
Os cl�rigos fazem uma reflex�o sobre as manifesta��es de junho do ano passado e apontam a m� qualidade dos servi�os p�blicos, especialmente no transporte, sa�de e educa��o como os principais problemas a serem resolvidos. “Destaca-se no discurso das ruas a insatisfa��o com a maneira como os pol�ticos eleitos v�m exercendo o poder distanciados das necessidades da popula��o, fazendo da pol�tica um balc�o de neg�cios onde se barganham bens da coletividade como se fossem particulares”, prega a CNBB.
A tem�tica parte do documento da CNBB “Pensando o Brasil – Desafios diante das elei��es de 2014”, aprovado em confer�ncia geral dos bispos em maio deste ano, que traz 29 pontos. Entre eles, a Igreja coloca o financiamento privado das campanhas eleitorais como principal fonte de corrup��o dos eleitos. Por isso, a orienta��o aos crist�os � ver quem est� financiando o candidato antes de votar nele. “N�o � raro que o candidato eleito j� chegue ao poder ref�m de negociatas que o levam a agir apenas em conson�ncia com os interesses de quem o financiou.”
O cidad�o � chamado a ser parte ativa na vida pol�tica do pa�s. O primeiro ponto � “julgar” uma realidade em que, de acordo com a cartilha da Igreja, houve avan�os, como o fato de nos �ltimos 10 anos 28 milh�es de brasileiros terem sa�do da pobreza, mas tamb�m h� desafios, como a redu��o dos gastos com a d�vida p�blica e a diminui��o da desigualdade social e viol�ncia. Nenhuma inst�ncia de governo � citada como respons�vel pelo quadro. Os eleitores s�o chamados a fazer uma significativa pesquisa na vida dos candidatos para descobrir se pesam processos ou condena��es contra eles.
Cidadania A Lei da Ficha Limpa, conquistada a partir de uma grande mobiliza��o popular que teve como um dos pilares a a��o da Igreja, � um dos pontos fortes das cartilhas, que colocam a legisla��o como possibilidade efetiva de renova��o dos pol�ticos “acostumados a usar cargos eletivos como profiss�o e a se beneficiarem do exerc�cio de suas fun��es para proveito pr�prio e n�o como servi�o p�blico”. Com este gancho, eles s�o chamados tamb�m a conhecer e chancelar o projeto de reforma pol�tica defendido pela CNBB e o Movimento de Combate � Corrup��o Eleitoral (MCCE).
“H� muitos anos existem na Igreja os grupos de f� e pol�tica trabalhando nessa perspectiva de inser��o na pol�tica como forma��o para a cidadania. O recado � que n�o adianta os crist�os pensarem que o Brasil vai se transformar por interven��o divina. O pa�s se transforma pela a��o concreta dos cidad�os no cotidiano”, explica o coordenador do grupo gestor do Nesp/PUC-Minas, Robson S�vio. Neste sentido, ele destaca como um dos pontos das cartilhas a instru��o aos fi�is de que n�o basta estar de olho na corrup��o dos pol�ticos. Segundo os bispos, � preciso lutar contra as pequenas corrup��es do dia a dia, como furar filas de banco ou tentar subornar policiais para se livrar de multas de tr�nsito.
Os cat�licos s�o orientados a participar da vida pol�tica do pa�s mesmo depois das elei��es, fortalecendo e integrando associa��es de bairro, sindicatos e partidos. Mesmo com toda essa tentativa de introduzir os fi�is na pol�tica, os bispos mant�m a orienta��o aos padres, di�conos e bispos de n�o se candidatem a cargos eletivos. As cartilhas est�o sendo vendidas a um pre�o simb�lico de R$ 1,50 para as par�quias, que distribuem o material gratuitamente aos fi�is.