Bras�lia – A ex-gerente executiva da Diretoria de Abastecimento da Petrobras Venina Velosa da Fonseca prestou ontem depoimento ao Minist�rio P�blico Federal, em Curitiba, para apresentar den�ncias de irregularidades na estatal. Na oitiva, que durou cerca de cinco horas, ela contou ter recebido amea�as – incluindo abordagem com arma – ap�s revelar desvios na companhia e reiterou que a atual diretoria da estatal sabia dos problemas em ao menos tr�s setores, mas n�o tomou provid�ncias.
Venina entregou aos investigadores da for�a-tarefa da Opera��o Lava-Jato que apura os crimes envolvendo a estatal relat�rios de auditorias, notas fiscais e comunicados internos da Petrobras, al�m do computador de seu uso. O material indicaria impropriedades na constru��o da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
No pacote levado a Curitiba, tamb�m est�o mensagens enviadas por ela � atual presidente da companhia, Gra�a Foster, e ao diretor de Abastecimento, Jos� Carlos Cosenza, nas quais alertaria para as irregularidades. “� um conjunto probat�rio que, no meu entender, mostra que houve omiss�o dolosa por parte da diretoria”, afirmou o advogado Ubiratan Mattos, que acompanhou a ex-gerente no depoimento. “Com absoluta convic��o, a diretoria sabia (das irregularidades). Tanto que ela foi ‘exilada’ para ficar longe”, acrescentou ele. O Minist�rio P�blico Federal (MPF) avaliar� se h� elementos para novas investiga��es.
Venina foi gerente e executiva da Diretoria de Abastecimento da Petrobras de 2005 a 2009. No per�odo, ela foi subordinada ao ent�o diretor Paulo Roberto Costa, que apontou, este ano, em regime de dela��o premiada, um esquema de pagamento de propina por empreiteiras, que abasteceria partidos da base aliada, em troca de contratos superfaturados de obras da estatal, entre elas Abreu e Lima.
A ex-gerente diz ter relatado os problemas a integrantes da c�pula da estatal, por e-mail, a partir de 2009, incluindo Gra�a Foster, ent�o diretora de G�s e Energia, e Cosenza. Depois disso, foi transferida para a subsidi�ria da Petrobras em Cingapura.
As irregularidades denunciadas envolvem o pagamento de R$ 58 milh�es para servi�os que n�o foram realizados na �rea de comunica��o, al�m do aumento dos custos de Abreu e Lima, cujo or�amento saltou de R$ 4 bilh�es para R$ 24 bilh�es. Ela tamb�m relatou supostos preju�zos na compra de �leo combust�vel no exterior.
A Petrobras alega que os e-mails enviados por Venina a Gra�a Foster antes de 20 de novembro de 2014 n�o tratavam dessas irregularidades. Em entrevista, a presidente da estatal disse que a ex-gerente decidiu fazer den�ncias ap�s um relat�rio interno responsabiliz�-la pelas n�o conformidades que inflaram o valor das obras de Abreu e Lima. Por conta dessas acusa��es, ela foi destitu�da do cargo de chefe da Petrobras em Cingapura em novembro e teve sua remunera��o reduzida em cerca de 40%.
A estatal tamb�m argumenta que, quando Cosenza recebeu den�ncias sobre Abreu e Lima, a responsabilidade sobre o projeto era da pr�pria ex-gerente. E acrescenta ter tomado as provid�ncias adequadas quanto os neg�cios de comercializa��o de �leo no exterior.
No depoimento de ontem, Venina reafirmou ter sofrido amea�as a partir de 2009 e descreveu epis�dio em que teria sido abordada, no Rio. “Botaram uma arma na cabe�a dela e... ‘se abrir o bico, voc� morre’”, contou o advogado. Segundo ele, tamb�m houve intimida��es por telefone.
As declara��es e documentos de Venina podem ser usados pelo Minist�rio P�blico Federal para embasar inqu�ritos e a��es penais em curso, ou mesmo novas investiga��es. Ela tamb�m tem depoimento � Justi�a marcado para fevereiro, quando ser� ouvida como testemunha de acusa��o nas a��es j� abertas pelo juiz S�rgio Moro.
ESC�NDALO DA PETROBRAS