Bras�lia, 07 - O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov�veis (Ibama), Volney Zanardi, afirmou nesta sexta-feira que "n�o existem ind�cios" de aumento de desmatamento na Amaz�nia e negou que o �rg�o tenha "segurado" a divulga��o de dados por motivos eleitorais. "Os dados de desmatamento s�o comunicados normalmente no final de novembro", disse Zanardi. "Repelimos a not�cia de que estamos segurando informa��es".
Hoje, o jornal
Folha de S.Paulo
publicou uma reportagem segundo a qual foram desmatados 1.626 quil�metros quadrados na Amaz�nia em agosto e setembro, o que representa aumento de 122% sobre o mesmo per�odo de 2013. Os dados, ainda n�o tornados p�blicos, s�o do sistema Detec��o de Desmatamento em Tempo Real (Deter), levantamento feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ainda segundo a reportagem, o n�mero n�o foi divulgado durante as elei��es para evitar danos � campanha da presidente Dilma Rousseff.
Zanardi e o presidente do Inpe, Leonel Fernando Perondi, argumentaram que o Deter � um monitoramento feito com imagens de baixa resolu��o que mapeiam pol�gonos com suspeita de desmatamento. Os mapas gerados pelo Deter, disseram, incluem �reas de poss�vel desflorestamento que muitas vezes acabam n�o se confirmando, raz�o pela qual n�o s�o usadas para medir o real corte raso na regi�o amaz�nica. "Esse n�mero n�o serve como indicador da taxa anual de desmatamento da Amaz�nia", alegou Zanardi.
As imagens coletadas pelo Deter, de acordo com o Diretor de Prote��o Ambiental do Ibama, Luciano Menezes, podem incluir espelhos d'�gua e locais afetados por inc�ndios ou mesmo afloramentos rochosos, n�o estando necessariamente relacionadas � extra��o de madeira. O Deter, disse, � utilizado para orientar o trabalho de campo dos agentes do Ibama.
Nesta semana, o governo tamb�m foi acusado de n�o publicar durante o per�odo eleitoral um estudo do Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea) que revelou um aumento de 0,4 ponto porcentual no n�mero de pessoas em situa��o de extrema mis�ria no Pa�s. O ministro da Secretaria de Assuntos Estrat�gicos, Marcelo Nery, disse que a decis�o de n�o publicar os dados foi adotada pela dire��o do Ipea antes de o relat�rio ficar pronto e que o objetivo era n�o interferir no processo eleitoral.
Prodes
Zanardi e Perondi afirmaram que o sistema Prodes, tamb�m gerenciado pelo Inpe e que usa informa��es coletadas por um sat�lite de maior resolu��o, � o instrumento adequado para auferir o avan�o do desmatamento na Amaz�nia Legal. O dado preliminar para 2014 dever� ser divulgado ainda em novembro.
O �ltimo levantamento do Prodes, no entanto, j� revelou um crescimento dos �ndices de perda de vegeta��o na Amaz�nia. A taxa m�dia de desmatamento que vai de julho de 2012 a agosto do ano passado foi de 5.891 quil�metros quadrados, frente 4.571 quil�metros quadrados no per�odo anterior, revertendo uma curva de queda ininterrupta que vinha desde 2008. Segundo Zanardi, a expectativa do instituto � que o n�mero que ser� anunciado neste m�s seja igual ou menor ao de 2013.
Os dirigentes do Ibama e do Inpe tamb�m comunicaram hoje mudan�as na metodologia de divulga��o dos dados do sistema Deter. Os mapas georreferenciais, que indicam os pontos onde a fiscaliza��o do Ibama tende a atuar, n�o ser�o mais divulgados. Segundo eles, a identifica��o desses mapas beneficia o crime organizado que atua no desmatamento das �reas e dificulta o trabalho dos fiscais do Ibama.