselhos "quando solicitado".
Durante o seu discurso na capital ga�cha, que durou uma hora e meia, Lula exaltou as conquistas sociais do PT no governo federal e criticou aqueles que n�o reconhecem os avan�os do Brasil nos �ltimos anos. "Quando ou�o que algu�m fala que n�o est� vindo investimento para o Brasil, que est� faltando confian�a para o mercado, penso com que base algu�m fala uma canalhice dessas", disse.
Segundo ele, no ano passado o Brasil recebeu US$ 64 bilh�es em investimento estrangeiro direto, atr�s apenas de pa�ses como China, R�ssia e Estados Unidos. De acordo com Lula, o problema � que o Brasil cresceu e virou um "ator global", o que incomoda a "concorr�ncia". "Precisamos viajar para falar bem do Brasil, j� disse isso para (a presidente) Dilma e para o (ministro da Fazenda) Guido Mantega."
Lula tamb�m afirmou que a crise internacional afetou o Brasil e diminuiu os fluxos comerciais, entre outros motivos, porque o Pa�s ainda sofre de um complexo de inferioridade. "O Brasil n�o sabe agir como pa�s grande. N�o nos comportamos como pa�s doador, n�o sim como pa�s receptor", disse. [
'Pa�s vibrou com a Copa'
Lula voltou a defender a realiza��o da Copa do Mundo no Brasil e negou que haja corrup��o na realiza��o das obras, em evento na capital ga�cha. "Voc� pode perguntar para o ministro Valmir Campelo, do Tribunal de Contas da Uni�o, para saber se h� corrup��o nas obras", disse. "Pode perguntar para o Jorge Hage tamb�m, ministro da Controladoria Geral da Uni�o."
Lula tamb�m disse que as pessoas que hoje est�o contra a Copa do Mundo e a Olimp�ada s�o as mesmas que vibraram quando o Pa�s conquistou o direito de sediar o Mundial. "Dizem que se n�o houver metr� dentro do est�dio n�o ser� legal. Tudo � comparado com a Copa da Alemanha", falou.
Ele afirmou que o Brasil far� uma Copa extraordin�ria, com os "melhores" est�dios, e ponderou que as pessoas se equivocam ao perguntar constantemente quanto o evento vai render para o Pa�s e deixam de valorizar outras quest�es. "A Copa do Mundo n�o � s� quanto vai render, � um encontro de civiliza��es. � hora de mostrar quem a gente �", revelou.
Lula disse ainda que o Pa�s tem problemas na �rea de sa�de e educa��o que n�o ser�o resolvidos mesmo se n�o houver o torneio. "Eu pelo menos vou ver o jogo, sentado na minha casa, e vou torcer para o Brasil ganhar, ser campe�o do mundo. Depois a gente volta a fazer passeata para o Brasil melhorar. N�o vamos misturar."
O ex-presidente reconheceu que faltou construir uma narrativa que mostrasse � popula��o o quanto a Copa e a Olimp�ada s�o importantes para o Pa�s. "Os governadores e prefeitos n�o fizeram isso", mencionou.
"Deixe as pessoas falarem. O que n�s temos que garantir � o direito de protestar, mas que quem quiser ver o jogo tamb�m veja", revelou. "Vamos ensinar os gringos a beber chimarr�o. � para isso que serve (o evento). � a primeira vez que podemos mostrar o Brasil na sua plenitude."
Em outro momento do discurso, durante palestra em Porto Alegre, ele disse que n�o teme que o Pa�s tenha um retrocesso, ap�s as elei��es. "Teremos elei��o, os candidatos podem prometer o que quiser, mas a gente sabe que esse Pa�s n�o pode voltar atr�s", afirmou.