Bras�lia, 05 - O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa citou pelo menos 32 deputados e senadores, um governador e cinco partidos pol�ticos que receberiam 3% de comiss�o sobre o valor de cada contrato da Petrobras firmados durante sua gest�o na diretoria de Abastecimento da estatal petrol�fera.
Desde a sexta feira passada, 29 de agosto, Costa est� depondo em regime de dela��o premiada para tentar obter o perd�o judicial. Ele � alvo da Opera��o Lava Jato, da Pol�cia Federal, que desmantelou um grande esquema de lavagem de dinheiro e corrup��o na Petrobr�s. S�o depoimentos di�rios que se estenderam por toda semana. O n�mero de pol�ticos citados foi mencionado por Costa nos primeiros depoimentos, mas pode crescer at� o final da dela��o.
Costa relatou a forma��o de um cartel de empreiteiras dentro da Petrobras, em quase todas as �reas da estatal. Partidos pol�ticos eram supostos benefici�rios de recursos desviados por meio de comiss�es em contratos arranjados. E exemplificou: "Todo dia tinha pol�tico batendo em sua porta". Num depoimento, ele citou uma conta de um "operador do PMDB" em um banco europeu.
O ex-diretor contou que os desvios nos contratos da Petrobr�s envolveriam desde o funcion�rio do terceiro escal�o at� a c�pula da empresa, durante sua gest�o na diretoria de Abastecimento, entre 2004 e 2012.
O ex-executivo tamb�m citou quase todas as grandes empreiteiras do Pa�s que conseguiram os contratos. Inicialmente seu alvo foram as empresas, mas n�o havia como isentar os pol�ticos, uma vez que, segundo ele, foram beneficiados com propinas. Por causa da cita��o aos pol�ticos, que t�m foro privilegiado, os depoimentos ser�o remedidos para a Procuradoria Geral da Rep�blica. A PGR afirmou que s� ir� receber a documenta��o ao final do processo de dela��o.
Perd�o judicial
O acordo de dela��o premiada assinado por Paulo Roberto prev� praticamente o perd�o judicial. A pena que ele receber� ser� m�nima comparada aos 50 anos que poderia pegar se responder aos processos - j� � r�u em duas a��es, uma sobre corrup��o na Petrobr�s e outra sobre oculta��o e destrui��o de documentos.
O acordo prev� que o ex-executivo ser� colocado em liberdade quando encerrar os depoimentos. Ele deve ficar um ano usando tornozeleira eletr�nica, em casa, no Rio, sem poder sair na rua.
Os depoimentos t�m sido longos. No primeiro dia foram mais de quatro horas. Um advogado do Paran� que esteve com ele diz que Costa est� "exausto, mas se diz aliviado". O ex-executivo teria demonstrado preocupa��o apenas quando soube que a imprensa noticiou a dela��o premiada. Seu temor � se tornar um "arquivo vivo".
Os depoimentos s�o todos filmados e tomados em uma sala na Cust�dia da PF em Curitiba. Ao final de cada dia os depoimentos s�o lacrados e criptografados pelo Minist�rio P�blico Federal, que os envia diretamente para a PGR, em Bras�lia. A PGR mandou emiss�rio a Curitiba no in�cio do processo de dela��o.
Doleiro
O doleiro Alberto Youssef, tamb�m preso acusado de ser um dos cabe�as do esquema desbaratado pela Lava Jato, tamb�m tentou negociar com o Minist�rio P�blico Federal uma nova dela��o premiada (ele fez a primeira no caso do Banestado, em 2003), mas desistiu ao ser informado que pegaria pelo menos 3 anos de pris�o, em regime fechado.