Paran� (Argentina), 16 - Em meio ao abalo econ�mico sofrido pela desvaloriza��o do rublo, a moeda da R�ssia, e a crise pol�tica envolvendo as investiga��es na Petrobras, a presidente Dilma Rousseff realiza nesta quarta-feira, 17, sua �ltima agenda diplom�tica do ano. Dilma receber� a simb�lica presid�ncia do Mercosul, que est� sob comando de Cristina Kirchner, presidente da Argentina e anfitri� da reuni�o do Mercosul que come�ou hoje e termina nesta quarta em Paran�, a 500km de Buenos Aires.
A viagem servir� para Dilma como uma tentativa de criar uma agenda pol�tica positiva, ainda que o bloco esteja totalmente em segundo plano na lista de prioridades do Pal�cio do Planalto.
Oficialmente, o principal objetivo desta reuni�o do Mercosul � acelerar o ingresso da Bol�via como membro pleno do bloco, formado por Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela. Mas todos os l�deres sul-americanos t�m hoje em Paran� uma miss�o particular, de agenda interna.
Se Dilma anseia uma volta � normalidade pol�tica, a anfitri� Cristina deseja que o bloco se unifique na cr�tica aos "fundos abutres" que exigem pagamentos da d�vida externa do Pa�s, renegociada em 2003. O presidente uruguaio, Jos� Mujica, far� sua despedida de encontros multilaterais. O l�der paraguaio, Hor�cio Cartes, deseja o apoio dos s�cios para a cria��o de uma zona franca em seu pa�s, semelhante a zona de Manaus, no Brasil. O boliviano Evo Morales, o primeiro chefe de Estado a chegar para o encontro ainda na segunda-feira, espera sair do encontro com a certeza de que no ano que vem seu pa�s ser� membro pleno do Mercosul.
Com a ades�o plena, a Bol�via ter� benef�cios para comprar e vender produtos entre os pa�ses do bloco, al�m de participar da defini��o de produtos que poder�o ser protegidos de importa��es, por meio da Tarifa Externa Comum (TEC). MISS�O. Segundo apurou o 'Estado', os t�cnicos do Minist�rio de Rela��es Exteriores que iniciaram as discuss�es multilaterais ontem durante as reuni�es entre chanceleres, t�m como principal miss�o uma tarefa complexa: fazer o Mercosul voltar a ganhar relev�ncia na agenda do Pal�cio do Planalto a partir do ano que vem.
Diante das crescentes quest�es internas, como a recess�o econ�mica do primeiro semestre, a realiza��o da Copa do Mundo, as elei��es presidenciais e a crise na Petrobr�s, a agenda de prioridades de Dilma para rela��es exteriores se concentrou basicamente no bloco BRICS, formado por Brasil, R�ssia, �ndia, China e �frica do Sul. A cria��o do banco dos BRICS em julho, no encontro em Fortaleza (CE), foi considerado um "gola�o" pelos diplomatas brasileiros.
Mas o sucesso dos BRICS acabou intensificando o processo de desgaste do Mercosul para o governo. Entre 2012 e 2013, o bloco ainda teve import�ncia pol�tica para Dilma, que participou ativamente de duas decis�es importantes: a inclus�o da Venezuela como pa�s membro pleno do bloco e a suspens�o tempor�ria do Paraguai ap�s o golpe que tirou Fernando Lugo do poder. O Paraguai voltou ao bloco somente ap�s a reuni�o do Mercosul em Montevid�u, em julho do ano passado, quando novamente Dilma teve envolvimento direto. Desde ent�o, Dilma teve olhos apenas para os BRICS.
Na �rea diplom�tica, a presidente tamb�m precisa definir quem chefiar� o Minist�rio de Rela��es Exteriores no segundo mandato. O atual ministro, Luiz Fernando Figueiredo, n�o deve permanecer no cargo, como informou ontem o 'Estado'.
N�o s�o poucas, no entanto, as necessidades do Mercosul. De acordo com t�cnicos brasileiros, que falaram sob a condi��o de anonimato, o bloco precisa decidir se avan�a nas discuss�es para forma��o de um acordo comercial com a Uni�o Europeia e, tamb�m, com a Alian�a do Pac�fico, formada por M�xico, Col�mbia, Peru e Chile, ou se continuar� funcionando como um f�rum pol�tico, como tem sido desde que Brasil e Argentina, os maiores pa�ses do grupo, passaram a entrar em "conflitos" tarif�rios.