Porto Alegre, 22 - O senador Pedro Simon (PMDB-RS) vai deixar a vida p�blica em 31 de janeiro de 2015, dia em que termina o seu quarto mandato como senador e, coincidentemente, completa 85 anos. Em entrevista exclusiva ao Broadcast Pol�tico, servi�o em tempo real da Ag�ncia Estado, em sua casa na capital ga�cha, ele reconheceu que a decis�o de n�o concorrer novamente foi influenciada pela decep��o com o caminho tomado pelo partido que ajudou a fundar.
Segundo ele, este � o pior momento vivido pelo PMDB, que ele ainda chama, na maioria das vezes, de MDB. "O mal no Brasil de hoje � esse sistema de ter 30 partidos vazios de conte�do, votando com o governo para ganhar um cargo aqui e outro ali. E o MDB, maior partido do Brasil, ao inv�s de se rebelar, de ter uma palavra firme, tamb�m fica brigando por mais um minist�rio. O partido perdeu a consci�ncia", afirmou, reconhecendo que, hoje, se sente isolado na legenda.
Simon, que j� governou o Rio Grande do Sul e foi deputado estadual em quatro mandatos consecutivos, � um dos s�mbolos da ala contr�ria � alian�a com o PT de Dilma Rousseff. Al�m de defender a independ�ncia do PMDB, Simon n�o acredita que a presidente tenha for�a pol�tica para fazer um bom segundo mandato. "O Lula tinha o grupinho dele, com quem discutia e debatia. Que se saiba a Dilma n�o tem", revelou.
Segundo Simon, hoje Eduardo Campos (PSB) seria o �nico capaz de governar o Pa�s sem ficar ref�m da pol�tica de troca-troca de cargos e favores. O senador ga�cho foi um dos articuladores da aproxima��o de Campos com Marina Silva, far� campanha para os dois e acredita que as diverg�ncias entre os dois acabam ap�s o per�odo de conven��es e forma��o de alian�as, no fim do m�s. "Eles v�o ter que botar panos quentes e seguir para frente. H� Eles t�m condi��es de ir ao segundo turno, � s� querer", disse.
Ele ainda diz que fez o que deveria ser feito no Senado. "Al�m disso, vivemos uma fase em que estou muito deslocado dentro do partido. Eu criei o MDB (antigo PMDB) e lutei a vida inteira por ele. E creio que esse � o pior momento que o MDB est� vivendo. � o maior partido do Brasil e n�o apresenta candidato � Presid�ncia. Houve um momento em que n�s t�nhamos maioria na C�mara, no Senado, nas Prefeituras, e da� fomos pe�a auxiliar do Fernando Henrique, pe�a auxiliar do Lula e agora da atual presidente. Vou ajudar no que puder. Aqui no Rio Grande do Sul, por exemplo, onde o PMDB sempre foi um partido diferente".
Quanto a decis�o do PMDB confirmar o apoio do partido � reelei��o da presidente Dilma Rousseff, ele diz que "o resultado ainda foi esse (favor�vel � alian�a) porque o governo e o comando partid�rio agiram. Proporcionaram passagens, festas. Nunca os prefeitos foram t�o convidados a ir a Bras�lia, e receberam uma ponte, uma estrada ou um trator. Esse resultado n�o representa as bases do MDB. No Rio Grande do Sul, o partido � muito contr�rio � participa��o no governo (da Dilma). O Estado aqui acompanha o que est� acontecendo, tanto � que nas �ltimas elei��es o PSDB ganhou aqui. Essa hist�ria de dizer que o comando do MDB � o (Jos�) Sarney, o Renan (Calheiros) e o Jader (Barbalho) n�o tem nada que ver com o nosso partido. Eu n�o tenho nenhuma identidade como esse comando do MDB, assim como muita gente. Esse comando faz um troca-troca de cargos e alian�as. O mal no Brasil de hoje, o que est� de errado, � esse sistema de ter 30 partidos vazios de conte�do, votando com o governo para ganhar um cargo aqui e outro ali. E o PDMB, maior partido do Brasil, ao inv�s de se rebelar, de ter uma palavra firme, tamb�m fica brigando por mais um minist�rio. O partido perdeu a consci�ncia".