Ap�s os xingamentos dirigidos � presidente Dilma Rousseff na abertura da Copa do Mundo e as declara��es do tucano A�cio Neves segundo as quais "um tsunami vai varrer" o PT do governo, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva comparou ontem a elei��o de 2014 com a de 2002, e afirmou que, se 12 anos atr�s o partido teve de "fazer uma campanha para a esperan�a vencer o medo", agora ter� de fazer "uma campanha para a esperan�a vencer o �dio".
A frase foi usada tamb�m por outros l�deres petistas durante a conven��o que lan�ou o ex-ministro da Sa�de Alexandre Padilha ao governo do Estado de S�o Paulo, em evento realizado no gin�sio do Canind�, na zona norte paulistana. Ela sintetiza t�tica de tirar o PT da defensiva num momento em que a avalia��o do governo da presidente est� em queda e a chance de 2.º turno, com o crescimento dos candidatos de oposi��o, aumenta.
Lula e outros petistas tamb�m recorreram � met�fora do tsunami, usada inicialmente pelo candidato tucano ao Pal�cio do Planalto anteontem, durante a conven��o que o lan�ou � Presid�ncia, para atacar a crise de abastecimento de �gua no Estado de S�o Paulo e fustigar a gest�o tucana do governador Geraldo Alckmin.
Ausente na conven��o sob justificativa de estar gripada, Dilma gravou um v�deo de apoio � candidatura de Padilha no qual elencou melhorias na qualidade de vida do brasileiro promovida pelas gest�es petistas, como aumento da renda e do emprego, e afirmou que elas s�o as causadoras dos xingamentos. "� um pa�s em que mulheres, negros, jovens e crian�as, a maioria mais pobre, passaram a ter direitos que sempre foram negados. � isso que vaiam e xingam. � isso que n�o suportam", afirmou.
Os discursos de ontem radicalizam a linha j� adotada um dia ap�s o jogo de quinta-feira, no qual Dilma foi hostilizada. A ideia � refor�ar uma percep��o explorada em elei��es anteriores segundo a qual o PT defende os mais pobres e os advers�rios, os ricos.
Decreto
A presidente usou o decreto 8243, que regulamenta a pol�tica nacional de participa��o social, nesse mesmo contexto. Ela afirmou que os cr�ticos defendem "uma democracia sem povo". O decreto, que orienta todos �rg�os federais a terem conselhos populares para consultas � sociedade civil sobre pol�ticas p�blicas, � criticado por partidos de oposi��o, que amea�am derrub�-lo no Congresso.
"Alguns conselhos j� existem desde 1937. Funcionam e prestam bons servi�os, trazendo sugest�es para as pol�ticas de governo. N�o substituem o Congresso e nem judici�rio, mas s�o essenciais para ampliar a democracia no Pa�s. Para n�s do PT, quanto mais participa��o popular, quanto mais democracia, melhor para o Brasil. A democracia que eles (os advers�rios) defendem n�o tem povo. N�s governamos pelo povo e para o povo”.
'Essa ra�a'
Durante o seu discurso, Lula chegou a comparar a met�fora do tsunami feita por A�cio a uma declara��o dada em 2005 pelo ex-senador Jorge Bornhausen, ent�o presidente do extinto PFL - hoje DEM -, que afirmou, durante a crise do mensal�o, em refer�ncia ao PT, que o Pa�s se veria "livre dessa ra�a por pelo menos 30 anos".
"Na conven��o do PSDB eles repetiram quilo que o Bornhausen falou em 2005 quando come�ou o processo da CPI do mensal�o. Precisamos acabar com essa ra�a. E n�s n�o acabamos, quem acabou foi o PFL".
Lula voltou a cr�ticar a imprensa, a quem acusou de "manipula��o" e afirmou que "qualquer jornalista, para ganhar credibilidade para esculhambar o PT come�a a dizer ‘eu n�o sou pol�tico’, mas na testa dele tem um carimbo de tucano".