De sa�da, ministra cobra equipe independente no governo

A entrega da carta de demiss�o da ministra da Cultura, Marta Suplicy, no momento em que a presidente Dilma Rousseff est� fora do pa�s para a reuni�o do G-20 tornou evidente a briga interna no relacionamento de uma ala dos partidos da base aliada, especialmente o PT, com a chefe do Executivo. O pedido de demiss�o de Marta, que reassumir� seu mandato no Senado, antecipou um acordo do pal�cio com todos os titulares da Esplanada – eles colocariam os cargos � disposi��o para dar liberdade a Dilma na reforma ministerial. Marta saiu atirando. Em carta, ela fez duras cr�ticas � gest�o econ�mica e desejou que a presidente “seja iluminada ao escolher sua nova equipe de trabalho, a come�ar por uma equipe econ�mica independente, experiente e comprovada, que resgate a confian�a e a credibilidade ao seu governo”.

A demiss�o surpreendeu a presidente, que soube da not�cia quando desembarcou em Doha, no Catar. At� mesmo integrantes do PT n�o esperavam a “ousadia” da ministra. A atitude foi considerada de “extrema deseleg�ncia” e encarada como um ato de protesto entre os petistas mais ligados � presidente. No grupo dos que defendem Dilma, pesa contra Marta o fato de ela ter puxado o bloco do “volta, Lula” pelo menos tr�s vezes na campanha presidencial. Ao lado da agora ex-ministra, ficam os pol�ticos que reclamam do jeito como a presidente lida com os aliados, sem receb�-los ou trat�-los com prest�gio.

De imediato, o Planalto trabalha com dois nomes para substitu�-la provisoriamente. Os mais cotados s�o a secret�ria-executiva da pasta, Ana Cristina Wanzeler, e o presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), �ngelo Oswaldo. Na bolsa de apostas, o principal nome para o minist�rio do segundo mandato � o do secret�rio de Cultura de S�o Paulo, Juca Ferreira. Ele, que foi ministro de Lula, entrou na lista dos preferidos da presidente na campanha.

O nome de Juca Ferreira foi refor�ado pelo papel que ele exerceu no impulso da candidatura de Dilma em S�o Paulo. O ex-ministro tamb�m foi respons�vel pela reda��o da parte do plano de governo da petista na �rea de cultura. A participa��o ativa de Ferreira tamb�m ajudou a desgastar a rela��o de Marta com o Planalto – ela se sentiu preterida no governo de Dilma. Outro nome que chegou a ser ventilado para assumir a pasta em 2015 foi o do escritor Fernando Morais.

M�goas Desde que assumiu o Minist�rio da Cultura no lugar de Ana de Hollanda, h� dois anos, Marta se sente deslocada do governo Dilma. Com a decis�o de sair do governo, a senadora se coloca � frente do Planalto e promove sua pr�-candidatura � Prefeitura de S�o Paulo, diante da possibilidade de reelei��o do colega de partido Fernando Haddad. O movimento � uma vingan�a contra o fato de ter sido preterida pelo ex-ministro da Educa��o na disputa pelo Pal�cio do Anhangaba� em 2012.

Na �poca, para ela abrir m�o da participa��o nas pr�vias, o ex-presidente Lula intercedeu e prometeu uma vaga na Esplanada dos Minist�rios. Apesar da resist�ncia da presidente, que nunca foi pr�xima da senadora, Marta foi nomeada para a Cultura. De acordo com correligion�rios, no entanto, Marta sempre acreditou que colabora��o na campanha de Haddad valia um cargo de maior destaque.

Parlamentares pr�ximos � ministra ressaltam que ela nunca superou ter sido preterida pelo atual prefeito na disputa interna petista. Por causa disso, aliados acreditam que Marta cogitaria at� mesmo deixar o partido para consolidar o desejo de voltar � prefeitura que ocupou entre 2001 e 2004.