
Nascido em 10 de agosto de 1965, em Recife, Eduardo Henrique Accioly Campos foi colhido pela morte pouco depois de completar 49 anos, no mesmo dia em que, h� nove anos, morreu o seu av�, Miguel Arraes, tr�s vezes governador de Pernambuco, deputado estadual e deputado federal. Um pol�tico de esquerda, que viu o Pal�cio das Princesas cercado pelas tropas do IV Ex�rcito no dia seguinte ao golpe militar de 31 de mar�o de 1964. Ent�o no comando do estado, for�ara usineiros e donos de engenho a estender o pagamento do sal�rio m�nimo aos trabalhadores rurais, dando forte apoio � cria��o de sindicatos, associa��es comunit�rias e �s ligas camponesas. Exilado durante os anos de chumbo, Miguel Arraes retornou ao Brasil em 1979, com a anistia. Foi quando conheceu o neto, filho de Ana Arraes com o genro Maximiano Campos. Eduardo tinha, ent�o, 14 anos.
Tr�s anos depois do reencontro com o av�, o rapaz ingressaria na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no curso de economia. Foi a� onde Eduardo Campos come�ou a milit�ncia, dirigindo o diret�rio acad�mico. Envolvido com a pol�tica, recusou o convite para cursar mestrado nos Estados Unidos quando se formou, em 1987. Preferiu assumir a chefia de gabinete de Miguel Arraes, ent�o governador do estado.
Naquela �poca, Eduardo Campos j� estava apaixonado por Renata, sobrinha de Ariano Suassuna, a quem conhecera na casa daquele que considerava um “segundo pai”. Ele tinha 8 anos e ela, 6, e eram amigos. Aos 15, Eduardo e Renata tornaram-se namorados. Vizinho de frente de Miguel Arraes, Suassuna declarou, este ano, tr�s meses antes de morrer: “Minha sintonia com o governador Eduardo Campos n�o vem somente do discurso, certo? Essas s�o algumas coisas que me fazem ficar ao lado dele. Ele � a grande esperan�a. Get�lio, J�nio, Juscelino e Lula da Silva, para mim, foram os melhores presidentes que o Brasil j� teve. Se Eduardo Campos fizer pelo Brasil metade do que ele fez em Pernambuco, vai ganhar de todos os quatro”.
Da chefia de gabinete do av�, quando ambos estavam filiados ao PMDB, � conquista das urnas, foi um passo. Em 1990, sempre com Miguel Arraes, Campos deixou o barco peemedebista e filiou-se ao PSB, legenda que passou a ser controlada por Arraes, em Pernambuco. Foi no novo partido que Eduardo Campos elegeu-se deputado estadual. Em 1994, elegeu-se deputado federal, tendo Recife como base eleitoral. Foi o mais votado de Pernambuco, obtendo 133.347 votos. Iniciou o mandato no ano seguinte, mas licenciou-se para assumir a Secretaria de Estado de Fazenda, na terceira gest�o de Miguel Arraes como governador.
T�TULOS Nesse tempo, Eduardo Campos viu-se envolvido na denominada “CPI dos Precat�rios”, instalada no Senado Federal para investigar a emiss�o irregular de t�tulos por estados e munic�pios, a pretexto de pagamento de d�vidas judiciais. Levantamento do Tribunal de Contas do Estado (TCE) dava conta de que Pernambuco havia lan�ado 480 mil t�tulos e arrecadado R$ 402 milh�es � �poca, aplicando os recursos obtidos no mercado de capitais. Convocado a depor no Congresso Nacional em mar�o de 1997, Eduardo Campos admitiu ter utilizado o dinheiro para saldar d�vidas. Confirmou tamb�m que o Banco Vetor havia sido contratado sem licita��o pr�via para gerenciar a opera��o. Negou, contudo, a exist�ncia de irregularidades no processo, uma vez que a lei que autorizava o uso do saldo obtivera a san��o do pr�prio Senado. As investiga��es foram encerradas em julho de 1997.
Eduardo Campos reassumiu o mandato de deputado federal em abril de 1998. Candidato � reelei��o nas elei��es gerais de outubro daquele ano, voltou a liderar a vota��o do estado, desta vez, com 173.600 votos. O socialista apoiou, em 2002, a elei��o de Luiz In�cio Lula da Silva (PT), de quem foi ministro da Ci�ncia e Tecnologia no primeiro mandato. Deixou o cargo em 2005, pretendendo disputar o governo de Pernambuco. Naquele mesmo ano, assumiu a presid�ncia nacional do PSB, mantendo, desde ent�o, o controle da legenda no pa�s. Eduardo Campos conquistou o governo em 2006 – mantendo o apoio � reelei��o de Lula – e, em 2010, quando apoiou Dilma Rousseff (PT) � Presid�ncia da Rep�blica, foi novamente eleito ao governo de Pernambuco, com 83% dos votos v�lidos, um recorde percentual na hist�ria das elei��es dos estados brasileiros.
Presid�ncia Decidido a disputar a Presid�ncia da Rep�blica este ano, Eduardo Campos rompeu a alian�a com o PT em setembro do ano passado, declarando que o seu partido deixaria os cargos no governo federal para “ficar � vontade” para “debater” o Brasil. O PSB teve, no governo Dilma, dois postos de primeiro escal�o: o Minist�rio da Integra��o Nacional e a Secretaria de Portos. A partir da�, Eduardo Campos come�ou a trabalhar estrategicamente os apoiamentos pol�ticos para concorrer. Viu, no fato de Marina Silva n�o ter conseguido viabilizar o seu partido pol�tico, a Rede Sustentabilidade, em tempo h�bil para disputar a elei��o presidencial, uma oportunidade para fazer crescer a sua candidatura. Convidou a ex-petista, tamb�m ex-ministra no primeiro mandato do governo Lula, para compor a sua chapa como vice.
Ao conceder a sua �ltima entrevista ontem, ao Jornal Nacional, Eduardo Campos defendeu o fim dos cargos vital�cios em �rg�os da Justi�a e em outros �rg�os. Ele disse ser favor�vel a processos de escolha, que chamou de “de car�ter mais impessoal”, depois de uma sequ�ncia de perguntas relacionadas ao fato de ter apoiado a indica��o de sua m�e, Ana Arraes, para o Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) – e de dois de seus parentes para o Tribunal de Contas do Estado (TCE) de Pernambuco, estado que governou. Esses dois tribunais s�o �rg�os que auxiliam o Poder Legislativo na fiscaliza��o do Executivo. “Na hora em que ela saiu candidata, com apoio do meu partido, se fosse outra pessoa, eu teria apoiado. Por que n�o apoiaria ela, que tinha todos os predicados? E ela tem feito um trabalho no Tribunal de Contas que tem o reconhecimento, inclusive do corpo t�cnico do tribunal”, declarou.
PROMESSAS Eduardo Campos foi tamb�m questionado sobre a compatibilidade entre as promessas que fez na �rea social (escola em tempo integral, passe livre para estudantes, aumento do investimento em seguran�a e sa�de) na �rea econ�mica, de levar a infla��o ao centro da meta (4,5%) no primeiro ano de governo, e a 3% at� o fim do mandato. “� poss�vel, sim. Estamos fazendo contas, para, com planejamento, em quatro anos, trazer a infla��o para o centro da meta, fazer o Brasil voltar a crescer”, declarou.
Eduardo Campos e Renata Campos, que � economista e auditora licenciada do Tribunal de Contas de Pernambuco, tiveram cinco filhos – Maria Eduarda, Jo�o Henrique, Pedro Henrique, Jos� Henrique e Miguel, nascido este ano.
Trajet�ria pol�tica
* 1987 – Chefe de gabinete do ent�o governador de Pernambuco, Miguel Arraes
* 1990 – Filia-se ao PSB e candidata-se a deputado estadual
* 1994 – Eleito deputado federal
* 1995 – Licencia-se do cargo de deputado federal para assumir a Secretaria de Estado de Fazenda em Pernambuco
* 1995 a 1998 – Secret�rio de Fazenda de Pernambuco
* 1999 a 2006 – Deputado federal (licencia-se em
* 2004 para assumir cargo no governo federal; renuncia em 2006 para assumir o governo)
* 2004 a 2005 – Ministro de Ci�ncia e Tecnologia no governo Lula
* 2005 – Presidente nacional do PSB
* 2007 a 2013 – Governador de Pernambuco
* 2014 – Candidato � Presid�ncia pelo PSB