
Na principal holding do setor el�trico, a Eletrobras, a diretoria est� dividida entre afilhados do senador Jos� Sarney (PMDB-AP), que desistiu de concorrer a um novo mandato, mas n�o perder� influ�ncia na m�quina estatal, um indicado pela presidente Dilma Rousseff e um apoiado pelo ex-ministro do Turismo e da Secretaria de Rela��es Institucionais do governo Lula, Walfrido dos Mares Guia. O empres�rio mineiro, que j� foi aliado dos tucanos, migrou para a alian�a petista em 2003 e, em 2006, 2010 e 2014, coordenou as campanhas vitoriosas de Lula e Dilma Rousseff em Minas Gerais. Ganhou o direito de indicar o presidente da estatal.
A Eletronorte est� fora da al�ada de influ�ncia de Sarney, mas n�o do PMDB. A presid�ncia e a diretoria financeira s�o ocupadas por indicados pelo senador Jader Barbalho (PA) – coincidentemente, mais um que decidiu encerrar os mandatos pol�ticos ao t�rmino desta legislatura. Nos demais cargos est�o um afilhado da ex-governadora do Par� Ana J�lia Carepa, cuja administra��o estadual n�o deixou saudades entre os paraenses, e o diretor Adhemar Palocci, irm�o do ex-ministro da Casa Civil de Dilma e titular da Fazenda de Lula Antonio Palocci.
Na outra ponta do mapa, a Eletrosul tamb�m foi esquadrinhada por petistas, peemedebistas e um indicado pela presidente Dilma Rousseff. A Itaipu binacional tornou-se alvo de cobi�a nessa troca do primeiro para o segundo mandato de Dilma. O nome mais cotado para se tornar presidente da usina � o ministro das Comunica��es, Paulo Bernardo, que depois de 10 anos na Esplanada dos Minist�rios demonstra desejo de voltar � sua terra natal, o Paran�. Com menos chances aparece o ainda secret�rio do Tesouro, Arno Augustin.
Xadrez �gil
A dan�a das cadeiras no xadrez das estatais � �gil e cruel. Antes todo-poderoso na Companhia Hidrel�trica do S�o Francisco (Chesf), o PSB perdeu toda a diretoria para o PT ainda em 2013, quando o ent�o governador de Pernambuco Eduardo Campos – morto em um acidente a�reo em agosto – resolveu abandonar o governo Dilma Rousseff, de quem era aliado, para se tornar candidato do PSB � Presid�ncia da Rep�blica.
Se o petista Paulo Bernardo est� cotad�ssimo para Itaipu, ele n�o pode reclamar, segundo fontes governistas, de desamparo em rela��o aos Correios, estatal ligada ao minist�rio ocupado por Paulo Bernardo e que foi acusada, durante a corrida presidencial deste ano, de distribuir de maneira irregular propaganda eleitoral da presidente Dilma e ignorar os “santinhos” feitos pelo PSDB de A�cio Neves, sobretudo em Minas Gerais.
Ele tem total inger�ncia na diretoria da empresa, que est� na g�nese, na �poca em que era ocupada por petebistas e peemedebistas, do esc�ndalo do mensal�o, que estourou em 2005 e levou para a cadeia a c�pula do PT que conduziu a primeira elei��o de Lula � Presid�ncia da Rep�blica.
Subordinados ao Minist�rio dos Transportes, a estatal Valec – respons�vel pelas ferrovias brasileiras – e o Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit) t�m suas estruturas divididas entre petistas e indicados pelo PR. Em 2011, quando a presidente Dilma Rousseff decidiu afastar dos Transportes o ministro Alfredo Nascimento, ela tamb�m promoveu uma faxina no Dnit e na Valec. Tr�s anos depois, o loteamento voltou.
A Valec � presidida pelo PT e tem indicados ligados ao PR de Alfredo Nascimento e de Valdemar Costa Neto, condenado por envolvimento no esc�ndalo do mensal�o. A mesma estrutura se repete – s� que de maneira inversa – no Dnit. O presidente da autarquia foi indicado pelo PR. Os representantes republicanos esperavam, ap�s fechar apoio � reelei��o de Dilma ainda no primeiro turno, que recebessem o �rg�o “de maneira fechada”. Mas as demais vagas est�o nas m�os de petistas.
Rainha da Inglaterra
A figura de “rainha da Inglaterra”– express�o popular que significa que existe uma pessoa sentada na principal cadeira de uma estrutura hier�rquica, mas com pouco poder de mando – que se v� no Dnit repete-se na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O presidente da autarquia � indicado pela bancada do PTB da C�mara, que se manteve fiel a Dilma mesmo depois de a c�pula da legenda declarar apoio formal � candidatura do senador A�cio Neves (PSDB-MG) ao Planalto. Mas os demais postos de comando e operacionais est�o nas m�os do PMDB e do PT.
At� o Pros, criado em 2013, tem seu quinh�o de influ�ncia federal. E n�o � pequeno. A legenda, que at� a conclus�o da reforma ministerial comanda o Minist�rio da Integra��o Nacional, det�m o controle da Superintend�ncia de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e da Superintend�ncia de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco). Sinal de prest�gio dos irm�os Ciro e Cid Gomes. Este �ltimo � cotado para ser ministro da Educa��o no segundo mandato de Dilma, mas continua insistindo que prefere ser consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Washington.
Pr�tica induz desvios
Bras�lia – O l�der do PSDB na C�mara, Ant�nio Imbassahy (BA) – que testemunhou o desabafo de Paulo Roberto Costa na Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) Mista da Petrobras –, afirmou que a pr�tica de distribuir cargos p�blicos entre as legendas que apoiam os governos deveria ser extinta. “N�o � correto o que acontece hoje. Um deputado ou senador fica mais interessado em indicar afilhados do que em exercer o papel de legislador para o qual foi eleito”, criticou Imbassahy.
Apesar de reconhecer que esse � um mal que acomete todos os governos de todos os partidos, Imbassahy afirma que a exacerba��o do modelo atual � um retrato da “rela��o esp�ria do Executivo com sua base aliada”. O tucano n�o v� problemas no fato de partidos pol�ticos darem sustenta��o a governos eleitos. “O que n�o se pode repetir s�o esses problemas vistos na administra��o federal ao longo dos �ltimos anos”, completou.
Relator da CPI do Mensal�o em 2005, o deputado Osmar Serraglio (PR) afirma que o modelo do Petrol�o da Petrobras � o mesmo que ele ajudou a desbaratar nos Correios – a conjun��o de empresas p�blicas, contratos e licita��o fraudadas e partidos pol�ticos. “Se formos ver, o mensal�o foi descoberto em 2005 e a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, foi em 2006, exatamente um ano depois”, lembrou o peemedebista. Serraglio disse que esperava, sinceramente, que o governo petista tivesse aprendido ap�s o esc�ndalo do mensal�o. “De fato, eles aprenderam. Mas n�o usaram o aprendizado para corrigir rotas, mas sim para aperfei�oar o esquema de corrup��o”, completou. (PTL)