Paulo Roberto Barbalho chegou � rua Luiz da Mota Silveira, onde mora a fam�lia de Eduardo Campos, no bairro de Dois Irm�os, na zona norte do Recife, dirigindo uma moto com uma caixa de som acoplada. Silenciosamente, colocou para tocar o frevo-can��o "Madeira do Rosarinho", de autoria de Jos� Louren�o Barbosa, o Capiba. A m�sica, que tem como refr�o o verso "n�s somos madeira de lei que o cupim n�o roi" � uma esp�cie de hino n�o oficial de Pernambuco que ficou vinculada �s campanhas eleitorais de Campos, e traduz uma de suas caracter�sticas, a disposi��o para enfrentar adversidades e desafios.
Depois de tocar a m�sica, que era a preferida do escritor e dramaturgo paraibano Ariano Suassuna, amigo, correligion�rio e conselheiro de Campos que morreu no �ltimo dia 23, Barbalho pegou o microfone para falar da "dor de Pernambuco" com a morte inesperada do seu l�der pol�tico. "� a minha homenagem a um grande lutador".
Durante a manh�, dezenas de amigos, correligion�rios e familiares visitaram a fam�lia. A vi�va, Renata Campos, permanece na resid�ncia, ao lado dos cinco filhos desde ontem (13). Ela n�o falou com a imprensa e todos os que a foram ver, atestam sua serenidade em meio � grande dor. Ela se mant�m amamentando o filho ca�ula, Miguel, de sete meses e, segundo o procurador-geral do Estado, Aguinaldo Fenelon, pouco fala. "N�s nos abra�amos e nada dissemos", contou. "� nos seus olhos onde se pode ver a imensa dor que Renata est� sentindo".
Motorista
Ex-motorista do ex-governador Miguel Arraes (PSB), que morreu h� nove anos, no mesmo dia da morte do neto, 13 de agosto, Everaldo Proc�pio, 61, estava inconsol�vel. "Perd� o meu amigo, perd� um cabra que me adotou como filho, a quem devo tudo que tenho", disse ele, que conheceu Campos no final d�cada de 1980, quando Arraes voltou do ex�lio na Arg�lia.
Ex-policial militar, ele se tornou amigo da fam�lia de Campos que, � frente do governo estadual, no primeiro mandato, em 2007, fez dele seu assessor na Casa Militar.
Secret�rio estadual da Inf�ncia e da Juventude, muito ligado ao ex-governador Miguel Arraes e a Campos, Pedro Eurico, destacou que Eduardo era uma pessoa "iluminada", que tinha grande coragem e destemor e sabia, ao mesmo tempo, construir amizades, mesmo em se tratando de advers�rios mais radicais. "Ele era protagonista de um novo momento, de um futuro brilhante no Pa�s".