O fornecimento de canos para sistema de abastecimento de �gua e a doa��o de cimento em troca de votos est�o entre as den�ncias de crimes eleitorais supostamente praticados em Monte Azul (Norte de Minas) na campanha deste ano. Grava��es telef�nicas feitas pela Pol�cia Federal (PF) durante as investiga��es ampliam a suspeita. A princ�pio, o trabalho da PF tinha como objetivo apurar um esquema de aposentadorias irregulares no munic�pio, com a participa��o do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e que foi desmontado na Opera��o Curinga, desenvolvida com o Minist�rio P�blico Federal (MPF). Os supostos favores em troca de votos ser�o alvo de investiga��o da Justi�a Eleitoral e do Minist�rio P�blico Eleitoral (MPE), a partir de relat�rio da PF, ao qual o Estado de Minas teve acesso.
Em uma das grava��es, Toninho da Barraca conversa com um homem chamado “Alex”, que pede 50 metros de canos, para atender a uma associa��o de cavaleiros do munic�pio. Numa parte do di�logo, o vice-prefeito pede a Alex o apoio pol�tico do sogro dele “para votar em nosso deputado” (leia ao lado trechos das grava��es). Em outra intercepta��o telef�nica, ap�s o atendimento do pedido, o vice-prefeito revela a “Alex” que tomou conhecimento de que a entrega dos canos estava sendo investigada por policiais federais e orienta a um interlocutor a dizer que o material n�o foi fornecido pela prefeitura, para n�o configurar o fornecimento de bem p�blico a entidade particular.
Emerg�ncia
A unidade regional do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) em Montes Claros � respons�vel pela distribui��o de canos e outros equipamentos para o combate � estiagem no Norte de Minas. No per�odo eleitoral, por�m, o material s� pode ser enviado a munic�pios sob estado de emerg�ncia, caso de Monte Azul. O atual dirigente do Dnocs em Montes Claros, Gustavo Xavier, foi indicado por Paulo Guedes, que tem influ�ncia no �rg�o. Mas o parlamentar petista nega qualquer envolvimento com as den�ncias de crime eleitoral em Monte Azul. “A Pol�cia Federal tem ampla liberdade para apurar toda as den�ncias. N�o tenho nadas a temer, pois nunca pratiquei nenhum il�cito”, afirmou Guedes, em entrevista ao EM. A reportagem tentou novamente, mas n�o conseguiu falar com o deputado Reginaldo Lopes.
Outra escuta telef�nica mostra trechos de conversas de Toninho da Barraca com um morador de Monte Azul, identificado como “Dimael”, que faz o pedido de 12 sacos de cimento para p�r laje numa sala de sua casa, ao custo de R$ 300. O vice-prefeito n�o nega o pedido, mas argumenta que o assunto tem de ser tratado “pessoalmente”, alertando sobre o per�odo eleitoral e que o seu telefone pode estar “grampeado”. Passada a elei��o, o eleitor volta a ligar para Toninho, para cobrar o cimento. Conforme a investiga��o, Toninho promete ligar para um homem chamado Luiz, “provavalmente, o dono de uma loja de material de constru��o”, para autorizar a retirada do produto.
Os di�logos
Fornecimento de cano
Alex: “Deixa eu falar com voc�. N�s tava precisando aqui na pista de uns canos pra puxar a rede para puxar do lado do curral de fora a fora (…), sabe?”
Toninho da Barraca: “Ah…”
Alex: “A�, eu liguei e lembrei do amigo. Se tem dispon�vel.”
Toninho: (inintelig�vel) “� quantos metros?”
Alex: “Ele falou que precisa de 20, 20 canos, n�? Vinte, n� mano?”
Toninho: “De qual voc� quer?”
Alex: “� de 50, n� mano? De 50.”
Toninho: “Pode mandar pegar amanh�.”
Alex: “Tem dispon�vel?”
Toninho: “Depois voc� faz o meio de campo pra n�s.”
Alex: “Beleza, sem problema. Tranquilo.”
Toninho: “Voc� pode mandar pegar amanh� (...)
Alex: “Ent�o, t� certo, deixa eu falar com voc�. Mas, como vamos pegar a�? Voc� quer que pega, quer marcar um lugar?”
Toninho: “� melhor pegar num, num carro seu.”
Alex: “Combinado!”
Toninho: “No meu (carro) � mais complicado.”
Alex: “Ent�o, t� bom, eu procuro voc� amanh�?”
(…)
Toninho: “Depois voc� conversa com seu sogro l� (…) Ajuda n�s no deputado nosso a�.”
Alex: “Pode deixar que eu vou conversar.”
Pedido de cimento
Dimael: “Eu preciso de uma ajuda sua a�.”
Toninho: “O que � meu amigo?”
Dimael: “Eu preciso de uma laje numa sala l� em casa antes de chover.”
Toninho: “Certo.”
Dimael: “A�, eu fui apre�ar. Eu tenho que comprar 12 sacos de cimento.”
Toninho: “Certo.”
Dimael: (...) A Luciene (atendente de loja de materiais) falou: ‘12 sacos de cimento sai por R$ 300’.”
(...)
Toninho: “� porque agora, por telefone, eu n�o posso falar com voc�. N�s tamo no per�odo eleitoral”
Po�o tubular
“Biga”: “O material para o po�o tubular j� chegou?”
(…)
“Biga”: “Quais s�o os seus candidatos?”
Toninho: “Paulo Guedes e Reginaldo.”
“Biga”: “Depois c� me d� o santinho”