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Estado de Minas

Livro sobre corrup��o eleitoral provoca ira em deputados

Juiz Marlon Reis cria personagem para contar como ocorre a corrup��o eleitoral. Parlamentares querem process�-lo e at� o presidente da C�mara j� divulgou nota defendendo os seus pares


postado em 29/06/2014 06:00 / atualizado em 29/06/2014 07:57

Segundo Marlon Reis, as campanhas eleitorais ainda são palco para 'práticas absurdas' (foto: ELZA FIÚZA AGÊNCIABRASIL - 22/6/13)
Segundo Marlon Reis, as campanhas eleitorais ainda s�o palco para 'pr�ticas absurdas' (foto: ELZA FI�ZA AG�NCIABRASIL - 22/6/13)
O deputado federal C�ndido Pe�anha tem o apoio de 14 prefeitos, comanda quatro funda��es diretamente ligadas a seu gabinete parlamentar, sendo que tr�s ficam no estado onde ele foi eleito. Outra, a milhares de quil�metros de dist�ncia. � com ajuda desses prefeitos e entidades que ele desvia recursos de emendas parlamentares. Ele tamb�m � “amigo” de algumas empresas que, em troca de favores futuros, como vantagem em licita��es e conv�nios, financiam suas campanhas eleitorais. � com esse recurso, muitas vezes, que ele compra votos e cabos eleitorais. Se o dinheiro faltar, ele tem de recorrer a agiotas do meio pol�tico, onde os juros chegam a 20%. C�ndido Pe�anha n�o existe, � uma fic��o, mas est� despertando a ira do Congresso Nacional.

Ele � um personagem criado pelo juiz eleitoral Marlon Reis em seu livro O nobre deputado, relato chocante (e verdadeiro) de como nasce, cresce e se perpetua um corrupto na pol�tica brasileira, rec�m-lan�ado, que revela os bastidores de muitas campanhas eleitorais no Brasil. O livro e seu autor, o juiz eleitoral Marlon Reis, um dos articuladores da campanha pela aprova��o da Lei da Ficha Limpa, que em 2011 foi indicado pela Associa��o Brasileira dos Magistrados, Procuradores e Promotores Eleitorais (Abramppe) para integrar o Supremo Tribunal Federal (STF), deixaram deputados indignados.

O presidente da C�mara dos Deputados, deputado federal Henrique Alves (PMDB-RN), amea�ou acionar o magistrado no Conselho Nacional de Justi�a (CNJ). Em nota , ele defendeu o Parlamento, criticou o que ele chamou de generaliza��o. Disse ainda que a libera��o de emendas, cuja execu��o os deputados querem tornar obrigat�ria por meio de uma Proposta de Emenda � Constitui��o, � de responsabilidade do governo federal.

Al�m da amea�a de den�ncia no CNJ, os deputados federais tamb�m sugeriram que a C�mara processe o autor do livro. Tamb�m foi levantada a possibilidade de um pronunciamento em cadeia nacional para defender a honra do Parlamento ou a cria��o de comiss�o geral e convidar o juiz para que ele revele os nomes dos parlamentares que utilizam os esquemas revelados por C�ndido Pe�anha.

No entanto, at� agora, nenhuma dessas sugest�es foi colocada em pr�tica. Nem mesmo a representa��o foi feita, segundo informa��es da assessoria de comunica��o do CNJ. Marlon alega que o que escreveu foi baseado em relatos de assessores parlamentares e de um ex-deputado federal, que este ano vai disputar novamente uma vaga na C�mara, e que apesar de o personagem que narra os fatos ser uma cria��o, os relatos s�o verdadeiros. O livro � dividido em duas partes. A primeira mostra de onde vem o dinheiro que financia as campanhas e a segunda relata como “converter dinheiro em votos”.

Apoio Na contram�o da C�mara, movimentos de combate � corrup��o, entidades sindicais e organiza��es n�o governamentais engajadas na campanha pela reforma pol�tica, divulgaram nota de apoio ao parlamentar. Entre elas est�o a Coaliza��o Nacional contra a Corrup��o (Amarribo Brasil), que representa a Transpar�ncia Internacional no pa�s, e o Movimento de Combate � Corrup��o Eleitoral (MCCE), que engloba 51 entidades da sociedade civil. Na nota, a Amarribo lembra que segundo informa��es do procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, at� maio, mais da metade do Congresso Nacional � alvo de a��es e inqu�ritos no STF. De acordo com a Amarribo, o livro retrata a realidade do pa�s, “que prejudica a elei��o dos honestos e favorece quem conquista mandatos pelo poder econ�mico”. O MCCE tamb�m saiu em defesa do juiz e afirmou que o Brasil convive com pr�ticas eleitorais do s�culo 19 e que o abuso do poder econ�mico e pol�tico se tornou regra, “sendo farta a pesquisa acad�mica que demonstra quem financia as elei��es e que resultados isso provoca na defini��o dos eleitos”.

Tr�s perguntas para...
Marlon Reis
juiz eleitoral

Como voc� analisa a rea��o dos parlamentares ao seu livro? Teme algum tipo de repres�lia?
Acompanhei com grande serenidade as manifesta��es de descontentamento por parte de alguns parlamentares. Minha inten��o n�o � rebaixar, mas defender a democracia e seu elemento mais central, o parlamento. Sou livre para refletir e para expor meus pontos de vista. As elei��es brasileiras ainda s�o palco para muitas pr�ticas abusivas. N�o � sufocando o debate a esse respeito que solucionaremos o problema. Precisamos reconhecer as falhas para encontrar as solu��es.

Como foram levantadas as informa��es para a elabora��o do “nobre deputado”?
Utilizei a metodologia da pesquisa qualitativa, coletando entrevistas por meio de question�rios semiestruturados, segundo t�cnicas que desenvolvo para a elabora��o da minha tese de doutorado pela Universidad de Zaragoza, na Espanha. Para obter as entrevistas tive que assegurar pleno anonimato a todos os depoentes.

Quais s�o as principais formas de desvio de recursos adotadas pelos pol�ticos?
Coletei informa��es sobre o uso frequente de licita��es com resultados dirigidos, o desvio das verbas de conv�nios, a reten��o de parte do dinheiro das emendas parlamentares e at�, para minha surpresa, o recurso a dinheiro de agiotas, que depois s�o pagos com verbas destinadas � sa�de, educa��o, realiza��o de obras, entre outras destina��es.


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