Um monumento em homenagem aos mortos e desaparecidos pol�ticos foi inaugurado na tarde desta segunda-feira, no Parque Ibirapuera, em S�o Paulo. A iniciativa � da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de S�o Paulo.
O monumento, concebido pelo artista e arquiteto Ricardo Ohtake, tem seis metros de altura por 12 metros de comprimento e � formado por diversas chapas de a�o. Algumas dessas chapas foram pintadas de branco e nelas est�o os nomes de 436 mortos e desaparecidos pol�ticos de todo o pa�s. As demais, de apar�ncia enferrujada, significam os diferentes pontos de partida e trajet�rias dos militantes. Transpassando a obra, uma lan�a perfura as hastes e representa as vidas perdidas durante a ditadura.
Presente ao evento, a ministra Ideli Salvatti, da Secretaria de Direitos Humanos da Presid�ncia da Rep�blica, disse que o monumento “resgata a mem�ria e a verdade” sobre o per�odo. “Todo esse resgate � de fundamental import�ncia para todos aqueles que n�o vivenciaram o momento. Resgatar a mem�ria, a verdade e fazer justi�a � de fundamental import�ncia, principalmente para as novas gera��es”, assinalou.
Um dos nomes � o de Ant�nio Raymundo Lucena, pai de Adilson de Oliveira Lucena. “Meu pai tombou em combate no dia 20 de fevereiro de 1970, em Atibaia (SP). Ele est� desaparecido at� hoje. N�o conseguimos recuperar os restos mortais, uma das lutas da fam�lia”, contou Adilson, que tamb�m foi preso pol�tico e chegou a viver exilado em Cuba. Segundo ele, o pai era militante da Vanguarda Popular Revolucion�ria (VPR) e desapareceu ap�s tiroteio em Atibaia. Adilson ainda espera que os torturadores sejam punidos pelos crimes. “Eles t�m de pagar pelo que cometeram”, revelou.
“Este � um momento muito importante, porque � um resgate da hist�ria do pa�s para as novas gera��es. � um s�mbolo para todos aqueles que lutaram pela democracia”, disse Adilson sobre o monumento.
Outro nome � o de David Capistrano da Costa, desaparecido desde 1974. Ele militava no Partido Comunista Brasileiro. “Ele desapareceu em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul. Desde ent�o, nunca tivemos not�cias dele”, informou Cristina Capistrano, filha de David. Para ela, o pai foi preso em Uruguaiana, levado para S�o Paulo e, depois, para o Rio de Janeiro. “Talvez o corpo dele tenha sido incinerado na Usina de Camba�ba, em Campos, no Rio de Janeiro, ap�s de ter passado pela Casa da Morte, em Petrop�lis”, ressaltou.
Conforme Cristina, o monumento � importante para resgatar a “mem�ria dos acontecimentos e da ditadura militar” e para “para que a popula��o, principalmente a mais jovem, saiba o que ocorreu”.
“O monumento � um marco hist�rico e tamb�m um compromisso de que a luta continua, porque a Comiss�o Nacional da Verdade n�o informar� onde est�o os corpos e quem os matou e nem responsabilizar� os que mataram. Portanto, a luta continua”, observou Maria Am�lia Teles, ex-presa pol�tica, integrante da Comiss�o Estadual da Verdade de S�o Paulo e membro da Comiss�o de Familiares dos Mortos e Desaparecidos.
Para o prefeito de S�o Paulo, Fernando Haddad, a instala��o do monumento � representativa. “Muitos �rg�os de repress�o se instalaram na regi�o do Ibirapuera, que, talvez, seja o parque mais visitado da cidade de S�o Paulo. � um gesto importante lembrar o que aconteceu em per�odo relativamente recente da hist�ria do Brasil e evitar, definitivamente, que nossa liberdade seja comprometida. Esperamos um estado cada vez mais democr�tico, participativo, livre e que os cidad�os sejam cada vez mais cr�ticos, participativos e soberanos. Para isso, s� com elei��es peri�dicas e imprensa livre”, acrescentou o prefeito.
Durante o discurso de Haddad, algumas pessoas, que vivem na regi�o do Parque dos B�falos, na capital paulista, protestaram contra aprova��o de um empreendimento imobili�rio no local. Eles pediram uma audi�ncia p�blica, com a presen�a do prefeito, para discutir o projeto. Os manifestantes informaram que a constru��o destruir� o meio ambiente e as nascentes do Parque dos B�falos.
Fernando Haddad adiantou que audi�ncia ser� realizada na pr�xima segunda-feira (15). Moradores da Favela do Moinho tamb�m protestaram durante a inaugura��o do monumento e cobraram a presen�a do prefeito na �rea. Eles reivindicaram instala��o de redes de luz, �gua e esgoto e a reocupa��o organizada do terreno. Haddad se comprometeu a visitar o local na pr�xima semana.
Tamb�m participaram da inaugura��o Paulo Vannuchi, da Comiss�o Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organiza��o dos Estados Americanos (OEA), senador Eduardo Suplicy e Rog�rio Sottili, secret�rio municipal de Direitos Humanos, al�m de vereadores, deputados e membros das comiss�es municipal e estadual da verdade.
Com Ag�ncia Brasil