Bras�lia, 03 - Investigado pelo Conselho de �tica da C�mara, que pode aprovar nesta semana o pedido de cassa��o, o deputado Andr� Vargas (sem partido-PR) disse n�o poder culpar a oposi��o pelo risco de perder o mandato. Na primeira entrevista ap�s a revela��o de que o doleiro Alberto Youssef, preso pela Pol�cia Federal, emprestou a ele um jatinho, Vargas afirmou que foi obrigado a se desfiliar do PT para proteger a presidente Dilma Rousseff e os candidatos do partido em S�o Paulo, Alexandre Padilha, e no Paran�, Gleisi Hoffmann.
"Sou uma v�tima da pressa do PT", afirmou o deputado, que tamb�m renunciou � vice-presid�ncia da C�mara, em abril. "A oposi��o est� fazendo o papel dela. N�s, do PT, � que n�o fizemos o que era esperado", emendou, como se ainda fosse filiado. "N�o pedimos o mandato dos tucanos que est�o sendo investigados pelo neg�cio do cartel dos trens, em S�o Paulo."
As apar�ncias enganam. Aquilo que foi publicado � uma bravata do Alberto Youssef. N�o fui eu que falei em independ�ncia financeira. Foi ele. Sociedade ele tinha com a Igreja (Segundo a Opera��o Lava Jato, o doleiro � s�cio de um hotel em Aparecida, no interior paulista, constru�do em terreno da Igreja Cat�lica). E isso n�o � ilegal. A Igreja confiou no Youssef do mesmo jeito que eu confiei ao tratar de um projeto importante, que era da Labogen. Cometi uma imprud�ncia, n�o um crime.
O sr. era s�cio de Alberto Youssef no laborat�rio Labogen?
L�gico que n�o. Youssef diz que um dos fundos (de investimento) dele era s�cio.
Mas o sr. encaminhou representantes da Labogen ao Minist�rio da Sa�de. Escutas da Pol�cia Federal sugerem tr�fico de influ�ncia. Se n�o foi tr�fico de influ�ncia, foi o qu�?
Entre a PF sugerir e ter provas de que isso aconteceu vai uma longa dist�ncia. Eu entreguei o material deles (Labogen) para o ministro Padilha (Alexandre Padilha, ex-ministro da Sa�de e hoje candidato do PT ao governo de S�o Paulo) no meu gabinete e ele deve ter marcado uma reuni�o t�cnica. Encaminhei e acabou. � por isso que um mandato vai ser ceifado?
O sr. foi abandonado pelo PT ap�s o esc�ndalo. Quem mais o pressionou a se desfiliar?
Foi o presidente do PT, Rui Falc�o. Ele entendeu que eu estava criando um problema para a campanha da presidenta Dilma e para as elei��es nos Estados. O PT poderia ter me dado um tempo para provar que n�o existia nada mais do que uma viagem de jatinho. Sou uma v�tima da pressa do PT.
Sua situa��o prejudica a campanha de Gleisi Hoffmann ao governo do Paran� e a de Alexandre Padilha, em S�o Paulo?
H� o preju�zo de usar o epis�dio como se fosse corrup��o, quando n�o �. Se o assunto for voo de jatinho, n�s temos o caso do senador �lvaro Dias (PSDB-PR). Em 1998, ele andou no avi�o do Youssef. Agora, posso assegurar que n�o houve nada ilegal em rela��o ao contrato com a Labogen.
E por que foi suspenso?
Suspenderam por causa da repercuss�o. Luta pol�tica � assim. E o PSDB tem muito o que responder, n�o �? Viajar num avi�o de empres�rio � muito menos s�rio do que pegar dinheiro do povo e construir aeroporto na fazenda do tio.
O sr. est� se referindo � constru��o do aeroporto na fazenda do tio do senador e presidenci�vel A�cio Neves?
Se A�cio fosse do PT, a oposi��o j� teria pedido a cassa��o do mandato dele. E, do jeito que o PT �, teria entregue. Eu n�o posso culpar a oposi��o por pedir o meu mandato. A oposi��o fez o papel dela. N�s, do PT, � que n�o fizemos com a oposi��o o que era esperado. N�o pedimos o mandato dos tucanos que est�o sendo investigados pelo neg�cio do cartel dos trens, em S�o Paulo.