Bras�lia – Ao convidar o PMDB, a partir da pr�xima semana, para discutir a cota do partido na reforma ministerial, a presidente Dilma Rousseff ter� de administrar dois novos problemas, que se somar�o �s eternas queixas dos peemedebistas sobre a falta de espa�o no governo. Diante da deflagra��o da Opera��o Terra Prometida, pela Pol�cia Federal, envolvendo dois irm�os do atual ministro da Agricultura, Neri Geller, Dilma ter� de decidir se antecipa a posse da senadora K�tia Abreu (PMDB) na pasta. Al�m disso, o PT e conselheiros pr�ximos pressionam para que a presidente indique a ex-ministra do Planejamento Miriam Belchior para Minas e Energia, frustrando os planos do senador Eduardo Braga (PMDB-AM).
Apesar de ter sido exitosa em nomear Joaquim Levy para a Fazenda e Nelson Barbosa para o Planejamento, al�m de manter Alexandre Tombini no Banco Central – escolhas que repercutiram positivamente no mercado –, Dilma, tradicionalmente, tem dificuldades em montar equa��es pol�ticas. “A partir de agora, quando come�arem as negocia��es pol�ticas, o debate muda de patamar”, afirmou um senador peemedebista.
Dificilmente a posse de K�tia Abreu no Minist�rio da Agricultura ser� antecipada. Al�m de senadora, ela � presidente da Confedera��o Nacional da Agricultura (CNA) e tomar� posse para um novo mandato na entidade apenas no dia 15. S� depois disso ela poder� se licenciar para assumir a pasta. “N�o � algo simples de ser modificado. Tem os convites, o cerimonial”, justificou um interlocutor de K�tia.
Dilma ter�, ent�o, de decidir o que far� com o comandante do minist�rio. Interlocutores do PMDB lembram que, apesar da proximidade dos envolvidos com Neri Geller, n�o h� nada, at� momento, que o envolva diretamente em alguma das irregularidades investigadas pela Pol�cia Federal.
Al�m disso, um peemedebista pr�ximo � c�pula partid�ria lembra que Geller, a exemplo de 36 dos 39 ministros da Esplanada dos Minist�rios, entregou, no dia 18, uma carta de demiss�o ao chefe da Casa Civil, ministro Aloizio Mercadante. “A presidente tem total liberdade, a partir disso, para trocar o ministro no momento em que achar mais conveniente”, ponderou um aliado do vice-presidente Michel Temer. Uma sa�da ser�, em caso de emerg�ncia, passar o posto para um interino, provavelmente o atual secret�rio-executivo do minist�rio, Jos� Gerardo Fontelles.
A presidente sabe que uma nova briga com o PMDB da C�mara pode ser problem�tica, depois de ter conseguido contornar a crise de tirar o minist�rio dos deputados para dar a uma senadora – K�tia Abreu. O trauma foi superado com a sinaliza��o de que o presidente da C�mara, Henrique Eduardo Alves (RN), deve ir ao Minist�rio da Previd�ncia, em substitui��o ao primo, Garibaldi Alves (RN), que retoma o posto no Senado.
Mas o cobertor segue curto e a pouca habilidade – e paci�ncia – da presidente Dilma Rousseff em acertar trocas pol�ticas pode tornar o ambiente mais carregado. Durante conversa com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na segunda-feira, ficou praticamente acertado que os senadores poderiam indicar tr�s nomes, e os deputado, mais tr�s, o que elevaria de cinco para seis o n�mero de minist�rios do PMDB.
Nessa cota, surge o o l�der do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), para o Minist�rio de Minas e Energia (MME). Ele tem se empenhado pessoalmente na indica��o e deu demonstra��es claras de que, se for indicado para qualquer outra pasta, pretende permanecer onde est�. Mas o PT e conselheiros pr�ximos � presidente n�o descartam que Dilma desista de ceder o MME para um peemedebista e nomeie Miriam Belchior para substituir Edison Lob�o.
Em recente conversa com petistas paulistas, Miriam demonstrou cansa�o em rela��o � vida em Bras�lia. S�o 12 anos no governo, e ela confessou que “apanhou muito” nesse per�odo. Entretanto, pessoas pr�ximas � senadora garantem que, se a presidente pedir que ela fique no governo, n�o ter� como negar uma solicita��o presidencial. “Ela � um soldado de Dilma, uma fiel auxiliar da presidente”, garantiu um interlocutor de Miriam.
A escolha da ex-ministra do Planejamento para o MME ainda tem outra conota��o. A fiel auxiliar serviria como um c�o de guarda, nas palavras de petistas gabaritados, de Dilma na pasta. “Em outras palavras, a ministra ser� Dilma, e n�o Miriam”, justificou esse petista. A presidente est� preocupada com os esc�ndalos da Petrobras e quer uma pessoa da mais estrita confian�a para cuidar de um setor que lhe � muito caro.
Alternativas Outra inc�gnita � o destino do governador da Bahia, Jaques Wagner. “Ele � amigo da presidente e, com isso, torna-se o �ltimo nome a ser indicado”, ironizou um aliado do petista baiano. Fontes palacianas especulam que uma alternativa para ele seria o Minist�rio da Educa��o (MEC). Inicialmente, Dilma convidou o governador do Cear�, Cid Gomes, mas este insiste no desejo de ser consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Washington.
Cid teria indicado o irm�o, Ciro Gomes, mas a� � o PT quem resiste. Wagner poderia ser a solu��o. A justificativa est� pronta. “O MEC ter� dinheiro e visibilidade. E os tr�s �ltimos titulares foram promovidos: Tarso Genro virou governador do Rio Grande do Sul, Fernando Haddad prefeito de S�o Paulo e Aloizio Mercadante ministro da Casa Civil”, enumerou um aliado da presidente.
Em outras pastas, Dilma sequer chamou as legendas para conversar. O PT tamb�m est� de olho no Minist�rio das Cidades, pasta cobi�ada pelo PSD de Gilberto Kassab e da qual o PP n�o pretende abrir m�o. “At� o momento, a presidente n�o nos chamou para conversar. Mas n�o creio que o PSD seja indicado para Cidades. Por que perder�amos a pasta para uma legenda menor que a nossa?”, questionou o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI).