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Estado de Minas

PT ganhava entre 2% e 3% de propina em contratos, revela ex-diretor da Petrobras

Em depoimento � Justi�a, Paulo Roberto Costa disse tamb�m que o PT era a legenda que tinha mais diretorias na empresa e, por isso, o partido que recebia mais recursos ilegais


postado em 09/10/2014 14:32 / atualizado em 09/10/2014 15:48

Ainda segundo Paulo Roberto, era João Vaccari, tesoureiro informal do PT, quem arrecadava o dinheiro(foto: ANDRE DUSEK/ESTADAO CONTEUDO)
Ainda segundo Paulo Roberto, era Jo�o Vaccari, tesoureiro informal do PT, quem arrecadava o dinheiro (foto: ANDRE DUSEK/ESTADAO CONTEUDO)

Em depoimento � 13ª Vara Federal, o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que acusou pol�ticos do PT, PMDB e PP de receberem recursos de propina para campanhas pol�ticas em 2010, disse tamb�m que o Partido dos Trabalhadores ficava com 2% a 3% dos valores dos contratos superfaturados na empresa. Segundo seu depoimento, o PT era o partido que tinha mais diretorias na estatal e, por isso, o que recebia mais recursos ilegais em contratos com as maiores empreiteiras do pa�s.

De acordo com ele, a margem de lucro das grandes obras deveria ser de 10% a 20%, mas as construtoras acrescentavam 3% a t�tulo de “ajuste pol�tico”, em licita��es que eram acertadas antes entre as empresas de um cartel. Nas diretorias G�s e de Explora��o, a comiss�o era integral para os petistas. Na de Servi�os, respons�vel por organizar a licita��o das outras �reas da empresa, o PT ficava com 2%.

Ainda segundo Paulo Roberto, era Jo�o Vaccari, o tesoureiro informal do PT, quem arrecadava o dinheiro. “A liga��o que o diretor do PT tinha era com o tesoureiro do PT, senhor. Jo�o Vaccari. A liga��o era diretamente com ele”, disse o ex-diretor, r�u na Opera��o Lava-Jato e que firmou acordo de dela��o premiada para confessar crimes e auxiliar na investiga��o em troca de redu��o da pena.

O PP, que comandava a Diretoria de Abastecimento, ficava com 1%. Os outros 2% eram "para atender ao PT". No esquema pepista, a atividade era conduzida pelo ex-l�der do partido na C�mara Jos� Janene (PR), morto em 2010, e, depois, pelo doleiro Alberto Youssef.

No PMDB, que comandava a Diretoria de Internacional, a corrup��o era paga aos peemedebistas. Os pagamentos eram operados pelo lobista Fernando Soares, o “Fernando Baiano”. Na subsidi�ria da estatal Transpetro, comandada pelo ex-senador S�rgio Machado (PMDB-CE), tamb�m havia corrup��o. Paulo Roberto disse ter recebido R$ 500 mil das m�os de Machado entre 2009 e 2010 no apartamento do ex-parlamentar no Rio de Janeiro. O motivo seria a contrata��o de “alguns navios”, neg�cio que passou pela Diretoria de Abastecimento. “Foi entregue diretamente por ele”, confirmou o r�u.

Antes e depois que saiu da PetrobrAs, o pr�prio Paulo Roberto recebia propinas. Do valor de 1% destinado ao PP, em m�dia 60% iam para o partido e 20% se destinavam a despesas operacionais. Nos 20% restantes, Paulo Roberto ficava com 70% e o restante com Janene ou Youssef. Em uma ocasi�o, o ex-diretor ganhou um carro do doleiro como pagamento.

Quando saiu da Petrobras, em 2012, Paulo Roberto abriu uma firma de consultoria, na qual confessou fazer contratos simulados para receber recursos das empresas fornecedoras da Petrobras. Em 2013, ele recebeu “pend�ncias” da �poca em que era diretor por meio de supostas consultorias prestadas �s empresas.

Ou�a os �udios do depoimento de Paulo Roberto Costa � Justi�a







Nomes ocultos

Os nomes dos pol�ticos que receberam propinas ou participaram de outras irregularidades na Petrobras ser�o revelados � sociedade “no momento adequado” pelo Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou ontem o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, S�rgio Fernando Moro. Ele fez a declara��o ao alertar o r�u e ex-diretor Paulo Roberto Costa para n�o citar ministros, deputados e senadores envolvidos no caso porque eles t�m foro privilegiado na Corte m�xima brasileira. Ontem, o ex-executivo disse que pol�ticos do PT, PMDB e PP se beneficiaram do dinheiro de corrup��o para usar na campanha eleitoral de 2010.

O juiz impediu Paulo Roberto de mencionar o nome de autoridades. “Vou fazer o seguinte alerta. Nas suas respostas, eu vou pedir que o senhor n�o decline o nome de autoridades com foro perante o Supremo Tribunal Federal. O senhor pode se referir a ‘agentes pol�ticos’, ‘agentes p�blicos’, mas n�o vamos nomin�-los por uma quest�o de respeito ao Supremo”, advertiu o juiz. O temor de Moro e dos investigadores � que simples men��es sejam usadas por advogados para anular o processo ou envi�-lo a Bras�lia, atrasando o julgamento e tumultuando a investiga�o da Opera��o Lava-jato.

“Evidentemente, isso vai vir a p�blico no momento adequado, segundo as decis�es do Supremo Tribunal Federal”, disse Moro a Paulo Roberto.

A oitiva foi feita na tarde de quarta-feira (8) ap�s Paulo Roberto ter assumido um acordo de dela��o premiada com o Minist�rio P�blico. Conforme prev� o acordo, a imagem do delator deve ser preservada. Por isso, o depoimento de ontem foi gravado em v�deo, como sempre acontece, mas a c�mera foi posicionada para o teto da sala de audi�ncias, de modo a se ouvir apenas a voz do acusado. Pelo combinado entre a defesa do r�u e o MPF, Paulo Roberto n�o poderia ficar em sil�ncio e nem mentir, sob pena de perder os benef�cios do trato, que prev� redu��o da puni��o caso preste informa��es que realmente colaborem para a investiga��o.

Indica��es pol�ticas

Engenheiro mec�nico concursado, entrou em 1997 na Petrobras, o r�u chegou em 2004 ao cargo de diretoria na estatal indicado pelo PP, partido ent�o liderado na C�mara pelo deputado Jos� Janene (PR). Paulo Roberto disse que a empresa sempre coloca pessoas indicadas politicamente para cargos-chave. “Ningu�m chega a general se n�o for indicado”, afirmou. “As diretorias da Petrobras, quer sejam no governo Sarney, quer sejam no governo Collor, quer sejam no governo Itamar Franco, quer sejam no governo Fernando Henrique, quer sejam nos governos do presidente Lula, foram sempre por indica��o pol�tica. Eu fui indicado pelo PP para assumir essa diretoria de Abastecimento.”

Essa indica��o era de conhecimento dos presidentes da estatal de sua �poca, o ex-senador Jos� Eduardo Dutra (PT-SE) e Jos� S�rgio Gabrielli. Paulo Roberto disse que conheceu Janene e outras pessoas do partido depois de sua indica��o para o cargo de diretoria.


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