S�o Paulo – Um dos milion�rios presos na Opera��o Lava-Jato, o doleiro Alberto Youssef era, aos olhos da Receita Federal, um modesto empres�rio. No fim de outubro, Youssef concordou, como parte da dela��o premiada que fez em devolver uma fortuna de R$ 55 milh�es aos cofres p�blicos, valor que representa apenas uma parte do total por ele movimentado no grande esquema de corrup��o na Petrobras.
Em duas declara��es de Imposto de Renda Pessoa F�sica, que est�o em posse da Justi�a Federal, ele se revelou um cidad�o de poucas posses. Informou rendimentos anuais de R$ 507.196,00, em 2010, e R$ 818.781,22, em 2012. Nessa ocasi�o, ele j� era alvo da Lava-Jato e ostentava poder, influ�ncia e padr�o de vida sofisticado.
Formalmente, por�m, perante a Receita, a evolu��o patrimonial de bens e direitos do doleiro em quatro anos foi nula. Em 31 de dezembro de 2009, 2010, 2011 e 2012, Youssef afirmou possuir o mesmo valor em bens: R$ 381.226,45. O doleiro declarou ao Fisco um apartamento financiado pela Caixa Econ�mica Federal, no valor de R$ 42.500, terreno, quotas de capital de empresa e um jazigo no Cemit�rio Parque das Oliveiras, em Londrina, interior do Paran�, no valor de R$ 1.900.
O doleiro afirmou ainda ter contribu�do com a Previd�ncia Social. H� dois anos, ele declarou ter pago R$ 9.078,36 e h� quatro, R$ 2.406,96. Em 2010 e 2012, o aumento de cerca de R$ 300 mil nos rendimentos, perante o Fisco, foi acompanhado de uma “melhora de vida”. Youssef mudou de apartamento e de regi�o, em S�o Paulo.
Ele saiu da Vila Mariana para um pr�dio mais luxuoso na Vila Concei��o, ambas na Zona Sul da capital paulista. Quando foi preso, em mar�o de 2014, o doleiro mantinha um escrit�rio no segundo andar de um pr�dio comercial no Itaim Bibi, regi�o nobre na Zona Oeste da cidade. Para a Pol�cia Federal, o local era a base operacional da organiza��o criminosa que Youssef comandava.
O doleiro � alvo central da Lava-Jato, investiga��o da Pol�cia Federal sobre esquema de lavagem de cerca de R$ 10 bilh�es e corrup��o envolvendo contratos da Petrobras. Ele � r�u em seis a��es penais da Opera��o. Nas duas declara��es em posse da Justi�a, Youssef n�o informou doa��es a partidos pol�ticos, comit�s financeiros e candidatos. Os impostos foram entregues � Receita, em meio � investiga��o da Lava-Jato, que come�ou em 2008.
Em mar�o deste ano, foram apreendidos no escrit�rio do doleiro, durante opera��o da PF, cerca de R$ 1,4 milh�o, US$ 20 mil e uma nota de R$ 100, aparentemente falsa, dentro de um cofre. Havia ainda R$ 500 mil dentro de uma maleta em um cofre, 25 celulares, 10 chips lacrados e 4 abertos para os aparelhos. “O que indica a intensa preocupa��o da organiza��o criminosa investigada a fim de evitar que seus di�logos fossem monitorados”, afirma o inqu�rito da Pol�cia.
Quando foi preso, em 17 de mar�o, em S�o Lu�s, no Maranh�o, o doleiro tinha em m�os sete celulares e “grande quantidade de moeda”, segundo a Pol�cia Federal. Para a Receita, Youssef havia informado ser dirigente, presidente e diretor de empresa industrial, comercial ou prestadora de servi�o. Um empres�rio que declarou ao Fisco, em 2009, ter feito empr�stimo com a ent�o mulher no valor de R$ 25 mil.
Prote��o negada
O Minist�rio da Justi�a negou pedido da C�mara dos Deputados para garantir prote��o policial para a ex-gerente de Abastecimento da Petrobras Venina Velosa da Fonseca, que tem sustentado ter feito alertas � atual presidente da empresa, Gra�a Foster, e outros diretores sobre irregularidades na estatal. Em of�cio assinado pelo diretor-geral da Pol�cia Federal, Leandro Daiello, o Minist�rio da Justi�a informou � C�mara que cabe � ex-gerente requisitar prote��o para que a medida n�o configure abuso de autoridade ou constrangimento ilegal. A solicita��o foi feita pelo DEM ao comando da C�mara logo ap�s as primeiras informa��es de que Venina teria alertado Gra�a Foster sobre ilegalidades cometidas na Petrobras