Bras�lia – A conquista da maioria dos votos de 68,2 milh�es de eleitores concentrados em S�o Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia tem consumido a maior parte dos esfor�os de estrategistas e candidatos ao Pal�cio do Planalto no aquecimento para a campanha presidencial. Os tr�s principais nomes na corrida pelo controle do Executivo contabilizam fragilidades pontuais em ao menos um desses locais. Na campanha petista, o quadro � bem diferente de 2010, quando Dilma Rousseff se elegeu perdendo apenas entre os paulistas, ainda assim, por uma margem pequena de votos. Justamente nesse estado, os problemas ganharam corpo nas �ltimas semanas.
Diferentemente do que ocorreu h� quatro anos, o principal advers�rio oposicionista, o senador A�cio Neves (PSDB-MG), tem a hegemonia mineira, unificou o PSDB paulista em torno de sua candidatura, uniu as oposi��es baianas – em uma articula��o conjunta com o prefeito de Salvador, Ant�nio Carlos Magalh�es Neto (DEM) – e angariou o apoio do PMDB fluminense, insatisfeito com o fato de o PT ter lan�ado o senador Lindbergh Farias para concorrer contra Luiz Fernando Pez�o (PMDB).
“O PT n�o pode errar como errou em S�o Paulo. Isso � mortal”, disse um estrategista pol�tico ligado ao ex-prefeito de S�o Paulo Gilberto Kassab (PSD). No plano nacional, os pessedistas est�o com Dilma. Mas, em S�o Paulo, apoiar�o Paulo Skaf (PMDB). O PT paulista patina na candidatura de Alexandre Padilha, o que deixa a presidente Dilma Rousseff com um palanque fr�gil em um estado governado pelos tucanos h� 20 anos. “Al�m disso, o �ndice de aprova��o dela em S�o Paulo n�o chega aos 30%. � muito baixo”, disse o aliado de Kassab.
Tradicionalmente, o PT sempre teve contra si um eleitorado consistente entre os paulistas, sobretudo no interior. “Em S�o Paulo, estamos enfrentando as mesmas dificuldades de sempre. A nossa rejei��o inicial � hist�rica, mas temos que levar em conta que enfrentamos dois candidatos bastante qualificados –– um deles, nosso aliado”, disse o secret�rio de organiza��o do PT, Florisvaldo Souza, referindo-se ao peemedebista Paulo Skaf.

Novos ares
Coordenador nacional da campanha do tucano A�cio Neves (MG), o senador Jos� Agripino Maia (DEM-RN) comemorou a estrat�gia do mineiro em S�o Paulo. “Ele trouxe para o seu lado um ex-presidente (Fernando Henrique Cardoso) e dois ex-candidatos ao Planalto (Jos� Serra e Geraldo Alckmin). De quebra, ainda indicou Aloysio Nunes Ferreira, o senador mais bem votado da hist�ria da capital, como vice”, disse Agripino.
O senador demista – que chegou a ser cotado para vice caso a vaga coubesse ao DEM – destacou tamb�m a mudan�a de ares no Rio de Janeiro. “Se olh�ssemos h� dois meses, a nossa situa��o era muito desconfort�vel, sem palanques fortes no estado. Conseguimos atrair o PMDB, com sua m�quina de governo e uma alian�a que chega a 18 partidos”, destacou Agripino. Na Bahia, o cen�rio se repete, com uma alian�a envolvendo PSDB, DEM e PMDB. Em 2010, a vit�ria de Dilma sobre Serra no estado foi acachapante: 62% a 21%. “N�o digo que vamos vencer na Bahia. Mas a perspectiva � de que o resultado seja mais apertado”, aposta o coordenador-geral da campanha de A�cio.
Segundo o secret�rio de organiza��o do PT, a fuga de aliados reflete a polariza��o nacional. “� natural que, nos estados, as demais legendas busquem caminhos pr�prios at� como uma maneira de se viabilizar eleitoralmente”, apostou Florisvaldo. Um exemplo disso, segundo atentos observadores pol�ticos, teria acontecido na Bahia, com o desembarque do PTB da chapa petista, capitaneado pelo presidente da sigla, Benito Gama. “Foi uma quest�o de sobreviv�ncia. Benito � cria do PFL e percebeu que, na Bahia, n�o � a candidatura presidencial de Dilma que garantir� votos nas elei��es proporcionais e, sim, a aproxima��o com ACM Neto e A�cio Neves”, disse um aliado de Dilma.
Espa�o reduzido
Com menos tempo de televis�o que seus principais advers�rios, o candidato do PSB ao Pal�cio do Planalto, Eduardo Campos, ainda amarga uma situa��o pouco confort�vel: ele tamb�m � aquele com menos palanques fortes nos principais col�gios eleitorais brasileiros. Em S�o Paulo e no Rio, por exemplo, ele n�o ter� sequer um candidato a governador filiado ao seu partido.
Na capital paulista, o PSB indicou o vice na chapa do tucano Geraldo Alckmin, o deputado M�rcio Fran�a. � verdade que Alckmin � favorito � reelei��o. Mas, no hor�rio eleitoral para governador, � o n�mero do PSDB (45) que aparece. No Rio, a situa��o � semelhante. Rom�rio (PSB) � candidato ao Senado na chapa do petista Lindbergh Farias. Pela configura��o da propaganda partid�ria, ter�as, quintas e s�bados s�o reservados para a propaganda presidencial. As segundas, quartas e sextas-feiras destinam-se � propaganda de governador. “Durante tr�s dias, Campos n�o ter� seu n�mero (40) veiculado no hor�rio eleitoral”, explicou um estrategista pol�tico.
Secret�rio-geral do PSB e um dos coordenadores pol�ticos da campanha de Eduardo Campos, Carlos Siqueira acredita que a aus�ncia em dois col�gios eleitorais importantes n�o far� um estrago t�o grande na campanha de Eduardo. Ele lembra que, na Bahia, o PSB tem uma candidata competitiva – a senadora L�dice da Mata – e, em Minas, o cen�rio se repete com o ex-deputado Tarc�sio Delgado. “N�o acho que estaremos fragilizados. Tarc�sio e L�dice t�m chances de ajudar na nossa campanha”, disse Siqueira.
O secret�rio-geral socialista lembra tamb�m que, em S�o Paulo, as disputas s�o diferentes de qualquer outro canto do pa�s. “O PMDB tinha o vice-presidente na chapa presidencial de Dilma Rousseff e elegeu apenas um deputado federal. N�s elegemos cinco. Imagine agora, oficialmente integrados � chapa de Alckmin e com candidato pr�prio � Presid�ncia?”, projetou um dos coordenadores da campanha do PSB.
Aberta a temporada de ca�a aos votos
A campanha para as elei��es de 5 de outubro come�a oficialmente amanh�, quando os candidatos e partidos est�o permitidos a fazer propaganda e pedir votos, mas h� limites nesse per�odo de tr�s meses em que os postulantes a cargos eletivos estar�o nas ruas e nas telas da tev�. Os chamados showm�cios, por exemplo, s�o vetados pela legisla��o eleitoral, assim como a distribui��o de brindes ao eleitor – pr�tica comum em elei��es no Brasil at� poucos anos atr�s.
Qualquer abuso contra as regras eleitorais poder� resultar em multas e no enquadramento do candidato pelas pr�ticas de compra de votos e abuso de poder econ�mico e pol�tico. Caber� ao Minist�rio P�blico fiscalizar e denunciar eventuais irregularidades. Os pr�prios partidos tamb�m poder�o representar na Justi�a Eleitoral contra advers�rios.
Daqui a 90 dias, estar�o em disputa no primeiro turno das elei��es os cargos de presidente e vice-presidente da Rep�blica, governador e vice-governador, senador, deputado federal e deputado estadual. No caso do Distrito Federal, deputado distrital.
A principal fase da campanha est� marcada para come�ar em 19 de agosto, quando ter�o in�cio as propagandas gravadas para o hor�rio eleitoral gratuito. Todos os candidatos �s elei��es majorit�rias t�m direito a tempo de r�dio e tev�. O c�lculo � feito com base no tamanho da bancada de cada partido que comp�e a coliga��o. A partir desse per�odo, tamb�m ser�o veiculadas inser��es de 15 segundos ao longo da programa��o das emissoras.
No segundo turno das elei��es, previsto para 26 de outubro, que acontecer� onde nenhum candidato ao governo estadual tenha atingido mais de 50% dos votos, a propaganda eleitoral ser� dividida em dois blocos de tamanhos id�nticos. Caso haja segundo turno para a disputa presidencial, a regra ser� a mesma: divis�o igual de tempo de r�dio e tev� para os dois postulantes.
