Bras�lia, 15 - Operadores dos dois principais partidos do governo teriam recebido ao menos R$ 200 milh�es em propinas na Petrobras para viabilizar contratos com empreiteiras. Conforme delatores do esquema de corrup��o na estatal, os pagamentos foram feitos ao ex-diretor de Servi�os Renato Duque, apontado como integrante do esquema do PT que teria como operador o tesoureiro do partido, Jo�o Vaccari Neto, e a Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado pela Pol�cia Federal como lobista do PMDB, que indicou Nestor Cerver� para a diretoria da Petrobras.
Detalhes sobre o pagamento de suborno, que seria uma pre-condi��o para obter obras na companhia petrol�fera, foram revelados aos investigadores da Opera��o Lava Jato pelos executivos J�lio Camargo e Augusto Ribeiro, da Toyo Setal, em troca de eventual redu��o de pena.
Nos depoimentos, eles revelam os valores e as empresas usadas para o repasse do dinheiro aos dois investigados.
O relato do delator deu base � s�tima fase da Lava Jato, batizada de � Ju�zo Final�, deflagrada sexta-feira, quando a c�pula das maiores empreiteiras do Pa�s e o ex-diretor de Servi�os e Engenharia da Petrobras Renato Duque, indicado pelo PT, foram presos.
Fernando Baiano est� foragido e teve o nome inclu�do na lista de procurados da Interpol.
Conforme as investiga��es, os fornecedores da Petrobras pagavam aos supostos operadores at� 3% de propina para conseguir contratos superfaturados, mediante fraude a licita��es. Parte desses recursos seria repassada aos partidos da base aliada do governo.
Segundo os depoimentos, Fernando Baiano recebeu ao menos US$ 40 milh�es (R$ 104 milh�es) para viabilizar o fornecimento de sondas de perfura��o. A negocia��o foi feita com a Diretoria Internacional da Petrobras, sob o comando do ex-diretor Nestor Cerver�. O lobista teria influ�ncia na �rea.
Outros R$ 95 milh�es teriam sido pagos a Duque e um de seus subordinados na estatal, o ent�o gerente Pedro Barusco, para que �arranjassem� contratos para construtoras em ao menos cinco grandes obras.
Segundo as investiga��es, as propinas eram pagas pelas empresas Treviso, Auguri e Piemonte, de J�lio Camargo, contratadas pelas empreiteiras como intermedi�rias junto � Petrobras. Parte da comiss�o recebida por elas era transferida a Duque e Soares, conforme os depoimentos feitos na dela��o.
� for�a-tarefa encarregada das investiga��es, Camargo disse que o grosso dos pagamentos a Duque foi feito no exterior, em contas indicadas por ele. Uma delas estava em nome da offshore Drenos, mantida no Banco Cramer, na Su��a. Segundo o executivo, tamb�m foi pago suborno em esp�cie, no Brasil, por meio de empresas controladas pelo doleiro Alberto Youssef, respons�vel por lavar dinheiro do esquema.
Autoridades su��as j� informaram ao Brasil a apreens�o de US$ 20 milh�es em nome de Barusco.
Para direcionar � Camargo Corr�a uma obra de R$ 1 bilh�o na refinaria paulista de Henrique Lage (Repav), Camargo diz ter pago R$ 6 milh�es para Duque e Barusco, a maior parte no exterior. Segundo ele, Eduardo Leite, vice-presidente da empreiteira, sabia dos repasses ilegais.
Na Refinaria Presidente Get�lio Vargas (Repar), no Paran�, o delator contou ter azeitado a contrata��o do Cons�rcio Interpar, formado pelas empresas SOG, Mendes J�nior e Skaska. �Houve solicita��o de pagamento de vantagem indevida por Duque e Barusco do valor aproximado de R$ 12 milh�es�, declarou.
Na refinaria paranaense, Augusto Ribeiro disse que os valores pagos a Duque e Barusco pelo cartel de empreiteiras, chamado por ele de �clube�, foi de R$ 50 milh�es a R$ 60 milh�es entre 2008 e 2011.
Segundo os executivos houve pagamento de propinas para a constru��o de gasodutos pela Toyo (Cabi�nas) e pela Camargo Correa (Urucu-Manaus). Nesses casos, a soma dos repasses seria de R$ 5 milh�es.
A defesa de Renato Duque informou, por sua assessoria de imprensa, que as not�cias sobre il�citos cometidos na estatal, envolvendo o engenheiro, �s�o decorrentes de falsas dela��es premiadas e, at� o momento, sem nenhuma prova�.
Barusco n�o foi localizado.
O criminalista M�rio de Oliveira Filho, que defende Fernando Baiano, repudia com veem�ncia as suspeitas sobre seu cliente. �O sr. Fernando � representante no Brasil de duas empresas da Espanha, n�o � lobista, nunca foi operador do PMDB e n�o fez atos il�citos.� As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
(F�bio Fabrini e
Andreza Matais)