Bras�lia - Seis anos antes de ser relan�ada � corrida pelo Pal�cio do Planalto e se tornar a maior amea�a � reelei��o de Dilma Rousseff (PT), a ent�o ministra do Meio Ambiente Marina Silva foi elogiada pelo ent�o presidente Luiz In�cio Lula da Silva por sua "habilidade pol�tica" e "compet�ncia t�cnica", justamente as �reas em que os petistas
agora criticam a candidata do PSB. Lula chegou at� mesmo a compar�-la a Pel� quando ela deixou o minist�rio - e o governo - em maio de 2008."A Marina provou que a sensatez, a habilidade pol�tica, o respeito �s leis e a compet�ncia t�cnica podem trabalhar juntos, quando se instituiu a transversalidade no nosso governo e conseguimos fazer o projeto da rodovia possivelmente mais bem projetada, que foi a BR-163",discursou Lula em 27 de maio de 2008, com Marina ao lado, ao dar posse ao seu sucessor, Carlos Minc.
O elogio do presidente continuava: "(Marina) Soube fazer isso, tamb�m, quando conseguiu organizar o licenciamento para que pud�ssemos fazer o processo de integra��o das bacias do S�o Francisco com o processo de revitaliza��o."
As declara��es de Lula na ocasi�o contrastam com o tom adotado agora por petistas - mais exatamente, desde que pesquisas de inten��o de voto apontaram a ambientalista descolando-se do candidato do PSDB, A�cio Neves, e derrotando a presidente Dilma Rousseff em um eventual segundo turno. Sob condi��o de anonimato, um ministro afirmou ao Estado que Marina foi "uma p�ssima gestora" e que bastaria avaliar "o que ela fez (no governo Lula) e o que atrapalhou a fazer".
Contradi��es
No novo cen�rio, em que Marina aparece como favorita, a campanha de Dilma dedica-se a desconstruir sua imagem, questionando sua capacidade gerencial e recordando suas resist�ncias de outrora a algumas obras de infraestrutura - um discurso diferente do proferido por Lula em 2008.
"Lembro das brigas que criaram entre a Dilma e a Marina. Eram os desenvolvimentistas a qualquer custo contra os ambientalistas a qualquer custo. E eu, que participava das reuni�es com as duas, n�o via a briga que eu lia no jornal", comentou Lula. "(Eu) Olhava se, embaixo da minha mesa, tinha um pequeno an�o que passava a not�cia que eu n�o tinha discutido, porque n�o era poss�vel."
Ao deixar o minist�rio, Marina dizia na carta de demiss�o que ia embora por encontrar dificuldades para "dar prosseguimento � agenda ambiental federal". A demora de sua gest�o para conceder licen�as ambientais virou alvo de cr�ticas e ela enfrentou seguidos embates com Dilma, que tinha pressa em fazer as obras andarem e era ministra-chefe da Casa Civil. Uma queda de bra�o foi a constru��o das hidrel�tricas de Jirau e Santo Ant�nio, em Rond�nia. "Eu sei do tormento que voc� viveu, Marina", afirmou na despedida o presidente, "porque n�o foram poucas as vezes em que conversamos. (...) No primeiro momento, tentou-se vender a ideia seguinte: Marina sai porque � ambientalista e Minc entra porque � desenvolvimentista". E Lula conclu�a: "Nenhuma das duas vers�es � verdadeira".
Como Pel�
Habituado �s compara��es com o futebol, Lula associou a imagem de Marina, em seu discurso, � de Pel�. "Minc, sabe como � que eu me sinto aqui, hoje? Voc� est� lembrado de um jogo, na Copa de 1962, quando o Pel� foi tirado de campo? Colocaram Amarildo e ele fez os dois gols brasileiros. Faz de conta que voc� est� entrando no lugar do Pel�", comparou Lula, acrescentando a dica final: Minc deveria lembrar que "o Pel� n�o era insubstitu�vel".