
Bras�lia – A 20 dias do in�cio da corrida eleitoral – a legisla��o prev� que a campanha oficial s� pode ser feita a partir de 5 de julho – os ataques m�tuos entre os postulantes ao Pal�cio do Planalto aumentaram de tom, especialmente ap�s o primeiro fim de semana de conven��es partid�rias. Pr�-candidato do PSDB, A�cio Neves (MG) afirmou que deseja “varrer o PT do governo”, em ato da legenda no s�bado. No domingo, o ex-presidente Lula lan�ou o petista Alexandre Padilha ao governo paulista, ressuscitou a den�ncia de compra de votos para aprova��o da emenda da reelei��o de Fernando Henrique e disse: "Se em 2002 fizemos campanha para a esperan�a vencer o medo, agora vamos fazer a campanha para a esperan�a vencer o �dio”. E Eduardo Campos (PSB), que o governo � comandado por “um bocado de raposas que j� roubou o que tinha que roubar, que j� tomou o que tinha que tomar e que n�o vai dar ao Brasil nada de novo”.
O tom de animosidades rec�procas, que atingiu o �pice no fim de semana, n�o � um fen�meno atual. Em diversos momentos de campanhas presidenciais recentes, o espa�o destinado � discuss�o de temas importantes para o pa�s do ponto de vista econ�mico, social ou pol�tico foi ocupado por ataques pessoais entre os candidatos, empobrecendo o debate, lembram analistas. O que chama a aten��o no embate de agora � a intensidade em uma fase em que as aten��es do eleitorado est�o concentradas na Copa do Mundo, n�o na disputa eleitoral. Ainda no ano passado, a presidente Dilma Rousseff afirmou que “faria o diabo para se reeleger”, em uma frase enxergada pela oposi��o como um salvo-conduto para os petistas atacarem duramente os advers�rios na disputa eleitoral deste ano.

Nessa segunda-feira, por interm�dio de uma rede social, o ex-presidente Fernando Henrique criticou Lula por ter partido para o ataque durante a conven��o do PT paulista. “Lamento que o ex-presidente Lula tenha levado a campanha eleitoral para n�veis t�o baixos. Na conven��o do PSDB, n�o acusei ningu�m. Disse que queria ver os corruptos longe de n�s. N�o era preciso vestir a carapu�a”, devolveu. “A acusa��o de compra de votos na emenda da reelei��o n�o se sustenta. Ningu�m teve coragem de levar essa falsidade � Justi�a”, acrescentou FHC.
Nota tucana
No in�cio da noite, a executiva nacional do PSDB contestou outra afirma��o de Lula, que disse, tamb�m no domingo, que as pessoas que xingaram a presidente Dilma Rousseff no est�dio s�o “pessoas que n�o t�m calo na m�o e t�m cara de tudo, menos de trabalhadores”. Ela foi atacada duramente, com palavras de baixo cal�o na abertura da Copa do Mundo, em S�o Paulo.
Para os tucanos, a perspectiva de perder o poder est� levando o PT a aumentar a agressividade e intoler�ncia do discurso. “Tentam atribuir a uma ‘elite conservadora’ o desejo de mudan�a, ignorando que cerca de 70% dos brasileiros ouvidos pelas pesquisas de opini�o exigem uma nova maneira de governar o pa�s.” Em janeiro, uma p�gina do PT em uma rede social atacou pela primeira vez Eduardo Campos, afirmando que este era um “playboy mimado, tolo, sem conte�do e sem compostura pol�tica”. A frase gerou uma crise entre petistas e socialistas, o comando de campanha do PT apressou-se em pedir desculpa, mas a acusa��o demorou a ser retirada do ar.
Para o professor de ci�ncia pol�tica Carlos Melo, do Instituto Insper, a tend�ncia � de forte troca de agress�es entre os candidatos. “Minha impress�o � de que, daqui por diante, assistiremos a grosso chumbo trocado. E, a meu ver, numa jovem democracia como a nossa, muni��o trocada pode doer, sim. E muito. As conven��es, nacional do PSDB e estadual do PT, j� expressaram isso: a cada tom mais elevado de um lado, aumenta-se o volume do outro”, afirmou Melo. Para ele, nada disso � bom, porque n�o se sabe aonde vai.