S�o Paulo, 10 - A presidente Dilma Rousseff disse que nunca sonhou em ser presidente e que o abuso policial e a situa��o carcer�ria s�o dois dos grandes desafios do Pa�s. Ela tamb�m falou sobre o per�odo da ditadura e as torturas que sofreu na �poca. As declara��es foram dadas em uma entrevista � jornalista Christiane Amanpour, da rede norte-americana CNN.
Sobre o fato de ter sido torturada no per�odo da ditadura militar, Dilma disse que � dif�cil viver sob um regime desses, que "limita os sonhos". A presidente exemplificou que, na �poca, at� mesmo greves e protestos eram vistos como ofensa ao regime. "Quando jovem, lutei contra a ditadura e me orgulho disso", destacou.
Sobre as torturas que sofreu, Dilma revelou que a �nica forma de tolerar os abusos f�sicos e psicol�gicos � enganando a si mesmo. "N�o � f�cil tolerar a tortura. S� dizendo pra voc� mesmo que voc� pode aguentar um pouco mais e um pouco mais", comentou.
Questionada sobre que tipo de tortura sofreu, Dilma disse que foi torturada como os outros brasileiros da �poca tamb�m eram e que o choque el�trico � a pior forma de tortura. "Qualquer um que tenha praticado tortura perdeu sua humanidade", avaliou, destacando que os regimes que empregam esse tipo de opress�o n�o se sustentam. "Nunca vi tortura que n�o destruiu o sistema que a empregava", ponderou.
Corrup��o
A presidente afirmou que a corrup��o � uma quest�o central a ser combatida no Brasil. Dilma disse que sua gest�o a frente do Pa�s defende "toler�ncia zero" com atos de corrup��o.
Dilma citou o Portal Transpar�ncia Brasil, que publica todos os gastos do governo federal em menos de 24 horas ap�s os gastos terem sido realizados. Ela destacou tamb�m o papel da Pol�cia Federal na investiga��o de crimes na administra��o p�blica. Segundo a presidente, 90% dos casos que s�o hoje levados ao conhecimento p�blico partiram de investiga��es da PF.
A presidente afirmou ainda que atualmente, no Brasil, corruptos e corruptores respondem pelos crimes, o que � uma postura essencial, j� que um n�o existe sem o outro.
Espionagem
Dilma tamb�m comentou o incidente diplom�tico envolvendo o Brasil e os Estados Unidos, quando foram reveladas pr�ticas de espionagem por parte dos norte-americanos que tinham como alvo empresas e o governo brasileiros, inclusive ela pr�pria. A presidente brasileira isentou o colega norte-americano da responsabilidade sobre o caso. "N�o acredito que a responsabilidade da espionagem seja da administra��o Obama", comentou.
Copa
Na entrevista � CNN, Dilma Rousseff afirmou n�o ter um conhecimento profundo de futebol, mas disse acreditar que a aus�ncia dos jogadores Neymar e Thiago Silva teve efeito para a derrota por 7 a 1 contra a Alemanha na ter�a-feira, 8. Ela refor�ou, contudo, que apesar da derrota, o Pa�s vai saber superar.
Questionada sobre o que diria � chanceler alem� Angela Merkel, Dilma disse que lhe daria os parab�ns pela vit�ria, pois a sele��o alem� jogou muito bem. A presidente ressaltou que o futebol � um esporte coletivo, de coopera��o, e que nos educa a ter "fair play". "N�o � uma guerra, � um jogo", disse Dilma.
A presidente refor�ou tamb�m que o mundo inteiro deve reconhecer que o Brasil soube organizar e receber a Copa do Mundo, o que tamb�m � um m�rito da hospitalidade dos brasileiros. Sobre as cr�ticas contra os gastos com o Mundial, Dilma comparou o gasto de cerca de R$ 8 bilh�es, aproximadamente US$ 4 bilh�es, para construir as arenas com o or�amento do per�odo para sa�de e educa��o. "No mesmo per�odo foram investidos R$ 1,7 trilh�o - US$ 850 bilh�es - em sa�de e educa��o", defendeu.