
Ela repetiu que deseja ter acesso �s informa��es para saber como agir. Lembrou que a pr�pria revista disse que o depoimento estava criptografado e guardado em um cofre. Mas deixou impl�cito que a situa��o de Lob�o no governo n�o � imut�vel. “Eu preciso dos dados que digam respeito ou tenham alguma interfer�ncia com o meu governo. Enquanto n�o me derem os dados oficialmente, eu n�o tenho como tomar uma provid�ncia. Ao ter os dados, tomarei todas a provid�ncias cab�veis, inclusive se tiver que tomar medidas mais fortes”, completou.
O desfile c�vico-militar na Esplanada n�o contou com a presen�a de nenhum dos delatados por Paulo Roberto Costa. Al�m do ministro Edison Lob�o, tamb�m n�o compareceram os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da C�mara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), este �ltimo candidato ao governo potiguar. Em 2013, os parlamentares peemedebistas tamb�m n�o apareceram por outros motivos – eles temiam poss�veis manifesta��es de rua, sobretudo ap�s a C�mara ter mantido, naquele ano, o mandato de Natan Donadon (PMDB-RO), que est� preso na Papuda. O deputado foi cassado posteriormente.
Corrup��o
Uma das poucas autoridades presentes ao desfile, Carvalho disse ontem que o vazamento de informa��es sobre os depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto da Costa ao Minist�rio P�blico Federal tem cunho eleitoral e objetivo de mudar o rumo da campanha. Questionado se o Planalto � incapaz de combater as supostas pr�ticas denunciadas por Costa na base aliada, Carvalho disse que, com o financiamento empresarial das campanhas, “n�o h� quem controle a corrup��o”. “Isso � com todos os partidos. N�o h�, infelizmente, nenhuma exce��o”, disse o ministro.
A presidente, por sua vez, deixou o evento sem falar com a imprensa. Ela assistiu ao desfile ao lado do vice-presidente Michel Temer (PMDB), que no s�bado defendeu seu partido – que abriga parte dos pol�ticos apontados por Costa – das acusa��es. Dilma trocou poucas palavras com Temer e as outras autoridades presentes. Antes de subir em um camarote em frente ao Minist�rio da Defesa, a petista subiu a Esplanada em um Rolls-Royce. De p� e emocionada, acenou para as arquibancadas. Recebeu algumas vaias, que ficaram baixas em meio a aplausos e gritos.
Entre as autoridades presentes ao desfile, estavam o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), o chefe da Advocacia-Geral da Uni�o (AGU), Lu�s Adams, e o ministro da Defesa, Celso Amorim. Carvalho disse que “vazamento � uma coisa, em geral, dirigida”. “Advogados vazam dados para proteger um e beneficiar outro. N�s n�o estamos aceitando esse processo como um processo, por enquanto, real”, comentou o ministro. Para Carvalho, as den�ncias n�o alteram a corrida eleitoral. “N�o acredito que uma not�cia, com alarde que ganha, possa interferir no destino de uma elei��o”, minimizou, embora a campanha petista esteja em alerta.
O Estado de Minas apurou que o Planalto acompanha de perto o depoimento. Integrantes do alto escal�o da Petrobras admitiram que todos na estatal est�o angustiados e apreensivos. “Mais uma vez, � o nome da empresa que est� sendo jogado na lama”, disse um integrante da diretoria. Mesmo que a presidente seja informada par e passo da dela��o, � preciso esperar que todo o depoimento seja conclu�do e que o Minist�rio P�blico confirme a veracidade das acusa��es para que o governo possa tomar alguma decis�o jur�dica sobre o caso. A Pol�cia Federal ainda n�o abriu investiga��o para apurar o poss�vel vazamento.

Entenda o esquema
» Em mar�o, a Pol�cia Federal prendeu, durante a Opera��o Lava a Jato, o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa (foto). Ele era acusado de ter envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, que teria desviado R$ 10 bilh�es. Ele foi acusado de lavagem de dinheiro e evas�o de divisas.
» Costa, � �poca, era investigado pelo Minist�rio P�blico Federal pela compra da refinaria de Pasadena, no Texas, neg�cio que teria causado um preju�zo de R$ 1 bilh�o � estatal. Quando foi preso, em casa, ele tentava destruir prova de seus neg�cios com o doleiro por meio de uma empresa de consultoria que montou cinco meses depois de deixar a Petrobras. Na casa do ex-diretor, foram apreendidos R$ 700 mil e US$ 200 mil em esp�cie.
» Em abril, com o aprofundamento das investiga��es, a Pol�cia Federal fez uma investida tamb�m nos nomes da mulher e dos filhos de Costa. De acordo documentos apreendidos, a fam�lia, incluindo os genros, gastou mais de R$ 10 milh�es em im�veis e em uma lancha de alto padr�o, nos �ltimos cinco anos.
» Em agosto, incomodado com a investida dos federais nos neg�cios de sua fam�lia e diante da troca de seu advogado, o ex-dirigente negociou com o Minist�rio P�blico Federal a dela��o premiada. Para isso, teria que apresentar fatos novos e provas das acusa��es.
» As sess�es de depoimento para dela��o tiveram in�cio no dia 29 de agosto e foram acompanhados por representantes do Minist�rio P�blico Federal, PF e o advogado de Costa. Neles, o ex-diretor da Petrobras disse que pol�ticos dos partidos PP, PT, PMBD e PSB recebiam propina de 3% do valor de contratos da estatal para financiar suas campanhas.
» Segundo a revista Veja, Costa denunciou que participavam do esquema empreiteiras, o ministro de Minas e Energia, Edison Lob�o (PMDB-MA), os governadores e ex-governadores Eduardo Campos (PSB-PE), Roseana Sarney (PMDB-MA) e S�rgio Cabral (PMDB-RJ), al�m dos deputados C�ndido Vaccarezza (PT-SP), Henrique Eduardo Alves (PMDB- RN), Jo�o Pizzolatti (PP-SC), M�rio Negromonte (PP-BA), e dos senadoresS Ciro Nogueira (PP-PI), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Juc� (PMDB-RR). Afirmou ainda que o intermedi�rio das transa��es era o tesoureiro do PT, Jo�o Vaccari Neto (SP).
» Na sexta-feira, os depoimentos de Costa, que foram todos gravados e criptografados, foram remetidos ao ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavasck, para an�lise. At� ser concedido o benef�cio da dela��o premiada, todas as acusa��es do ex-dirigente ter�o que ser investigadas pela PF. Caso se comprovem, Costa pode cumprir uma pena, que chegaria a 50 anos, em liberdade, com o simples uso de tornozeleiras.