Bras�lia, 05 - A presidente Dilma Rousseff tentou hoje desfazer o mal estar com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, por ter admitido que ele n�o ficar� em eventual segundo mandato. Antes de chegar a Bras�lia no fim da tarde, ap�s cancelar uma agenda de campanha em Laguna (SC), Dilma pediu a dois ministros que conversassem com o titular da Fazenda.
Mantega evitou nesta sexta-feira, 5, os jornalistas e entrou com o carro oficial pela garagem do Minist�rio, uma pr�tica pouco habitual.
Emiss�rios do Pal�cio do Planalto que conversaram com ele por determina��o de Dilma garantiram que a presidente apenas fez uma declara��o gen�rica, com o mesmo teor da v�spera, sobre "renova��o de governo e de equipe", ap�s evento de campanha em Fortaleza, sem se referir especificamente a qualquer ministro.
"Elei��o nova, governo novo, equipe nova", afirmou Dilma em Fortaleza, ao responder a perguntas de rep�rteres sobre o futuro de Mantega. H� quase tr�s meses o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva tem recomendado a Dilma que ela diga "claramente" o que vai fazer com a economia. At� agora, a candidata � reelei��o havia resistido a sinalizar para novos rumos na economia, mas cedeu � press�o ap�s o crescimento da advers�ria Marina Silva (PSB).
A "demiss�o" antecipada do titular da Fazenda provocou ontem desconforto na equipe econ�mica, que, nos �ltimos dias, teve de lidar com o quadro de recess�o t�cnica do Pa�s.
A indica��o de Dilma de que vai renovar o time num eventual segundo mandato acabou expondo at� mesmo o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e a diretoria da institui��o, deixando toda a equipe mais fragilizada para defender a pol�tica econ�mica dos ataques dos advers�rios do PT na campanha. Tombini sempre foi um dos nomes mais citados para ocupar o cargo de Mantega em caso de reelei��o.
Foi recorrente no Minist�rio da Fazenda a lembran�a de que a pr�pria presidente conduziu com m�o de ferro a diretriz da pol�tica econ�mica desde o in�cio de seu governo, em 2011. Dilma deixou pouco espa�o para discord�ncias, principalmente em rela��o �s sucessivas desonera��es de tributos e amplia��o dos subs�dios governamentais para diversos setores.
Uma das principais cr�ticas a Mantega, feitas por t�cnicos do Minist�rio, � justamente a de que ele nunca conseguiu ser "o ministro do n�o", �nus que muitas vezes cabe ao titular do cargo.
A percep��o dos t�cnicos de escal�es mais altos da �rea econ�mica � de que a presidente n�o precisava expor a sua equipe neste momento de ataques mais fortes de Marina Silva, hoje a principal advers�ria de Dilma. Marina aproveitou a deixa e criticou a declara��o de Dilma ao dizer que o movimento de mudan�a da equipe "pode ter vindo tarde".
A quest�o agora, como destacou um integrante da equipe econ�mica, � saber se o sinal dado pela presidente vale tamb�m para o secret�rio do Tesouro Nacional, Arno Augustin, que ainda mant�m for�a e prest�gio no governo, embora j� tenha sido criticado publicamente pelo ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva.
Novo na equipe e � frente da interlocu��o do governo com o mercado nas negocia��es sobre o desenho de financiamento nas concess�es, o secret�rio executivo do Minist�rio da Fazenda, Paulo Caffarelli, continua com chances de ocupar um cargo na equipe econ�mica de um segundo mandato da presidente.