S�o Paulo, 03 - Um apartamento de R$ 8 milh�es no Leblon a poucos metros da praia, quadros de Di Cavalcanti, C�ndido Portinari e Iber� Camargo, R$ 67 milh�es na conta do banco e at� um time de futebol na primeira divis�o estadual. Esses s�o alguns dos bens que comp�em a polpuda lista de patrim�nio dos suplentes de senador, os candidatos mais ricos desta elei��o. Na m�dia, os primeiros-suplentes declararam ter fortuna de R$ 7,3 milh�es - mais de 15 vezes o patrim�nio m�dio de todos os 25 mil candidatos registrados para concorrer neste ano.
Os suplentes comp�em a chapa do candidato a senador e exercem o mandato caso o titular seja afastado por motivos de sa�de ou pe�a licen�a para concorrer a outro cargo p�blico (como o governo de um Estado) ou assuma um minist�rio, por exemplo.
Para testar essa hip�tese, o Estad�o Dados analisou os n�meros da elei��o de 2010. Eles mostram que, quanto mais rico foi o suplente do candidato naquele ano, maior foi a chance de a chapa ser eleita. Na m�dia de todos os suplentes, n�o houve correla��o entre o seu patrim�nio e o sucesso eleitoral da candidatura. Mas quando s�o analisados apenas os suplentes com patrim�nio maior que R$ 4 milh�es, o �ndice de sucesso foi de quase 85% - 20 das 24 chapas com suplentes ricos assim foram eleitas.
Isso significa que o patrim�nio dos suplentes provavelmente se relaciona com a vit�ria nas elei��es no caso dos megarricos, embora n�o impacte definitivamente o resultado da elei��o para o candidato m�dio. Uma das poss�veis explica��es para esse fen�meno estar concentrado na ponta � a de que os poss�veis suplentes mais ricos escolham participar de chapas que tenham mais chance de ganhar, ou seja, que tenham um candidato conhecido ou j� eleito anteriormente como cabe�a.
Seria uma via de m�o dupla: o partido quer um suplente rico que ajude a bancar a campanha e o suplente, um candidato com boas chances de ganhar. "A quantidade de recursos pr�prios que o candidato aporta para a campanha � uma das vari�veis que impacta a possibilidade de sucesso eleitoral. Essa rela��o existe para deputados estaduais e federais", diz Bruno Speck, professor de Ci�ncia Pol�tica da USP e estudioso do assunto.
Ele diz que o mecanismo de montagem de uma chapa ao Senado ainda � pouco estudado e que s�o necess�rias mais pesquisas nesse sentido. "Mas me parece razo�vel crer que h� o impacto do patrim�nio nas elei��es para senadores."
Evid�ncia
Os dados de 2010 parecem apontar nesse sentido. Todos os 24 candidatos a senador que tinham suplentes com fortunas maior que R$ 4 milh�es j� haviam ocupado cargos eletivos de destaque. C�sar Maia (DEM-RJ), titular do suplente mais rico de 2014 e do segundo mais rico de 2010, j� foi prefeito do Rio por 12 anos.
Outros estavam concorrendo � reelei��o em 2010, como Delc�dio Amaral (PT-MS), Romeu Tuma (PTB-SP) e Dem�stenes Torres (DEM-GO), todos com suplentes entre os dez mais ricos daquele ano. E ainda havia os que foram eleitos deputados em 2006 com grande vota��o - caso de Ciro Nogueira (PP-PI), cujo suplente era o mais rico de 2010.
As doa��es de suplentes para as campanhas tamb�m s�o relevantes. Dos 24 mais ricos de 2010, 19 deram contribui��es a candidatos, comit�s ou partidos naquele ano. A maior foi de R$ 960 mil, feita por Raimundo Lira (PMDB-PB) ao titular da chapa, Vital do R�go (PMDB-PB), eleito senador. Se vencer a disputa ao governo da Para�ba em outubro, Lira assume a vaga no Senado em definitivo.
Escala
Ap�s os suplentes, o cargo que concentra os candidatos mais ricos � o dos pr�prios senadores, com m�dia de R$ 4,9 milh�es. J� os mais pobres s�o os que concorrem a deputado estadual (R$ 305 mil), distrital (R$ 318 mil) e federal (R$ 557 mil).