Bras�lia, 11 - O general de Ex�rcito da ativa, S�rgio Etchegoyen, chefe do Departamento Geral do Pessoal, assina nota, em conjunto com a sua fam�lia, repudiando o relat�rio divulgado nessa quarta-feira, 10, pela Comiss�o Nacional da Verdade e classificando seu trabalho como "leviano". No documento, obtido com exclusividade pelo Grupo Estado, a Comiss�o responsabilizou o pai do atual chefe do DGP, o general Leo Guedes Etchegoyen, e outros 376 civis e militares, por viola��es de diretos humanos durante o governo militar, sem apontar os fatos que teriam levado �s acusa��es.
"Ao apresentar seu nome, acompanhado de apenas tr�s das muitas fun��es que desempenhou a servi�o do Brasil, sem qualquer vincula��o a fatos ou v�timas, os integrantes da CNV deixaram clara a natureza leviana de suas investiga��es e explicitaram o prop�sito de seu trabalho, qual seja o de puramente denegrir", diz a nota. "Ao investirem contra um cidad�o j� falecido, sem qualquer possibilidade de defesa, institu�ram a covardia como norma e a perversidade como t�cnica acusat�ria", prossegue a nota, acrescentando que, "no seu pat�tico esfor�o para reescrever a hist�ria, a CNV apontou um culpado para um crime que n�o identifica, sem qualquer respeito aos princ�pios constitucionais do contradit�rio e da ampla defesa". A fam�lia estuda formas de entrar na Justi�a contra o relat�rio da comiss�o.
Esta � a primeira manifesta��o de um general da ativa, que integra ao Alto Comando do Ex�rcito, a condenar a conduta da Comiss�o Nacional da Verdade. O Comandante do Ex�rcito, general Enzo Peri, foi comunicado pelo general Etchegoyen da decis�o da fam�lia de responder �s acusa��es. Oficiais da ativa n�o costumam se pronunciar em rela��o a quest�es pol�ticas, por conta de restri��es impostas pelo Regulamento Disciplinar do Ex�rcito, deixando este papel, normalmente para os militares da reserva.
Desta vez, no entanto, o rep�dio, do general veio em forma de uma nota de desabafo, de uma fam�lia que se considera atingida pela comiss�o, o que �, no m�nimo, in�dito. Oficiais consultados pelo Grupo Estado consideraram "leg�tima" a forma usada pelo general Etchegoyen e h� preocupa��o de que outras manifesta��es aconte�am.
O general Etchegoyen j� esteve envolvido em outro epis�dio em defesa do pai, que lhe custou 15 dias de pris�o, em outubro de 1983, quando era capit�o subcomandante do 3� Esquadr�o de Cavalaria Mecanizada, localizado em Bras�lia. O ent�o capit�o de 31 anos reagiu �s acusa��es � �poca comandante Militar do Planalto, general Newton Cruz, que convocou uma reuni�o com todos os cerca de 200 oficiais da �rea para atacar o funcionamento do Congresso e classificar como "incompetente", "frustrado" e "mau car�ter" quem comparecesse �s Comiss�es Parlamentares de Inqu�rito (CPIs) da C�mara ou do Senado para prestar de depoimentos. Na �poca, o Congresso noticiara que convocaria o ent�o general da reserva Leo Etchegoyen, pai do hoje chefe do DGP, para depor sobre a possibilidade de serem devassadas contas banc�rias sigilosas de brasileiros em bancos da Su��a, que Leo Etchegoyen, quando era adido militar na Su��a, constatou que era poss�vel, desde que o governo brasileiro solicitasse a provid�ncia. S� que o pedido nunca chegou.
Diante das cr�ticas indiretas ao seu pai, o ent�o capit�o Etchegoyen, interrompeu a palestra do todo poderoso general Newton Cruz, avisando que entre os que iriam depor estava seu pai. O general Newton Cruz disse que n�o sabia e foi contestado mais uma vez pelo capit�o que lembrou que n�o tinha como ele n�o saber porque aquilo estava sendo amplamente noticiado e afirmou que n�o admitia que a honra e a dignidade de seu pai fossem atacadas. Recebeu voz de pris�o de oito dias, ampliada em mais sete, depois, por ter recorrido contra a puni��o.