Juliana Cipriani

Ao encerrar sua campanha pela reelei��o com uma caminhada com militantes pelas ruas de Porto Alegre (RS), a presidente Dilma Rousseff (PT) chamou ontem de “processo golpista” a divulga��o pela revista Veja de reportagem afirmando que ela e o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) tinham conhecimento das irregularidades na Petrobras. A petista disse que a den�ncia �s v�speras da elei��o n�o coaduna com uma situa��o democr�tica. “Eu acho um absurdo. Eu quero aqui manifestar meu rep�dio a esse processo lob�stico, golpista”, afirmou.
A presidente disse ter uma vida inteira demonstrando seu rep�dio � corrup��o. “N�o compactuo com a corrup��o, nunca compactuei. Quero que provem que compactuo, e n�o esse tipo de situa��o que insinua sem provas”, afirmou. Dilma voltou a dizer que vai investigar “a fundo” e “doa a quem doer” o suposto esquema de superfaturamento de contratos e pagamento de propinas pela Petrobras a integrantes de partidos pol�ticos. Mais uma vez, a petista disse que o Brasil sempre engavetou ou deixou prescrever as den�ncias de corrup��o e afirmou que, com ela, isso n�o vai ocorrer.
Mostrando-se indignada, Dilma defendeu que respons�veis por inj�rias e cal�nias sejam punidos e disse que informar� isso � na��o “n�o dessa forma seletiva que permite que bandidos que tentam salvar a sua pr�pria pele fa�am acordos pol�ticos e digam coisas sem fundamento”. A petista se refere ao doleiro Alberto Youssef, que segundo a revista Veja, teria feito as acusa��es contra ela e Lula. “N�o se pode tratar uma presidente da Rep�blica assim, a tr�s dias da elei��o. Por que isso n�o apareceu antes, que hist�ria � essa?”, questionou.
O pr�dio da Editora Abril, que abriga a revista, na Zona Oeste de S�o Paulo, teve os muros de sua sede pichada com frases como “Veja mente” e Fora Veja” por um grupo que realizou um protesto na noite de sexta-feira. Os manifestantes jogaram lixo na entrada do pr�dio, atiraram pedras e rasgaram exemplares da revista. A pol�cia foi chamada para dispersar o ato e tr�s pessoas foram detidas, mas liberadas em seguida. Segundo boletim de ocorr�ncia registrado no 14º DP de Pinheiros, o protesto reuniu cerca de 200 pessoas e teve apoio de um carro de som da Uni�o da Juventude Socialista. Em nota, a revista afirmou que Dilma “centrou suas cr�ticas no mensageiro, quando, na verdade, o cerne do problema foi produzido pelos fatos degradantes ocorridos na Petrobras”. A Veja n�o se manifestou sobre o protesto.
Dilma lamentou o vandalismo na sede da revista e disse repudiar todo tipo de viol�ncia como resposta a discuss�o pol�tica. “Isso � uma barb�rie, n�o deve ocorrer, deve ser coibido. Ou seja, n�s s� podemos aceitar um padr�o de discuss�o que seja pac�fico, com argumentos, e que defenda posi��es e n�o ataque de uns aos outros”, afirmou.
Na noite de sexta-feira, o Tribunal Supeiror Eleitoral concedeu pedido da coliga��o de Dilma e determinou que a revista n�o fa�a propaganda de sua edi��o da semana em r�dio, TV, outdoor e internet. Para o ministro Admar Gonzaga, que foi advogado da presidente na campanha de 2010, a publicidade da revista tamb�m serve � campanha do senador A�cio Neves. A campanha de Dilma alega que a revista antecipou sua edi��o em dois dias com “a n�tida inten��o de tumultuar a lisura do pleito eleitoral”. Na a��o, Veja se defende dizendo que a liberdade de comunica��o “n�o pode ser sufocada por medidas de cunho censor sob a alega��o de imagin�ria propaganda eleitoral”.