
Bras�lia – A crise na campanha presidencial de Marina Silva cresce na mesma propor��o das justificativas dadas por dirigentes do PSB e da Rede de que tudo est� dentro da normalidade. O coordenador-geral da campanha, Carlos Siqueira, personagem central na hist�ria do PSB, entregou ontem o cargo, disse para Marina “mandar na Rede dela” e acrescentou que ela est� muito longe de representar o legado de Eduardo Campos. “Eu sei o que ele sofreu para manter essa coaliz�o.” Na noite de ontem, o partido anunciou que a ex-prefeita de S�o Paulo e deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) vai assumir no lugar de Siqueira. Segundo a assessoria do PSB, ela vai atuar em conjunto com o deputado licenciado Walter Feldmann. Antes cotado para substituir Siqueira, ele agora ser� coordenador-adjunto da campanha.
O sentimento de Siqueira permeia parte dos integrantes do PSB, embora a c�pula do partido tente reverter a crise. Carlos � um nome hist�rico dos socialistas, foi secret�rio de governo de Miguel Arraes, conhecia Eduardo desde pequeno. Depositou nele as esperan�as de ver o PSB chegar ao Planalto, sen�o agora, que fosse em 2018. Marina, nesse contexto, n�o representa a hist�ria que ele imaginava ser escrita.
A falta de habilidade da nova candidata tamb�m atrapalhou e antecipou a sa�da dos coordenadores. Na quinta-feira da semana passada, um dia depois do acidente que matou Eduardo Campos, Marina j� dizia, internamente, que a coordena��o de campanha apresentava falhas e que era preciso encontrar caminhos para subir nas pesquisas de inten��o de voto. A tens�o foi crescendo at� explodir no encontro realizando na tarde de quarta-feira, na Funda��o Jo�o Mangabeira, quando Marina anunciou que Walter Feldmann, porta-voz da Rede, seria promovido � coordena��o-geral. “Voc� fica onde o PSB quiser que voc� esteja”, disse Marina a Siqueira, provocando a ruptura.
Aliado de Marina, Feldmann negou qualquer possibilidade de distanciamento entre PSB e Rede. “O desabafo de Siqueira tem um cunho pessoal, n�o pol�tico. Para ele, foi particularmente dura a perda do Eduardo e n�s entendemos. Ser� escolhido algu�m para o seu lugar e continuaremos a campanha normalmente”, ponderou Feldmann. Antes da escolha de Erundina, o candidato a vice na chapa, Beto Albuquerque, afirmou que assumiria interinamente a fun��o ao lado de Feldmann.
Integrantes do PSB temem as novas dissens�es, e defendem que a ala pernambucana da legenda atue nesse momento para evitar uma nova debandada. Emiss�rios de Renata Campos e Ana Arraes seriam enviados ontem para Bras�lia para tentar demover Siqueira da sa�da. Desistiram ao descobrir que o ex-coordenador geral da campanha havia voado para S�o Paulo junto com o presidente do PSB, Roberto Amaral. Marina estava em S�o Paulo desde o in�cio da tarde de ontem, gravando para propaganda eleitoral.
Nanicos A viagem n�o tem um tom de reconcilia��o, contudo. Siqueira foi a S�o Paulo arrumar as coisas e fechar o flat que havia alugado para fazer a campanha. Ao lado de outros correligion�rios, ele tem a certeza de que Marina, a quem tratou ontem de “hospedeira”, abandonar� o PSB assim que a Rede for criada. As suspeitas se refor�aram durante encontro da presidenci�vel ontem com presidentes dos partidos aliados. Marina lembrou que � contra a reelei��o e anunciou que, caso seja eleita para o Pal�cio do Planalto, cumprir� apenas quatro anos de mandato.
A titular da chapa tentou minimizar os atritos. “� l�gico que estamos diante de uma situa��o que tem um mal-entendido e que o pr�prio PSB deve esclarecer”, esquivou-se.