
Bras�lia – O senador Jos� Sarney (PMDB-AP) anunciou nessa ter�a-feira oficialmente � c�pula do partido que n�o concorrer� a mais um cargo eletivo em outubro. Para n�o perder o prest�gio pol�tico, no entanto, vai trabalhar intensamente para eleger o senador Edison Lob�o Filho governador do Maranh�o, o deputado Gast�o Vieira como senador pelo estado e Gilvan Borges como senador pelo Amap�. Em entrevista a uma r�dio local, ele afirmou que a aposentadoria, ap�s 24 anos como senador pelo Amap�, n�o significa o fim do seu prest�gio nacional. “Tenho meu prest�gio e n�o deixo de ter at� eu morrer”, assegurou.
Sarney, que havia comunicado a decis�o de deixar a corrida eleitoral na segunda-feira, por meio de nota divulgada por assessores no Amap�, passou todo o dia de ontem conversando com as principais lideran�as peemedebistas, inclusive o vice-presidente Michel Temer. Comunicou que as raz�es para a decis�o est�o ligadas � pr�pria idade (ele tem 84 anos) e ao fato de a esposa, dona Marli, estar muito doente.
Mas o decl�nio pol�tico no estado tamb�m pesou. Ele j� teve bastante dificuldades para se reeleger em 2006. Em 2010, o grupo pol�tico comandado por ele perdeu o governo estadual para o PSB de Camilo Capiberibe e, em 2012, nova derrota na disputa pela Prefeitura de Macap�, vencida pelo Psol.
No Maranh�o, o quadro tamb�m n�o � simples. Roseana Sarney abdicou de concorrer ao Senado, desgastada por uma administra��o estadual ruim, agravada pela crise no pres�dio de Pedrinhas. Candidato do PMDB escolhido para concorrer em nome do cl�, o senador Edison Lob�o Filho tem dito, em conversas com aliados, que � da “fam�lia Lob�o, n�o da fam�lia Sarney”, uma maneira de tentar descolar-se do cl� do senador.
A disputa ser� complicada diante da lideran�a segura conquistada pelo deputado Fl�vio Dino (PCdoB). A situa��o fica um pouco mais equilibrada no plano local se Gast�o Vieira for eleito senador – ele est� cinco pontos � frente de Roberto Machado, candidato apoiado a Dino. “Roseana, apesar do governo mal-avaliado, tem ainda respeito e ascend�ncia na pol�tica local. Ela tem condi��es de manter o cl� vivo regionalmente”, disse Gast�o.
Para Fl�vio Dino, a sa�da de cena de Sarney � boa para a democracia brasileira. “Mostra que � salutar o sistema de altern�ncia de poder, j� que esse era o �ltimo cl� que sustentava de maneira fechada a estrutura de poder estadual”, cutucou Dino. Paradoxalmente, contudo, ele afirma que as boas not�cias, a m�dio prazo, para o Brasil, n�o significam uma folga na press�o local sobre o Maranh�o. “Ele vai se dedicar de corpo e alma para manter o poder local”, acrescentou Dino. No plano nacional, Sarney ainda deve manter seu n�vel de influ�ncia. “Poucos pol�ticos no pa�s t�m uma vis�o hist�rica e acurada da pol�tica como o Sarney. Claro que outras figuras do partido podem preencher esse v�cuo deixado por ele ao abdicar de mais um mandato. Mas a figura de conselheiro ainda lhe cai bem”, disse um aliado.