O PSDB vai disputar a Presid�ncia da Rep�blica como uma chapa “puro-sangue”. Nessa segunda-feira, ap�s reuni�o com a executiva nacional, que contou com a participa��o de Fernando Henrique Cardoso, o senador A�cio Neves (MG), candidato do partido a presidente, anunciou que ter� como vice em sua chapa o tamb�m tucano e senador por S�o Paulo Aloysio Nunes Ferreira. � a primeira vez na hist�ria do partido que a legenda disputa uma elei��o com um presidenci�vel mineiro – todos os outros candidatos eram paulistas – e somente com nomes do PSDB. A possibilidade de o senador paulista compor a chapa como vice de A�cio j� havia sido ventilada, mas o partido cogitava usar a vaga para atrair aliados de outras legendas – entre elas, o PSD – para tentar aumentar o tempo da campanha no hor�rio eleitoral gratuito.
Nesse contexto, o PSDB tentou atrair para a vaga de vice o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles (PSD), mas o partido dele declarou apoio � candidatura da presidente Dilma Rousseff (PT). A�cio cogitou tamb�m a possibilidade de ter uma mulher como vice – a ex-ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Ellen Gracie, filiada recentemente ao PSDB do Rio de Janeiro – e Tasso Jereissati, que vai concorrer ao Senado pelo Cear�. No entanto, o comando da legenda avaliou que o nome de Aloysio poderia agregar mais vantagens ao partido. Al�m de ter tido uma vota��o expressiva na disputa de 2010 – cerca de 11 milh�es ou 30,4% dos votos v�lidos no maior col�gio eleitoral do pa�s –, o senador paulista � ligado ao ex-governador Jos� Serra (PSDB), o que pode facilitar o engajamento dos serristas na campanha de A�cio. Na avalia��o dos tucanos, Aloysio � tamb�m quem melhor simboliza a alian�a pol�tica entre S�o Paulo e Minas Gerais, na chapa j� apelidada de “caf� com leite”, refer�ncia ao acordo pol�tico que vigorou na Primeira Rep�blica, entre 1894 e 1930, que tinha como base S�o Paulo, grande cafeicultor, e Minas Gerais, produtor de leite.
Segundo A�cio, a indica��o contou com o aval do governador de S�o Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), candidato � reelei��o, e de Jos� Serra, cujo papel nesta elei��o ainda est� indefinido. “Jos� Serra talvez seja um dos interlocutores mais pr�ximos que tenho hoje. Acordei hoje com um telefonema do Serra para me parabenizar pela escolha, e, at� agora, falei pelo menos quatro vezes com ele. Serra ter� uma participa��o extremamente importante na campanha, pela dimens�o de homem p�blico que �”, afirmou A�cio, que anunciou ainda a indica��o do senador Agripino Maia (DEM-RN) para a coordena��o geral da campanha.
“A indica��o do senador Aloysio como meu companheiro de chapa � uma homenagem � coer�ncia, mat�ria-prima essencial � vida p�blica e, lamentavelmente, em falta hoje no Brasil. A trajet�ria exemplar de Aloysio durante toda a sua vida, sempre na defesa da democracia, da liberdade, da �tica na vida p�blica, faz com que, a partir de agora, nossa caminhada se fortale�a enormemente”, disse A�cio, durante o an�ncio do vice. Segundo ele, o nome de Aloysio foi escolhido n�o por conveni�ncia da campanha, mas levando em conta “os interesses do Brasil”.
Aloysio agradeceu a indica��o, disse ter ficado emocionado, fez uma refer�ncia elogiosa a Serra – de quem foi secret�rio quando ele foi governador e quando esteve � frente da prefeitura de S�o Paulo –, e garantiu que ser� um candidato a vice “muito dedicado, leal e correto”. “Eu serei um militante pol�tico, representando todos n�s, participando da campanha nos estados, ajudando onde puder ajudar, tentando livrar o A�cio das canseiras que a candidatura � Presid�ncia sempre acarreta”, afirmou.
A�cio disse que a escolha da chapa puro-sangue foi natural e que Aloysio n�o foi indicado vice apenas “pelo PSDB e apenas por ser do PSDB”. “Ele foi indicado vice pelas suas reconhecidas virtudes e porque foi o nome que convergiu”, assegurou.
Longa trajet�ria
Ex-membro do Partido Comunista Brasileiro, nos tempos da ilegalidade do PCB, Aloysio Nunes Ferreira participou da Alian�a Libertadora Nacional (ALN), organiza��o guerrilheira contra a ditadura militar, e acabou se exilando no exterior quando soube que haveria um pedido de pris�o preventiva contra ele. Na Fran�a, graduou-se em Economia Pol�tica e fez mestrado em Ci�ncia Pol�tica pela Universidade de Paris. De volta ao Brasil, foi deputado estadual e vice-governador de S�o Paulo pelo PMDB, partido que deixou em 1997 para filiar-se ao PSDB. Foi tamb�m deputado federal e ocupou dois minist�rios no governo Fernando Henrique Cardoso: Secretaria Geral da Presid�ncia e Justi�a, al�m de secret�rio nos governos de Jos� Serra no estado de S�o Paulo e na Prefeitura da capital paulista. Em 2010, foi eleito senador.