Rio de Janeiro - A ex-gerente-executiva da Diretoria de Abastecimento da Petrobras Venina Velosa da Fonseca afirmou na noite deste domingo que informou sobre irregularidades verificadas por ela "a todas as pessoas que podiam fazer algo" e que, al�m de ter registrado suspeitas por e-mail, chegou a discutir o assunto pessoalmente com a atual presidente da estatal, Gra�a Foster, quando a executiva m�xima da companhia era diretora de G�s e Energia. "Naquele momento, discutimos o assunto. Foi passada uma documenta��o para ela, sobre as den�ncias na �rea de comunica��o (da Diretoria de Abastecimento, em 2008). Depois disso, ela teve acesso a essas irregularidades nas reuni�es da Diretoria Executiva", disse Venina.
O jornal revelou os alertas feitos por Venina, citando "centenas de documentos" internos da Petrobras. Segundo o "Valor Econ�mico", as den�ncias de Venina �s inst�ncias superiores da estatal envolviam irregularidades nos gastos de comunica��o na Diretoria de Abastecimento; nas obras da Refinaria de Abreu e Lima (Rnest), em constru��o em Pernambuco e cujo or�amento explodiu de US$ 2 bilh�es para US$ 18,8 bilh�es, ap�s in�meros atrasos; e nas negocia��es de �leo combust�vel na �sia.
Entre as pessoas informadas das irregularidades citadas por Venina na entrevista ao "Fant�stico", al�m de Gra�a Foster, est�o o ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, que assinou termo de dela��o premiada no �mbito da opera��o Lava-a-Jato; o atual diretor de Abastecimento, Jos� Carlos Cosenza; o ex-presidente da Petrobras Jos� S�rgio Gabrielli e gerentes-executivos que trabalhavam com ela � �poca.
Venina rebateu a alega��o de Gra�a de que fora vaga nos alertas feitos antes deste ano. "Se falar em irregularidades na �rea de comunica��o e problemas nas licita��es n�o est� suficientemente claro, eu, como gestora, buscaria uma explica��o. Principalmente com uma pessoa com a qual eu tinha muito acesso, porque n�s sempre tivemos acesso. Conheci a Gra�a numa �poca em que ela era gerente de Tecnologia na �rea de G�s (e Energia)", afirmou.
A funcion�ria afastada tamb�m negou que tenha sido c�mplice de qualquer irregularidade. "Eu trabalhei com o Paulo Roberto, isso n�o posso negar", disse Venina, referindo-se ao ex-diretor e hoje delator. "Se eu tivesse participado de algum esquema, n�o estaria aqui hoje, n�o teria feito a den�ncia que fiz, n�o teria ido ao Minist�rio P�blico entregar o meu computador com todos os documentos que eu tenho, desde 2002", completou a executiva.
No fim da entrevista, em tom emocionado em falar sobre a fam�lia e a mudan�a para Cingapura, Venina afirmou que ir� at� o fim nas den�ncias e conclamou outros funcion�rios da Petrobras a tamb�m denunciarem.
"Espero que os empregados da Petrobras, porque tenho certeza que n�o fui s� eu que presenciei, criem coragem e comecem a reagir. Temos que fazer isso para poder realmente fazer a nossa empresa ser o que era. A gente tem que sentir orgulho, os brasileiro t�m que sentir orgulho dessa empresa. Eu vou at� o fim e estou convidando voc�s para virem tamb�m", afirmou.
Em nota lida no "Fant�stico", a Petrobras voltou a negar que Gra�a e Cosenza tivessem sido alertados de irregularidades antes de novembro passado, reafirmou que as den�ncias feitas por Venina foram apuradas por comiss�es internas e alegou que "possivelmente, a funcion�ria trouxe a p�blico as den�ncias porque foi responsabilizada por uma comiss�o interna".