S�o Paulo - "Eu perdi tudo, n�o devo nada para o governo do PT, mas o Brasil me deve muito", afirma o empres�rio Hermes Magnus, que denunciou � Pol�cia Federal e � Procuradoria da Rep�blica em Londrina (PR) o esquema de lavagem de dinheiro sob comando do ent�o ex-deputado Jos� Janene (PP-PR), morto em 2010, e do doleiro Alberto Youssef.
Naquele ano, em busca de investidores que aportassem recursos na Dunel Ind�stria e Com�rcio Ltda., que criou para atuar no fornecimento de equipamentos, ele encontrou-se com o pol�tico na sede da CSA Project Finance, espinha dorsal da Lava Jato. Logo, afirma, descobriu que Janene usava a CSA para lavar dinheiro, mas n�o se afastou porque firmara memorando de entendimentos, que previa pesada multa por rompimento contratual.
Por meio da CSA, Janene e Youssef expandiram suas a��es para a Petrobras, onde se associaram a Paulo Roberto Costa, diretor da estatal entre 2004 e 2012. "Naquela reuni�o, me foi apresentado o Claudio Menti, pupilo e testa de ferro do Paulo Roberto", narra o empres�rio. “Na CSA encontrei pelo menos tr�s vezes o Paulo Roberto.”
Segundo ele, Janene lhe ofereceu R$ 1 milh�o para injetar na Dunel - segundo a Procuradoria, dinheiro do mensal�o que foi lavado pelo pol�tico. "Eles queriam me usar como laranja. O dinheiro rodava livre na CSA. A partir das minhas informa��es, a Lava Jato foi ganhando corpo."
Entre 2011 e 2012, a Justi�a Federal autorizou medidas cautelares, intercepta��o telef�nica e de e-mails. Descobriu-se, ent�o, as ramifica��es do grupo e surgiram detalhes das rela��es com o ent�o diretor da Petrobras e ind�cios de propinas a pol�ticos do PT, do PMDB e do PP.
Celeridade
As investiga��es ganharam celeridade quando o investidor Enivaldo Quadrado, operador de Janene, foi preso em dezembro de 2008 no Aeroporto Internacional de S�o Paulo, em Guarulhos, com 361,4 mil em esp�cie na cueca e nos bolsos que, segundo Magnus, era destinado � ex-mulher de Janene.
"Eu quebrei, um preju�zo de pelo menos R$ 2 milh�es. �ramos 32 funcion�rios, somos quatro", desabafa Magnus, que diz levar uma vida de dificuldades, sob desconfian�a do mercado, que raramente lhe d� uma oportunidade de neg�cio.
Telefonemas an�nimos o aterrorizam. Amea�as v�m de todo jeito, a qualquer hora. Teme uma emboscada. Ou uma bala perdida. "A milit�ncia vai cuidar disso", dizem. "Meu plano � ir embora do Brasil. As pessoas me veem como um bandido que desertou, mas n�o � verdade. Eu denunciei tudo, desde 2008. Eu n�o sou um deles."
Magnus afirma ver uso eleitoral da PF e n�o acha justas as cr�ticas de pol�ticos � condu��o do processo pelo juiz S�rgio Moro. "N�o h� nenhum interesse pol�tico na investiga��o."