A redu��o � metade do n�mero de eleitores jovens no Rio de Janeiro, divulgada pelo Tribunal Regional Eleitoral do estado (TRE-RJ), acompanhou a tend�ncia nacional destas elei��es e significa um sinal de alerta para a democracia brasileira, segundo avaliou o cientista pol�tico J�lio Aur�lio Vianna Lopes, da Funda��o Casa de Rui Barbosa.
O levantamento do TRE-RJ se baseia em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e segue a tend�ncia encontrada no restante do pa�s. De acordo com o TSE, o n�mero de eleitores jovens com voto facultativo tamb�m diminuiu em todo o Brasil, passando de 2.913.789 em 2012 (2,07% do total) para 1.638.751 em 2014 (1,15%).
J�lio Vianna Lopes disse que, como se trata de voto facultativo, a an�lise deve considerar que o fator principal na evolu��o desse tipo de voto � sempre a motiva��o do eleitor. “A rigor, o que h� � a menor disponibilidade dos jovens que receberam o direito do voto facultativo”. Isso acende um sinal de alerta, destacou.
Combinando esse dado com o fato de que, nos movimentos populares ocorridos em junho do ano passado, a ampla maioria eram formada de jovens de 14 anos at� 30 anos de idade (mais de 80%), o cientista observa que h� um descolamento dos cidad�os mais jovens da democracia brasileira. “� grave, mas isso n�o indica que esse segmento da popula��o esteja sendo galvanizado por orienta��es pol�ticas autorit�rias. N�o se trata de nost�lgicos da ditadura ou de neonazistas”, avaliou.
O cientista pol�tico indicou que o sistema democr�tico brasileiro n�o tem sido atraente para os eleitores, em especial os que est�o na faixa dos 16 e 17 anos. “Isso est� comprovado, porque h� um afastamento do sistema democr�tico formal e um fortalecimento de formas alternativas de participa��o pol�tica, como a ocupa��o de ruas”.
Lopes destacou que o ideal � que ocorressem as duas coisas: a democracia direta, revigorada nas ruas, com o fortalecimento do canal de participa��o representativa. “Esse � o ideal que devemos buscar”. Ele esclareceu que esse � um processo que est� ocorrendo no mundo inteiro. “Tem algo de estrutural nisso”. Segundo ele, os regimes democr�ticos s�lidos t�m se tornado objeto de cr�ticas de segmentos ativos de suas popula��es, que entendem que a democracia tem de ter uma nova forma de funcionar.
Lopes acredita que o fortalecimento da �tica na pol�tica � um caminho promissor. “Eu aposto nisso, que a crise atual da representa��o pol�tica tem como ingrediente fundamental da sua supera��o o fortalecimento de par�metros �ticos. Quanto mais, melhor. A gente j� teve a [Lei da] Ficha Limpa, mas precisa haver outras formas de fortalecimento de par�metros �ticos.”
Para o cientista, desde 1994, tem havido no Brasil reformas constitucionais que considera "lentas, pontuais e t�midas" e incapazes de atender � demanda dos jovens. “A gente precisa de uma reforma pol�tica ampla, geral e irrestrita. Enquanto n�o se entender que essa � a principal reforma institucional que o pa�s precisa, n�o vai haver um sistema pol�tico que consiga estabelecer uma afinidade efetiva com o conjunto da popula��o, especialmente com os segmentos mais jovens, que v�o ser os futuros eleitores”, argumentou.
A estudante Vit�ria �vila, 16 anos, n�o acredita em mudan�as no cen�rio pol�tico no Brasil. “Debato muito com as pessoas, mas n�o tenho esperan�a em rela��o aos governos do nosso pa�s e do nosso estado”. Ela n�o quis nem mesmo tirar o t�tulo de eleitor. “Vou esperar quando for obrigat�rio.”
J�ssica Rayane Melo da Silva, 17 anos, diferentemente, est� entusiasmada para votar na elei��o de outubro. “Eu acredito, e sempre debato isso na escola, com meus amigos, que a gente pode mudar e que o caminho � esse. � n�o desistir, � continuar lutando e tentar contagiar o maior n�mero de pessoas poss�vel, porque isso faz a diferen�a”, disse.
Com Ag�ncia Brasil