
Marina Silva (PSB) declarou apoio ao candidato A�cio Neves (PSDB) no segundo turno das elei��es presidenciais de 2014. O anuncio foi feito em uma entrevista coletiva na manh� deste domingo. Marina assumiu a corrida eleitoral pelo PSB ap�s a morte de Eduardo Campos e terminou em terceiro lugar no primeiro turno.
Durante o pronunciamento, ela lembrou a visita de A�cio a Pernambuco, quando o candidato apresentou o documento “Juntos pela Democracia, pela Inclus�o Social e pelo Desenvolvimento Sustent�vel”, com seus compromissos caso seja eleito. “Quero, de in�cio, deixar claro que entendo esse documento como uma carta compromisso com os brasileiros, com a na��o. Rejeito qualquer interpreta��o de que seja dirigida a mim, em busca de apoio”, disse. “Os compromissos explicitados e assinados por A�cio tem como �nica destinat�ria a na��o e a ela deve ser dada satisfa��o sobre seu cumprimento. E � apenas nessa condi��o que os avaliei para orientar minha posi��o neste segundo turno das elei��es presidenciais”.
Marina ressaltou a import�ncia da altern�ncia de poder no Brasil e anunciou o apoio ao candidato do PSDB. “Votarei em A�cio e o apoiarei, votando nesses compromissos, dando um car�ter de confian�a � sinceridade de prop�sitos do candidato e de seu partido e, principalmente, entregando � sociedade brasileira a tarefa de exigir que sejam cumpridos.” A ex-senadora j� participou do programa de A�cio no hor�rio eleitoral deste domingo.
Compromisso
Entre os pontos acordados est� o compromisso com a reforma agr�ria, o fim da reelei��o e a elabora��o de um projeto de lei que transforme o Bolsa Fam�lia em pol�tica de Estado. “Compromissos avan�ados com a educa��o, assumindo a educa��o em tempo integral, que Eduardo Campos tanto se esfor�ava para mostrar que fez a diferen�a na qualidade do ensino em Pernambuco”, acrescentou, durante o pronunciamento sobre os termos do documento.
Tamb�m fazem parte do compromisso assinado pelo candidato uma s�rie de pautas s�cio-ambientais, como o fim do desmatamento e a manuten��o da prerrogativa do Executivo na demarca��o de terras ind�genas. “In�dita determina��o de preparar o pa�s para as mudan�as clim�ticas e fazer a transi��o para uma economia de baixo carbono, assumindo protagonismo global nessa �rea”, elogiou a ex-ministra do Meio Ambiente.
Marina ressaltou que sua decis�o foi tomada ap�s todos os partidos de sua base de apoio manifestarem as posi��es, em sua maioria, favor�veis a A�cio Neves. “A minha posi��o nesse momento tem um lastro daqueles que me empoderaram para liderar a campanha pol�tica no primeiro turno. E respaldada por esse lastro, ap�s conversar com muitas pessoas, refleti sobre o momento importante que o nosso pa�s est� vivendo”. Com Ag�ncia Brasil
Confira na �ntegra o pronunciamento de Marina Silva
"Ontem, em Recife, o candidato A�cio Neves apresentou o documento “Juntos pela Democracia, pela Inclus�o Social e pelo Desenvolvimento Sustent�vel”. Quero, de in�cio, deixar claro que entendo esse documento como uma carta compromisso com os brasileiros, com a na��o. Rejeito qualquer interpreta��o de que seja dirigida a mim, em busca de apoio.
Seria um amesquinhamento dos prop�sitos manifestados por A�cio imaginar que eles se dirigem a uma pessoa e n�o aos cidad�os e cidad�s brasileiros. E seria um equ�voco absoluto e uma ofensa imaginar que me tomo por detentora de poderes que s�o do povo ou que poderia vir a ser individualmente destinat�ria de promessas ou compromissos.
Os compromissos explicitados e assinados por A�cio tem como �nica destinat�ria a na��o e a ela deve ser dada satisfa��o sobre seu cumprimento. E � apenas nessa condi��o que os avaliei para orientar minha posi��o neste segundo turno das elei��es presidenciais. Estamos vivendo nestas elei��es uma experi�ncia intensa dos desafios da pol�tica. Para mim eles come�aram h� um ano, quando fiz com Eduardo Campos a alian�a que nos trouxe at� aqui.
Pela primeira vez, a coliga��o de partidos se dava exclusivamente por meio de um programa, colocando as solu��es para o pa�s acima dos interesses espec�ficos de cada um. Em curto espa�o de tempo, e sofrendo os ataques destrutivos de uma pol�tica patrimonialista, atrasada e movida por projetos de poder pelo poder, mantivemos nosso rumo, amadurecemos, fizemos a nova pol�tica na pr�tica.
Os partidos de nossa alian�a tomaram suas decis�es e as anunciaram. Hoje estou diante de minha decis�o como cidad� e como parte do debate que est� estabelecido na sociedade brasileira.
Me posicionarei.
Prefiro ser criticada lutando por aquilo que acredito ser o melhor para o Brasil do que me tornar prisioneira do labirinto da defesa do meu interesse pr�prio, onde todos os caminhos e portas que percorresse e passasse s� me levariam ao abismo de meus interesses pessoais.
A pol�tica para mim n�o pode ser apenas, como diz Bauman, a arte de prometer as mesmas coisas. Parodiando-o, eu digo que n�o pode ser a arte de fazer as mesmas coisas. Ou seja, as velhas alian�as pragm�ticas, desqualificadas, sem o suporte de um programa a partir do qual dialogar com a na��o.
Vejo no documento assinado por A�cio mais um elo no encadeamento de momentos hist�ricos que fizeram bem ao Brasil e constru�ram a plataforma sobre a qual nos erguemos nas �ltimas d�cadas. Ao final da Presid�ncia de Fernando Henrique Cardoso, a sociedade brasileira demonstrou que queria a altern�ncia de poder, mas n�o a perda da estabilidade econ�mica.
E isso foi inequivocamente acatado pelo ent�o candidato da oposi��o, Luiz In�cio Lula da Silva, num reconhecimento do m�rito de seu antecessor e de que precisaria dessas conquistas para levar adiante o seu projeto de governo.
Agora, novamente, temos um momento em que a altern�ncia de poder far� bem ao Brasil, e o que precisa ser reafirmado � o caminho dos avan�os sociais, mas com gest�o competente do Estado e com estabilidade econ�mica, agora abalada com a volta da infla��o e a inseguran�a trazida pelo desmantelamento de importantes institui��es p�blicas.
A�cio retoma o fio da meada virtuoso e corretamente manifesta-se na forma de um compromisso forte, a exemplo de Lula em 2002, que assumiu compromissos com a manuten��o do Plano Real, abrindo di�logo com os setores produtivos.
Doze anos depois, temos um passo adiante, uma segunda carta aos brasileiros, intitulada: “Juntos pela democracia, a inclus�o social e o desenvolvimento sustent�vel”.
Destaco os compromissos que me parecem cruciais na carta de A�cio:
-O respeito aos valores democr�ticos, a amplia��o dos espa�os de exerc�cio da democracia e o resgate das institui��es de Estado.
-A valoriza��o da diversidade sociocultural brasileira e o combate a toda forma de discrimina��o.
-A reforma pol�tica, a come�ar pelo fim da reelei��o para cargos executivos, que tem sido fonte de corrup��o e mau uso das institui��es de Estado.
-Sermos capazes de entender que, no mundo atual, a amplia��o da participa��o popular no processo deliberativo, atrav�s da utiliza��o das redes sociais, de conselhos e das audi�ncias p�blicas sobre temas importantes, n�o se choca com os princ�pios da democracia representativa, que t�m que ser preservados.
-Compromissos sociais avan�ados com a Educa��o, a Sa�de, a Reforma Agr�ria.
-Preven��o frente a vulnerabilidade da juventude, rejeitando a preval�ncia da �tica da puni��o.
-Lei para o Bolsa Fam�lia, transformando-o em programa de Estado
-Compromissos socioambientais de desmatamento zero, pol�ticas corretas de Unidades de Conserva��o, trato adequado da quest�o energ�tica, com diversifica��o de fontes e gera��o distribu�da.
-In�dita determina��o de preparar o pa�s para enfrentar as mudan�as clim�ticas e fazer a transi��o para uma economia de baixo carbono, assumindo protagonismo global nessa �rea.
-Manuten��o das conquistas e compromisso de assegurar os direitos ind�genas, de comunidades quilombolas e outras popula��es tradicionais. Manuten��o da prerrogativa do Poder Executivo na demarca��o de Terras ind�genas.
-Compromissos com as bases constitucionais da federa��o, fortalecendo Estados e munic�pios e colocando o desenvolvimento regional como eixo central da discuss�o do Pacto Federativo.
Finalmente, destaco e apoio o apelo � uni�o do Brasil e � busca de consenso para construir uma sociedade mais justa, democr�tica, decente e sustent�vel. Entendo que os compromissos assumidos por A�cio s�o a base sobre a qual o pais pode dialogar de maneira saud�vel sobre seu presente e seu futuro.
� preciso, e fa�o um apelo enf�tico nesse sentido, que saiamos do territ�rio da pol�tica destrutiva para conseguir ver com clareza os temas estrat�gicos para o desenvolvimento do pa�s e com tranquilidade para debat�-los tendo como horizonte o bem comum. N�o podemos mais continuar apostando no �dio, na cal�nia e na desconstru��o de pessoas e propostas apenas pela disputa de poder que dividem o Brasil.
O pre�o a pagar por isso � muito caro: � a estagna��o do Brasil, com a retirada da �tica das rela��es pol�ticas. � a substitui��o da diversidade pelo estigma, � a substitui��o da identidade nacional pela identidade partid�ria raivosa e vingativa.
� ferir de morte nossa democracia.
Chegou o momento de interromper esse caminho suicida e apostar, mais uma vez, na altern�ncia de poder sob a batuta da sociedade, dos interesses do pa�s e do bem comum.
� com esse sentimento que, tendo em vista os compromissos assumidos por A�cio Neves, declaro meu voto e meu apoio neste segundo turno. Votarei em A�cio e o apoiarei, votando nesses compromissos, dando um cr�dito de confian�a � sinceridade de prop�sitos do candidato e de seu partido e, principalmente, entregando � sociedade brasileira a tarefa de exigir que sejam cumpridos.
Fa�o esta declara��o como cidad� brasileira independente que continuar� livre e coerentemente, suas lutas e batalhas no caminho que escolheu. N�o estou com isso fazendo nenhum acordo ou alian�a para governar.
O que me move � minha consci�ncia e assumo a responsabilidade pelas minhas escolhas."