Isabella Souto

Para que 15,2 milh�es de eleitores mineiros possam escolher os pr�ximos governantes e os parlamentares federais e estaduais, um ex�rcito de 242 mil pessoas entrar� em a��o neste domingo. S�o mes�rios, policiais, ju�zes, promotores de Justi�a, t�cnicos em inform�tica, motoristas, servidores p�blicos e estagi�rios, sem os quais a express�o m�xima da democracia de um pa�s n�o se concretizaria. O trabalho dessas pessoas vai desde o transporte das urnas at� o atendimento ao eleitor. Da seguran�a nas ruas � garantia da lisura na disputa.
“N�o tem um procedimento mais coletivo que uma elei��o. Ningu�m faz uma elei��o sozinho. � um contingente muito grande de pessoas em que todos s�o essenciais”, resume N�gila Aguiar, chefe do cart�rio eleitoral de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, com a experi�ncia de quem j� conduziu nove elei��es – incluindo a disputa extempor�nea do ano passado. Nos �ltimos meses, coube a ela a tarefa de supervisionar a convoca��o de mes�rios, treinamento, inspe��o nos locais de vota��o, atendimento ao eleitor, fiscaliza��o das propagandas dos candidatos e a prepara��o das urnas.
E gra�as ao equipamento, a jornada dela come�ar� �s 4h de hoje. Nesse hor�rio, as urnas das se��es localizadas nos distritos de Diamantina ser�o liberadas. �s 7h, o trabalho continua. At� o final das elei��es, ela permanece na sede do cart�rio a postos para resolver poss�veis “pepinos” ao longo da vota��o. “O momento agora � de desespero. Mas � um trabalho que voc� se sente realizada, voc� v� o resultado. N�o tem rotina e voc� sente que fez a diferen�a”, diz ela. O momento mais emocionante para ela? Ver as urnas sendo levadas de madrugada, hor�rio em que boa parte dos eleitores ainda dorme.
E s�o homens como o auxiliar administrativo Jos� Osman que garantem o funcionamento da urna eletr�nica. Ele estar� de prontid�o �s 6h para o caso de algum aparelho apresentar defeito e necessitar de substitui��o. Depois da vota��o, ter� a miss�o de receber as urnas, conferir e encaminhar para o local de apura��o. Prestador de servi�o de uma empresa contratada pela Justi�a Eleitoral desde 1º de setembro, ele j� deu carga em urnas, ajudou na montagem de kits para mes�rios e realizou testes de l�mpadas e tomadas nos locais de vota��o.
Aos 61 anos, Jos� Osman j� perdeu as contas de em quantas elei��es trabalhou. Ele s� sabe que atuou pela primeira vez em 1973, como mes�rio. Anos depois, foi escrutinador (quem integra a equipe de contagem de votos), e mais tarde ficou respons�vel pelo transporte das urnas. Depois de concluir o curso de t�cnico de inform�tica, pela terceira vez foi escalado para o suporte das urnas. “� um trabalho muito bom, sem falar que � uma satisfa��o ver o progresso do pa�s”, pondera.
Discurso semelhante tem o sargento Jonathas Rocha, militar h� oito anos e escalado para trabalhar em uma elei��o pela quinta vez. Ele faz parte de um grupo de 38 mil homens que atuar�o hoje para garantir a seguran�a de eleitores e o cumprimento da legisla��o eleitoral pelos candidatos e apoiadores. Ao militar, caber� uma tarefa administrativa: a apura��o de dados relacionados a ocorr�ncias, tais como o tipo de crime, envolvidos e encaminhamentos.
Em anos anteriores, o sargento teve uma atua��o no policiamento ostensivo, para evitar crimes como a boca de urna e panfletagem nos locais de vota��o – pr�ticas vedadas por lei. Um fato ele guarda na mem�ria: durante o trabalho, presenciou um militante jogando santinhos de um candidato em frente a ele. “Achamos aquilo um desafio, e felizmente ele se deu mal”, recorda. Segundo o PM, “atuar nas elei��es � ajudar as pessoas a exercer a cidadania”.
Sonho
Entre os estreantes nas elei��es est� a artista pl�stica Dalva de Senna. Aos 80 anos, ela vai realizar pela primeira vez um sonho antigo: ser mes�ria. “Acho que a gente deve cumprir a tarefa em favor do pa�s. Sempre tive vontade de trabalhar em elei��es, mas tinha menino pequeno e n�o podia. Agora, fui indicada por uma amiga e me chamaram”, diz ela, que est� escalada para chegar � se��o de vota��o �s 7h. Dalva ser� terceira mes�ria, ou seja, aquela pessoa que recebe o t�tulo das m�os do eleitor e repassa para o mes�rio encarregado de conferir os dados. Tamb�m caber� a ela entregar o comprovante de vota��o ao eleitor.
Outra que vai participar pela primeira vez de uma elei��o � a estudante de direito Daniela Castro Gamboa. Estagi�ria do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) no setor de propaganda eleitoral, ela vai passar algumas horas de hoje na central de den�ncias do �rg�o, orientando as pessoas que apresentarem casos de irregularidades durante o hor�rio de vota��o. “Para mim, essa � uma forma de participar da pol�tica mais de perto, de uma forma mais ativa. � uma oportunidade �nica”, afirma. Nos seis meses em que trabalha no TRE, lidou com os casos de propaganda eleitoral e acompanhou o processo de registro de candidaturas. “Agora terei a oportunidade de ver a finaliza��o de tudo”, completa.
Batalh�o eleitoral
190 mil mes�rios
38 mil policiais militares
8 mil policiais civis
2.259 servidores da Justi�a Eleitoral
1.540 t�cnicos de urna
700 servidores de Minist�rio P�blico
455 policiais federais
358 ju�zes
351 promotores de Justi�a
218 estagi�rios
133 t�cnicos de transmiss�o