Curitiba - Respons�vel pela condu��o de processos decorrentes da Opera��o Lava Jato, o juiz federal S�rgio Moro se transformou nessa segunda-feira, 13, em um dos protagonistas da disputa presidencial. Foi atacado por petistas em documenta��o entregue � Procuradoria-Geral da Rep�blica e ao Supremo Tribunal Federal, em Bras�lia. Ao mesmo tempo, foi celebrado por tucanos em um evento de campanha em Curitiba.
Informa��es dos depoimentos sigilosos da dela��o de Costa vazaram � imprensa no in�cio de setembro. Neles, o ex-diretor envolveu no esquema de propina ao menos tr�s dezenas de parlamentares de v�rios partidos, governadores, ex-governadores e at� um ministro. Entre os citados, havia integrantes governistas, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), e oposicionistas, como o ex-governador Eduardo Campos (PSB), que morreu em um acidente a�reo em 13 de agosto.
At� agora, por�m, n�o est� claro quantos s�o os acusados e em que circunst�ncia eles est�o citados. As dela��es est�o sob a guarda do Supremo Tribunal Federal (STF), em Bras�lia.
Em meio � pol�mica do vazamento, o juiz marcou uma audi�ncia para ouvir Costa e o doleiro Alberto Youssef, que tamb�m negocia dela��o premiada, no processo que investiga propinas na constru��o da refinaria Abreu e Lima, empreendimento da Petrobras em Pernambuco. Trata-se de uma das v�rias a��es penais da Lava Jato. Os depoimentos foram prestados na quarta-feira.
Os �udios dessas oitivas, nas quais os dois delatores citam o PT, o PMDB e o PP como benefici�rios de comiss�es de at� 3% das empreiteiras que fechavam contratos com a estatal, fazem parte do processo, que � p�blico. "Essa divulga��o � uma forma transversa de violar o sigilo da colabora��o premiada, pelo qual zelam a Procuradoria e a Suprema Corte", dizem os petistas.
Para o PT, a "divulga��o" dos depoimentos por Moro, ao realizar as oitivas num processo p�blico, foi "irrespons�vel". O PT diz que o �udio das oitivas da Lava Jato � uma "vers�o parcial, deturpada - e possivelmente caluniosa - dos fatos �s v�speras de um pleito eleitoral, induzindo parte dos eleitores".
O partido argumenta que na dela��o, que � sigilosa, outras legendas, incluindo siglas de oposi��o, foram citadas, pelo que se sabe pelos vazamentos. J� nas oitivas da Justi�a Federal do Paran�, aparecem apenas PT, PMDB e PP. Por isso, quer a �ntegra da dela��o.
As chances de os depoimentos serem liberados, por�m, s�o remotas. Seu repasse anularia o acordo de dela��o de Costa com o Minist�rio P�blico pelo qual ele tenta ter sua pena reduzida. Na semana passada, Dilma disse que a oposi��o usava as acusa��es de Costa e de Youssef para dar um "golpe" no governo.
'Marretadas'
Enquanto Falc�o se reunia com o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, e com o ministro Teori Zavascki, respons�vel pela Lava Jato no Supremo, os tucanos exaltavam Moro em evento em Curitiba. O senador �lvaro Dias, reeleito, ao lado do presidenci�vel tucano, A�cio Neves, elogiou o juiz.
"O juiz paranaense S�rgio Moro, com as marretadas da indigna��o nacional, est� destruindo esse castelo de propina e corrup��o instalada na Petrobras", afirmou. Dias defendeu os "vazamentos". "N�o podemos ser coniventes com corrup��o. O vazamento, em determinadas situa��es, interessa ao Pa�s."
Magistrados
A Associa��o dos Ju�zes Federais do Brasil e a Associa��o Paranaense dos Ju�zes Federais divulgaram ontem nota em defesa de Moro. As entidades afirmam no comunicado que "n�o aceitam qualquer declara��o que possa colocar em d�vida a lisura, efici�ncia e independ�ncia dos magistrados federais brasileiros".
A Procuradoria da Rep�blica no Paran� tamb�m reagiu �s cr�ticas do PT. "A atua��o da Pol�cia Federal, do Minist�rio P�blico e do Poder Judici�rio, nos procedimentos decorrentes da Lava Jato, � estritamente t�cnica, imparcial e apartid�ria", afirmou em nota.