
Nascido em Xapuri, no Acre, Jatene se formou na Faculdade de Medicina da Universidade de S�o Paulo (FMUSP), em 1953. Mais tarde, tornou-se professor em�rito da mesma faculdade, al�m de pesquisador de bioengenharia. Por suas contribui��es no desenvolvimento de t�cnicas e instrumentos para procedimentos m�dicos, tornou-se um dos mais respeitados cirurgi�es card�acos do mundo. Deixa quatro filhos - os tamb�m m�dicos Ieda, Marcelo e F�bio, al�m da arquiteta Iara - e a mulher, Aurice Biscegli.
Jatene foi um dos pioneiros da cirurgia card�aca no Pa�s. Fez a primeira cirurgia de ponte de safena, em 1968, al�m de ter criado o primeiro cora��o-pulm�o artificial do Hospital das Cl�nicas, na d�cada de 1950. Um dos procedimentos que desenvolveu, para corrigir art�rias transpostas em rec�m-nascidos, ficou conhecido mundialmente como Cirurgia de Jatene.
O cardiologista foi bastante influenciado pelo professor Euryclides de Jesus Zerbini - que realizou o primeiro transplante de cora��o no Pa�s, em 1968. Jatene afirmava que pretendia fazer Sa�de P�blica e voltar para o Acre, mas acabou entrando no grupo de Zerbini e se envolvendo irremediavelmente com a cardiologia.
Angelo de Paola, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), n�o esconde a admira��o pelo cardiologista. Ele destaca a atua��o de Jatene nas principais esferas da Medicina. “A Medicina � uma profiss�o muito ampla, com muitas habilidades e compromissos. Ele atendeu tudo. O Dr. Adib � um m�dico que teve uma das melhores e mais belas hist�rias assistenciais em medicina cardiovascular no Pa�s.”
Segundo Paola, Jatene teve importante papel para as associa��es e sindicatos da �rea de cardiologia, para os avan�os da pesquisa na �rea cardiovascular e para a sa�de p�blica, por causa de sua atua��o como ministro em duas ocasi�es. “Ele foi um pesquisador inovador e, como homem p�blico, fez planos importantes. Tamb�m formou locais de excel�ncia, como o Instituto Dante Pazzanese.”
O lado pessoal tamb�m � elogiado pelo presidente da SBC. “Ele sempre teve uma capacidade de s�ntese e uma empolga��o impressionantes. � muito dif�cil falar no melhor m�dico brasileiro sem pensar no Adib.”
O cardiologista tornou-se ministro da Sa�de pela primeira vez durante o governo do ex-presidente Fernando Collor, entre fevereiro e outubro de 1992. Tr�s anos depois, em janeiro de 1995, Jatene foi convidado pelo ent�o presidente Fernando Henrique Cardoso para comandar a pasta da Sa�de novamente. Ao assumir o cargo, ele estabeleceu como compromisso combater a corrup��o na sa�de p�blica. Tamb�m defendia que o governo aumentasse o investimento para o setor. O cardiologista foi um dos principais articuladores da Contribui��o Provis�ria sobre Movimenta��o Financeira (CPMF) durante o governo FHC - tributo destinado ao custeio da sa�de p�blica a princ�pio e, depois, tamb�m da previd�ncia social e da erradica��o da pobreza.
Uma de suas marcas durante sua segunda gest�o foi o contato direto com os funcion�rios do Minist�rio da Sa�de. Aos 65 anos, Jatene tinha o h�bito de enfrentar a fila do bandej�o e costumava tomar caf� com os servidores para receber informa��es e sugest�es. Apesar de se manter nos holofotes enquanto foi ministro, principalmente por defender publicamente a implementa��o da CPMF, o cardiologista n�o se afastou de sua atua��o como m�dico.
O senador Humberto Costa (PT-PE), que foi ministro da Sa�de entre 2003 e 2005, classifica Jatene como “um dos mais importantes ministros que o Brasil j� teve”. “Ele trouxe o tema do financiamento da sa�de com a autoridade de quem conhece a realidade e demonstrou capacidade de polarizar os debates sobre esse tema.”
Costa disse ainda que Jatene, por sua forma humana de lidar com os pacientes, tornou-se refer�ncia para os profissionais de sa�de. “Ele sempre foi uma pessoa extremamente af�vel, um humanista, um intelectual. Uma pessoa generosa.”