Um dos principais l�deres da Democracia Socialista (DS), corrente do PT que ganhou espa�o nos minist�rios da presidente Dilma Rousseff, o deputado estadual Raul Pont (RS) espera do novo governo "um n�cleo pol�tico mais atuante".
Corrente de esquerda dentro do PT com for�a no Rio Grande do Sul, a Democracia Socialista acaba de assumir, com os ga�chos Pepe Vargas e Miguel Rossetto, as secretarias de Rela��es Institucionais e Geral da Presid�ncia - postos importantes que antes eram ocupados por pol�ticos mais pr�ximos ao ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva.
Por n�cleo pol�tico mais atuante, Pont entende um trabalho para que o governo deixe a "condi��o de ref�m de uma governabilidade meramente congressual".
"A grande tarefa, tanto do Pepe quanto do Miguel, � diminuir a depend�ncia de um Congresso que tem uma escassa legitimidade, fruto de um sistema eleitoral perverso dominado pelo poder econ�mico e por aus�ncia de compromisso program�tico da maioria dos partidos", analisa o ex-prefeito de Porto Alegre e ex-vice-governador do Rio Grande do Sul.
Os substitutos de Ricardo Berzoini e Gilberto Carvalho trabalharam com Dilma no Rio Grande do Sul e s�o considerados "de extrema confian�a" da presidente. "Ela tem uma confian�a muito grande por uma trajet�ria comum, pelo conhecimento, por j� ter vivido experi�ncia bem concreta com os dois ministros", conta Pont, que lembra o "contato di�rio" da presidente com Rossetto quando ele era vice-governador e Dilma era secret�ria de Energia no Rio Grande do Sul.
Mesmo com a confian�a e com a trajet�ria dos novos ministros no partido, Pont avalia que ambos foram escalados para fun��es espec�ficas e que cumprir�o as pol�ticas definidas pela presidente. "O Miguel e o Pepe v�o estar a servi�o daquela pol�tica que for constru�da a partir da presidenta. Mas n�s queremos levar a nossa experi�ncia, que ela pr�pria viveu aqui no governo do Ol�vio Dutra", diz.
Uma das maiores cr�ticas que a DS fez aos governos Lula e Dilma foi quanto ao distanciamento do partido. Raul Pont cobra mais di�logo do governo com o PT, "n�o s� com o presidente (do partido, Rui Falc�o)". "Isso n�o � o partido substituir o governo. Mas se temos que ir pra rua pedir votos, defender, eleger, temos tamb�m que ser ouvidos permanentemente", reivindica.
Um governo que dialogue mais com sua base e com a esquerda � o que o PT precisa para sair da "encruzilhada" em que se encontra, na opini�o do deputado. O aumento da rejei��o e a queda dos votos na �ltima elei��o "s�o inquestion�veis", mas n�o irrevers�veis.
"Come�a a haver uma consci�ncia de que algumas pr�ticas v�o corroendo qualquer governo", diz o deputado sobre a aproxima��o do discurso de l�deres da majorit�ria Construindo um Novo Brasil com a fala mais cr�tica historicamente feita por correntes como a DS e a Mensagem.
A disputa entre as correntes no PT foi chamada por Pont de "democracia interna" e classificada como "positiva" e "singular". "� a grande virtude que tem o PT na pol�tica Brasileira", opina.
Sobre a divis�o dos minist�rios, mesmo com a nomea��o de Pepe e Rossetto, Pont discorda que a presidente preteriu aliados de Lula na montagem da equipe neste segundo mandato. "A Dilma assumiu as r�deas deste processo e vem contemplando o conjunto do partido. N�o � verdade que houve distor��o, que correntes mais alinhadas com o Lula perderam espa�o ou est�o fora do governo. Est� l� o Mercadante, o Berzoini, o Gabas, o Chioro", enumera antes de completar: "N�s (DS) nunca reclamamos que ficamos fora".