Resultado da urna exp�e pa�s polarizado entre PT e PSDB

S�o Paulo - Pela sexta disputa presidencial seguida PT e PSDB v�o ao 2.º turno para decidir quem governa o Brasil nos quatro anos seguintes - uma polariza��o que j� pode ser descrita como s�mbolo de uma �poca. A virada do tucano A�cio Neves sobre Marina Silva (PSB) na semana final da campanha garante que, de novo, os dois partidos dominar�o a cena no combate final.

Dos cinco embates ocorridos desde 1994, o PT venceu tr�s, mas os dois vencidos pelo PSDB foram decididos em 1.º turno - ambos gra�as a Fernando Henrique Cardoso, em 1994 e 1998. Nesses vinte anos, seis pol�ticos entraram nesse fechado clube de finalistas - Luiz In�cio Lula da Silva e Dilma Rousseff pelo PT, e do lado tucano FHC, Jos� Serra, Geraldo Alckmin e agora A�cio Neves.

Dois grandes projetos comp�em o pano de fundo desses 20 anos de combate eleitoral. De um lado o Plano Real, que embalou os tucanos nos anos 90 e lhes garantiu dois mandatos. Lula rompeu esse ciclo e, com o Bolsa Fam�lia, garantiu o predom�nio do PT desde ent�o. Num balan�o desse per�odo, o cientista pol�tico Marcos Nobre avaliou que o sucesso eleitoral dos programas sociais permitiu a Lula "ampliar de tal maneira o centro pol�tico que a polariza��o praticamente desapareceu" e que ao PSDB sobrou a alternativa de "aderir ou encantoar-se na extrema direita".

E cada uma das cinco elei��es teve um fator decisivo. Em 1994, o tucano FHC galopou no sucesso do Plano Real, ganhando com folga no 1.º turno. Quatro anos depois, em tempos de crise, ele vendeu a ideia de que era melhor mant�-lo no cargo do que d�-lo a um novato - e venceu Lula de novo. A virada do PT come�ou em 2002, quando Lula derrotou Jos� Serra. O petista repetiu o feito em 2006, sobrevivendo ao mensal�o para derrotar Geraldo Alckmin. Em 2010, Dilma Rousseff, carregada por Lula, derrotou Jos� Serra.

'Cl�ssico'

No final da manh� deste domingo, 5, a polariza��o j� era dada como certa pelos l�deres dos dois lados. Perguntado se haveria novo "cl�ssico" entre PT e PSDB, Lula disse, no ABC: "Acho que sim, n�o se inventa candidatura de �ltima hora" - uma refer�ncia � derrota da candidata Marina Silva (PSB).

Em S�o Paulo, Fernando Henrique batia na mesma tecla e dizia que "ele (A�cio) ganhando, Marina ter� de vir para o nosso lado". O prefeito paulistano Fernando Haddad foi mais longe: "Sempre acreditei na polariza��o, porque PT e PSDB s�o os partidos mais estruturados".

Para o cientista pol�tico F�bio Wanderley Reis, da UFMG, a polariza��o � um fen�meno �til ao Pa�s: "Acho positiva essa disputa entre dois grandes grupos". Sua explica��o � que esse processo ajuda a criar, entre os brasileiros, "a expectativa de consolida��o de um sistema bipartid�rio e simplificado,", Que, resume o professor, "� uma proje��o direta do processo que o Pa�s tem vivido".